CARNAVAL

Tatuapé busca bicampeonato com enredo sobre o Maranhão

O carnavalesco, Wagner Santos, revelou que a ideia de fazer um enredo sobre o seu estado natal surgiu após receber o convite do presidente da escola

Foto: Reprodução

Um enredo que pudesse traduzir o fascínio, a magia do Maranhão, através da singela fidalguia de seu povo, da riqueza de seu meio ambiente e da expressiva diversidade de seu patrimônio cultural. Foi esse o nosso propósito, ao conceber e delinear o projeto deste enredo, que se constitui, antes de tudo, num terno afago no corpo dessa cidade cativante, de codinomes aparentemente tão antagônicos como Ilha do Amor, Ilha Rebelde, Cidade dos Azulejos, Athenas Brasileira, Terra das Palmeiras e atualmente Jamaica Brasileira”. Assim começa a sinopse do enredo Maranhão, os Tambores vão Ecoar na Terra da Encantaria, da Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, atual campeã do Grupo Especial de São Paulo para o carnaval 2018.

De autoria do carnavalesco Wagner Santos, o enredo da Acadêmicos do Tatuapé vai levar para o Sambódromo do Anhembi, localizado no distrito de Santana, na Zona Norte da cidade paulista, as belezas e riquezas culturais do Maranhão, que começa com o sonho francês na Ilha de Upaon-Açu e suas lendas e mistérios, como, por exemplo, a carruagem de Ana Jansen, passando pelos Lençóis Maranhenses e a lenda de Dom Sebastião, exaltando ainda a religiosidade da Festa do Divino, de Alcântara, e dos romeiros de São José de Ribamar, além do bumba meu boi, e os tambores que ecoam nas casas e terreiros de matrizes africanas.

Wagner Santos, que é maranhense, revelou que a ideia de fazer um enredo sobre o seu estado natal surgiu após receber o convite do presidente da escola, que, atualmente, é presidida por Eduardo dos Santos. “Procuramos não excluir deliberadamente nada que fosse representativo à compreensão do perfil de nossa composição étnica, passando pelos ritos devocionais, de sentido religioso, até as festas populares, de caráter mais essencialmente profano. Do mesmo modo, tentamos reunir aqui a força criativa com que o homem interpreta a realidade para transformá-la, sob as mais diversas formas de manifestação artística, com motivações utilitárias ou estéticas, mais pelo seu significado expressivo do que pelo seu conteúdo formal. De modo que, com esse sentido de abrigar, de reunir, pudéssemos ir materializando a alma da cidade, para entregá-la às pessoas, da forma mais artística e plasticamente perceptiva”, contou o carnavalesco.

Na avenida paulistana, o samba composto por Fabiano Tennor, Mike Candido e Luiz Fernando Ramos e que será cantado pelo puxador Celson Mody vai mostrar o centro dessa emoção, o homem, como seu agente principal, como fim último, e seu meio ambiente, donde retira a sobrevivência, a partir das águas do mar, dos rios, dos mangues, da flora e da fauna, da sabedoria da cura pelas ervas do mato, do sabor das frutas de época, do tempero quente da culinária, da melodia dos versos de seus poetas, artistas, cantores e compositores, e do canto sonoro de seus pássaros. “O homem e seu meio urbano. A presença da cidade e a imponência de suas formas arquitetônicas, provindas do Império, com o ecletismo, da República e a singeleza de suas moradias populares”, diz a sinopse do enredo.

Wagner Santos revelou ainda que, para compor o enredo, foi realizada uma minuciosa pesquisa sobre o estado e seus habitantes, buscando mesmo, no subsolo cultural de seu povo, os fetiches, na simbologia das danças e dos ritos. “Optamos pela linguagem carnavalizada, tão rica pela sugestão de suas cores e formas, para eternizar as emoções mais profundas, colhidas nos flagrantes que o cotidiano nos ofereceu. Registramos os elementos mais simbolicamente significativos dessa cultura, por representarem herança histórica, por serem referenciais de decisiva importância à compreensão da natureza, dos usos e costumes dos habitantes. Vamos conhecer um pouco de seus encantos, culturas, tradições que existem em São Luís e no estado do Maranhão, pouco conhecido dos brasileiros. Estamos contribuindo para a preservação de nossa memória e de nossa identidade cultural do nosso povo, do nosso Brasil”, explicou o carnavalesco.

S. J de Ribamar como destaque na avenida

Foto: Reprodução

A religiosidade, cultura e belezas do município de São José de Ribamar serão homenageadas pela escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, durante o desfile deste ano. “É difícil até segurar a emoção. Após 65 anos de emancipação, a cidade é lembrada e ganha de presente uma homenagem da atual campeã do Carnaval de São Paulo em 2017, e tudo isso sem custo ao município. A grandiosidade do ato, além de colaborar diretamente no processo de reconstrução da cidade, ainda vai possibilitar a promoção do nosso destino turístico para mais de 170 países do mundo”, detalhou o prefeito.

“Não escolhemos, fomos escolhidos”, completou o prefeito, “e isso claro, em razão de toda a singularidade de nossa história que, a partir de agora, ganha um extraordinário destaque. De parabéns a Acadêmicos do Tatuapé por tão grande sensibilidade em capturar o sentimento de nossa gente e transpor para o samba-enredo da escola, a religiosidade da nossa terra”, finalizou.

Para o desfile de 2018, a escola leva para o Sambódromo do Anhembi mais de três mil componentes que estarão divididos em 23 alas, cinco carros alegóricos acoplados que remetem ao número de dez, destacando a religiosidade, os romeiros que visitam o destino, além do arco que anuncia a passagem da cidade na avenida. A Acadêmicos do Tatuapé entra na avenida na sexta-feira (9) gorda de carnaval. Pela ordem do sorteio, a escola campeã do carnaval de 2017 será a quinta do grupo especial a desfilar na avenida. Para o carnavalesco Wagner Santos, ter o Maranhão como enredo foi “uma missão desafiadora”. Segundo ele, a responsabilidade se torna ainda maior em razão da busca pelo bicampeonato da escola. “Me sinto muito feliz pela escolha do tema, porém, é uma dupla missão. Estamos buscando o bicampeonato e contando a história da cultura e das belezas de uma terra que tem como padroeiro São José de Ribamar, que atrai milhares de romeiros todos os anos, mas vamos em busca de mais um sonho”, detalhou o maranhense que, sempre que vai à terra natal, visita a cidade balneária. Além de três vezes vice-campeão e um dos mais premiados carnavalescos de São Paulo, Wagner Santos, que já cantou o Maranhão em 2010, pretende consagrar a carreira vitoriosa conquistando seu primeiro título pela escola Acadêmicos do Tatuapé.

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