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Elas não querem ser mães

Conheça um pouco mais da história e dos motivos de mulheres que decidiram não engravidar.

A emoção à flor da pele, os pés inchados, o sono constante, os enjoos e finalmente: a barriga crescendo. A maioria das mulheres sonha com o momento em que todas essas transformações irão ocorrer. O momento mágico e único de muitas pode ser o pesadelo de outras. De acordo com dados do IBGE de 2010, 14% das mulheres brasileiras não possuem o desejo de ser mãe.

A socióloga israelense e autora do livro “Mães Arrependidas”, Orna Donath, conta em sua obra a história de 23 mulheres que afirmam terem se arrependido do dia em que colocaram uma criança no mundo. Depois de estudar e retratar o relato de tantas mulheres, a socióloga afirma:

A noção mais difundida é a de que, se garantirmos que a mulher tenha todas as condições para ser mãe, então tudo estará bem. Mas não. Algumas mães que participaram do meu estudo tinham tudo – dinheiro, tempo, ajuda – e, ainda assim, se arrependeram.

Trecho da entrevista de Orna, concedida à revista Veja.

Com a chegada do dia das mães, a maternidade torna-se a principal pauta, mas é preciso levantar um debate e uma questão que vai além da romantização desse momento tão transformador na vida de uma mulher. Para isso, O Imparcial conversou com algumas mulheres que também decidiram não engravidar.

Danyelle Sousa tem 22 anos e ex-aluna do curso de Psicologia e conta que depois de passar por um aborto, teve certeza da decisão de que não queria ser mãe, mesmo tendo um ótimo relacionamento com crianças.

Já não me imaginava sendo mãe antes, depois que engravidei e ocorreu o aborto, fiquei com mais trauma ainda.

Conta Danyelle.

Outra entrevistada foi Cristiane Lumena, de 21 anos, DJ e estudante de jornalismo que conta que sempre buscou independência financeira, sexual e amorosa. Para ela, o ensinamento de buscar primeiramente a carreira antes de pensar em filhos e casamento veio da mãe.

Entretanto, mesmo para quem nunca teve o sonho da maternidade, como Cristiane, a pressão para engravidar existe. No caso da DJ, ela afirma que não sofre com pressão familiar e que não se deixa abalar com a social, mas que já sofreu com isso dentro de relacionamentos.

A maior pressão que já senti foi em relacionamentos. Algumas mulheres que namorei queriam filhos e eu sempre disse que não queria (…) Acho a maternidade muito romantizada. A mulher tem que abrir mão de muita coisa quando se torna mãe e isso devia ser uma decisão dela e não por imposição social.

Cristiane conta que não é muito próxima de crianças, que não tem afinidade e mesmo sendo louca pela irmã de apenas um ano, não sente o instinto materno. Ela explica que não é porque não gosta de cuidar e sim porque não gostaria de sacrificar sua vida por outra que vai depender dela para tudo.

Gosto de brincar, abraçar e logo depois devolver pra mãe.

Conclui ela.

No caso de Maria José Santos, de 49 anos, empregada doméstica desde os 11, o sonho de ser mãe de uma menina existiu até a adolescência, mas com o cotidiano da profissão ela acabou desistindo.

Maria José e Maria Beatriz Benetti.

Perdi minha mãe muito cedo, fui dada para uma tia e ela me deu para uma família, isso nos anos 80. Fui trabalhar como babá aos 11 anos com essa família e desde então moro com eles. Como sempre cuidei de crianças, vi como era trabalhoso, então decidi que ser mãe não era minha praia Sempre pensei que sozinha poderia me virar e com filhos seria muito difícil. (…) Pode parecer egoísmo da minha parte, mas eu gosto de ser livre.

Maria José com João Victor e João Marcelo.

Maria conta ainda que, para ela, os dois meninos que ela cuidou quando babá se tornaram seus filhos do coração. João Marcelo e João Victor Veloso são irmãos e Maria já está na família deles há 37 anos. Além dos dois, ela fala que sua joia rara é Maria Beatriz, filha de João Marcelo.

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