Conheça o treinamento dos futuros oficiais da Polícia Militar
Garra, força, hierarquia e disciplina. Essas palavras definem o dia a dia dos futuros oficiais da Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias
Enquanto grande parte da população ainda está acordando, eles estão de pé. Enfileirados, os futuros oficiais da Polícia Militar do Maranhão se posicionam metricamente. Com cálculo certo, aos poucos, cada um toma seu exato lugar. Quando a corneta toca, começa o longo dia dos aspirantes a oficiais.
Corrida, tiro, aula de defesa pessoal e câmara de gás são algumas das atividades práticas que os 52 alunos exercem diariamente na Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias (APMGD). Mesmo com toda adrenalina, o treinamento desses profissionais abrange bastante teoria. Leis, comportamento, história e sociologia fazem parte de um currículo de mais de 5 mil horas, que devem ser cumpridas em pouco mais de 4 anos.
A cadete Camila entende bem essa realidade. Membro de uma família de policias, escolheu seguir a mesma carreira. “Vi que estava no sangue isso e optei por fazer CFO”, lembra a cadete. No terceiro ano da academia, Camila divide o tempo entre as atividades práticas e a UEMA.
“Temos, desde 1993 uma parceria com a Universidade Estadual do Maranhão que propicia ao nosso aluno o contato com o mundo acadêmico. Lá, eles tem disciplinas que contemplam a questão administrativa, gestão, a parte jurídica que são elementos indispensáveis para atividade policial moderna”, explica o chefe da Divisão de Ensino, Tenente Coronel Washington. Para ele, são essas disciplinas que irão formar os futuros gestores da academia.
Polícia militar humanizada
Segundo o Tenente Coronel Washington, o ensino desses policiais não é pautado na violência. “Não existe mais espaço para violência na Polícia Militar. Afinal de contas, o policial é fruto de nossa sociedade. Aqui nós trabalhamos de forma humanizada, temos muitas disciplinas voltadas para questão de direitos humanos, cidadania e policiamento comunitário”, afirma o tenente.
Para a aspirante a Oficial da PM, Tágora, o treinamento dos policiais militares está cada vez mais humanizado. Ela apoia e gerencia as poucas mulheres do curso e acredita que há um cuidado maior com esse policial. “O nosso treinamento é forte, mas não quer dizer que atinja a dignidade de alguém”, comenta.
Abordagem policial
O cadete Brito ressalta que devido a uma carga histórica, as pessoas ainda têm muito medo da polícia no Brasil. “A população tem que entender que a abordagem faz parte do nosso trabalho. Nunca vamos saber se um cidadão é suspeito ou não se não perguntarmos. Por desconhecer nosso trabalho, as pessoas ainda tem medo da gente”, lembra.
Para o comandante da APMGD, Raimundo Nonato Santos Sá, o ensino desses policiais acompanha diversas mudanças sociais. “Nós ensinamos eles, meninos, a tratar o outro como gostariam de ser tratados. Sempre falo que antes de qualquer ação, devem pensar”, alerta o comandante.