“Me senti mais segura com a intérprete do lado”, disse mãe
A dona de casa contou com o auxílio de interprete para pessoa com deficiência auditiva durante o parto no Hospital e Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão
“Estou me sentindo muito bem. O acolhimento do hospital foi muito bom. Me senti mais segura com a intérprete do lado. Nas outra vezes que precisei não tive suporte, foi bem melhor agora”, disse Maria Lúcia Sousa, mãe do pequeno Michael. A dona casa contou com o auxílio de intérprete para pessoa com deficiência auditiva durante o parto e acompanhamento dos profissionais do projeto Saúde em Libras no Hospital e Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, da rede da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
O Projeto Saúde em Libras, ação integrada da secretaria de Estado da Saúde (SES) e Escola Técnica do SUS, tem garantido que um dos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS), a universalidade, se fortaleça no Maranhão. O projeto pioneiro no estado já tem garantido que mulheres surdas tenham o acompanhamento profissional que se expresse em Libras em maternidades de São Luís.
Através do projeto, profissionais de saúde das unidades estaduais, sejam elas de urgência e emergência, alta complexidade ou saúde mental, dentre outros, participam de treinamento para se comunicar na Língua Brasileira de Sinais (Libras), qualificando o atendimento de pessoas surdas na rede pública estadual de saúde. Inicialmente, o curso está sendo ministrado a 90 profissionais ligados às maternidades em São Luís.
“As políticas públicas em saúde precisam levar em consideração as singularidades dos diversos públicos que acessam os serviços. Ao atender as necessidades desse grupo específico, a gestão do governador Flávio Dino reconhece a cidadania da pessoa surda, garantindo atendimento mais resolutivo. Começamos pelas maternidades, mas vamos expandir para outras unidades gradativamente”, destaca o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula.
As aulas de libras acontecem duas vezes na semana para duas turmas distintas com profissionais das maternidades de Alta Complexidade do Maranhão, Benedito Leite e Nossa Senhora da Penha.
“Estamos trabalhando mais os sinais aplicados no contexto da saúde, sinais mais específicos para cada especialidade. Com esse trabalho, estamos ajudando as pessoas que buscam atendimento e têm essa necessidade de uma linguagem diferenciada”, explica a professora de Libras, Antônia Elke.
Maria Lúcia foi assistida pela equipe multiprofissional do Hospital e Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, composta por enfermeira, assistente social, técnica de enfermagem e fisioterapeuta, capacitadas pelo Programa Saúde em Libras.
Acolhimento e segurança
Para a supervisora de atendimento do Hospital e Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, Maria de Nazaré Teixeira, ter o acompanhamento de um profissional que entenda e se expresse em Libras garante mais segurança à paciente, que se sente acolhida em sua totalidade e tem a certeza de que será entendida.
Do pré-natal ao parto
Maria de Nazaré foi a profissional que fez o acolhimento na segunda-feira (19) da parturiente Maria Lúcia Sousa, que deu a luz ao pequeno Michael, que nasceu de um parto cesáreo com 56 cm e 4,8kg. Foi o segundo parto realizado no Brasil com o acompanhamento de intérprete de libras na rede pública de saúde – o primeiro aconteceu ano passado também na unidade de São Luís.
“A Maria Lúcia já estava fazendo todo o pré-natal conosco com o acompanhamento de intérprete. Ela chegou à unidade em trabalho de parto e fui acionada para fazer o acolhimento. É gratificante poder participar de um projeto inovador desse, porque já tivemos dificuldades no passado em atender esse público. O curso de educação em Libras facilita muito nosso trabalho”, relata a supervisora.
O terapeuta ocupacional Márcio Moraes de Farias é um dos profissionais que está aprendendo Libras para atender na rede pública estadual de saúde. Ele acredita que, como a comunicação é a base do atendimento em saúde, com a qualificação, será mais fácil atender as demandas dos surdos no estado. “Essa comunicação direta deixa o paciente mais seguro quanto ao atendimento. Com o curso vamos atender este público cada vez melhor. É uma forma de promover a inclusão”, ressalta.