Justiça mantém condenação de Danúbia Rangel, mulher do traficante Nem da Rocinha
Danúbia de Souza Rangel, natural de Peri-Mirim, no interior do Maranhão, cumprirá pena de 17 anos e quatro meses de prisão em regime fechado. Ela era conhecida como a Xerifa da Rocinha e comandava o tráfico na região
A Justiça do Rio de Janeiro manteve a pena de 17 anos e quatro meses de reclusão, em regime fechado, para Danúbia de Souza Rangel, mulher do traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha. Ele cumpre pena em prisão federal fora do Rio.
No julgamento da apelação, a mulher de Nem foi absolvida do crime de tráfico de entorpecentes. A defesa tinha pedido a anulação do processo oriundo da 40ª Vara Criminal, em que Danúbia figura com outros 28 réus.
Na decisão, o desembargador Sidney Rosa da Silva, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, relator do processo, indeferiu o pedido de prisão domiciliar da acusada, feito pelos advogados. Eles alegaram que ela tem filho menor.
Tráfico na Rocinha
“Tem-se que a apenada faz parte de uma violenta associação criminosa de traficantes da comunidade denominada Rocinha, e que, por certo, a criação da criança, que é feita pela avó, conforme tomamos conhecimento em inúmeros habeas corpus já julgados nesta Câmara, somente trará malefício à criança, pois a fará conviver no local onde se praticam os crimes”, disse o magistrado.
O desembargador citou a frequente disputa pelo tráfico de drogas, mantida na Rocinha, por Nem, que disputa espaço com a quadrilha de Rogério Avelino de Souza, o Rogério 157.
“Observa-se que a ré e o seu marido, ambos condenados, são os chefes daquela organização criminosa que, inclusive, encontra-se em guerra com outra organização de natureza igualmente criminosa, sendo certo que esta guerra não foi possível ser debelada nem mesmo com a atuação do Exército Brasileiro, que, embora presente em várias oportunidades, não conseguiu conter e muito menos acabar com a mesma [guerra]. Dessa forma, até por medida de proteção à criança, entendo por indeferir o pleito de prisão domiciliar”, decidiu o desembargador Sidney Rosa.
Guerra de facções
Presa desde o dia 10 de outubro de 2017, Danúbia era um dos principais pivôs da guerra entre traficantes que atingiu a comunidade da Rocinha em setembro do ano passado.
Na época, criminosos ligados a Nem tentaram invadir a favela, para retomar o controle, após Danúbia ter sido expulsa do local pelo ex-segurança de Nem, o tracante Rogério Avelino da Silva, o “Rogério 157”.
Danúbia era quem dava as ordens no tráfico, a mando de Nem, até perder o poder para Rogério 157. Por causa da guerra entre os dois grupos, o governo federal autorizou o envio de tropas das Forças Armadas para reforçar as operações das polícias Civil e Militar.
A Xerifa da Rocinha, como gostava de ser chamada, foi presa por por agentes do 39º Distrito Policial (Pavuna) na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro.