ESTUDOS

Enem 2018: 5 temas de redação que podem cair no exame

Professor Felipe Ribeiro aponta cinco assuntos para ficar ligado para o Exame Nacional do Ensino Médio

Foto: Reprodução

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é só no final do ano, mas, para quem vai fazer a prova, a preparação começa desde já. Assim, os estudantes já devem ficar atentos a algumas atualidades que podem estar presentes nas questões do exame, que está marcado para os dias 4 e 11 de novembro. Felipe Ribeiro, professor e editor do sistema de ensino COC by Pearson, aponta cinco temas para deixar no radar:

1 – Convergência de Mídia

A cultura da convergência, proposta por Henry Jenkins, está relacionada, mas não se limita, à hibridação de novas e velhas mídias, fenômeno que implica na reconfiguração, reapropriação e intercâmbio de conteúdos entre indústria, comércio, serviços, público e, principalmente, tecnologias. Nesse contexto, a convergência de mídia pode ser observada na tendência de os meios tradicionais de comunicação aliarem a internet e todo o suporte que ela oferece ao seu negócio, a fim de ampliarem seu alcance e estarem mais presentes no mundo online, ao qual as pessoas passam cada vez mais tempo conectadas.

Isso ocorre, entre outros fatores, porque os meios de comunicação tradicionais têm perdido espaço para a internet, com audiência e número de assinaturas diminuindo rapidamente com o passar dos anos. Assim, eles têm se apropriado do mundo digital para reconquistarem espaço e confiança do público. A consequência disso é que o fluxo de conteúdo entre as plataformas é acompanhado de migração dos públicos, ocorrendo um cruzamento entre mídias alternativas e de massa.

“A tecnologia vive em constante aperfeiçoamento e nós temos que acompanhar esse movimento diariamente. As mudanças culturais resultantes da convergência de mídia devem estar no radar dos candidatos, pois podem ser cobradas nas questões da prova ou mesmo na redação”, ressalta Ribeiro.

2 – 50 anos do “ano que não terminou” (1968)

O ano de 1968 foi marcado por acontecimentos em plena efervescência da ditadura militar. Passaram-se 50 anos desde que estudantes foram mortos e presos e que passeatas de intelectuais e religiosos tomavam as ruas e sofriam intensa repressão policial.

Isso tudo, aliado ao decreto do Ato Institucional Número Cinco (AI-5), o mais severo dos AIs emitidos pelo presidente da época, Artur da Costa e Silva, teve como resultado a perda de mandato dos parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo presidente e a permissão para tortura, bastante utilizada pelo Estado naquele tempo, o que fez o ano de 1968 ficar conhecido como o ano que não terminou.

“Historicamente, esse ano foi um marco para o povo brasileiro. Por conta dos 50 anos desse período de intensas manifestações estudantis, o Enem pode cobrar conhecimentos sobre essas questões”, conta o professor.

3 – Ativismo judicial

Se antes, assim como futebol e religião, dizia-se que política era um assunto que não se discutia, atualmente esse é um dos temas mais presentes no dia a dia dos cidadãos, e não apenas nos noticiários.

O Poder Judiciário também tem entrado nesse assunto e é cada vez mais frequente a emissão de opinião política dos agentes desse Poder, o que gera assíduas discussões e testa o equilíbrio dos poderes. O ativismo judicial ocorre quando o judiciário muda interpretações de leis, especialmente da Constituição, para favorecer posições políticas, expandindo o sentido e o alcance das leis. Isso, muitas vezes, é visto como intromissão do Judiciário no Legislativo e no Executivo.

Paralelamente, há a judicialização da política, quando questões sociais são resolvidas no Judiciário, que dirime conflitos e transfere decisões dos outros poderes, de modo a estabelecer normas e condutas a serem seguidas por todos os poderes.

É importante notar que o ativismo judicial nem sempre é visto como prejudicial, uma vez que ele acaba por concretizar direitos fundamentais sociais.

“Não só por ser um ano de eleição, mas por todo o contexto brasileiro político e econômico dos últimos anos, os assuntos relacionados à política e poder devem ser bastante cobrados na prova”, explica Felipe Ribeiro.

4 – Negacionismo

O termo negacionismo surgiu logo após a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, em um contexto em que um grupo pregava a ideia de que o Holocausto era invenção e nunca teria acontecido. Atualmente, esse termo é utilizado para nomear grupos que, por diversas razões, não aceitam teses consensuais amparadas em fatos e estudos.

Nos últimos anos, diversas teorias científicas, com robustas evidências a seu favor, vêm sendo contestadas por grupos sociais que não necessariamente fazem parte da comunidade científica. Um movimento que ganhou força nos últimos anos foi o dos “terraplanistas”, pessoas que sustentam que a Terra é plana e que todo o resto é uma mentira inventada pela Nasa e pelos governos.

“Este é um tema com bastante potencial para ser abordado nas questões de Ciências da Natureza do Enem. Os candidatos devem estar atentos às discussões que ocorrem sobre isso, para que possam reconhecer argumentos válidos utilizados por cada grupo”, afirma Ribeiro.

5 – Fake News, eleições e democracia

Com as fontes de informação cada vez mais descentralizadas e o boom das redes sociais, a velocidade para que uma notícia se espalhe mundialmente é infinitamente menor do que 15 anos atrás. Isso faz essa prática, que não é nova, ganhar novamente os holofotes e gerar diversas discussões sobre realidade e mentira.

Neste ano, o mês de outubro será marcado pelas eleições presidenciais no Brasil. Assim, este deve ser um assunto bastante abordado pelos candidatos, tomando como base os debates que envolveram o tema nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016.

“Discutir as relações entre fake news, defesa da democracia e o cenário eleitoral brasileiro será um grande desafio para quem for prestar a prova. Isso porque este tema deve ser abordado em algumas questões, pedindo contextualização do estudante”, finaliza o professor.

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