Veneto e Kabão: os bares ícones das noites de São Luís
Conheça um pouco da história dos bares mais famosos de São Luís.
O Veneto
A barba farta e o olhar minguado podem assustar os primeiros frequentadores que se deparam com o dono do bar. Mas Denilson (como prefere ser chamado) é um sujeito plácido, que sustenta um sotaque sulista – herança de sua infância em Porto Alegre – e nada tem de aterrorizante.
Antes de ser dono, Denilson era frequentador. E foi em uma de suas incursões noturnas que, em 2006, conheceu o bar que seria seu, anos depois. “O antigo dono não administrava o lugar muito bem. Acabou que ele colocou à venda. Eu comprei para transformar em um bar de rock”, disse o futuro Venetão.
A ideia de montar um bar temático vingou. O Veneto Bar hoje soma anos de sucesso e finais de semana de muita lotação. O local se tornou um ponto cultural de São Luís. Perguntado sobre a fórmula do sucesso, o Venetão é taxativo: “É que aqui é diferente. Dificilmente tu vai ver gente aqui toda arrumada. Aqui o cara tá em casa.”
A despeito de ser um bar temático para o público roqueiro, o Veneto Bar alcançou outros públicos. “As pessoas param o carro na porta do bar e ouvem axé, forró. Hoje, se você chegar aqui numa sexta-feira, tem uma multidão aí fora.”
Como bom empreendedor, Denilson colocou em seu negócio o que leva como filosofia de vida. “Se for pra me arrumar, eu nem saio de casa. A filosofia do Veneto é desmistificar a ideia de que para sair de casa, a pessoa tenha que se arrumar.”
O Kabão
Nascido em Cantanhede (MA), filho de lavradores, José Martinho, decidiu, ainda adolescente, tentar a vida na capital. Em São Luís, após trabalhar como ajudante de pedreiro, decidiu concorrer a uma vaga para a Polícia Militar do Maranhão. “Naquela época o concurso para policial não era tão concorrido assim. As pessoas sem escolaridade que faziam”, confessou.
O apelido famoso que daria nome a um dos bares mais populares de São Luís, foi adquirido durante uma ação policial. “Foi em uma briga. Os dois caras queriam se matar com um facão. Eu entrei no meio e peguei o facão dos dois.” O ato heroico deixou José Martinho comentado na corporação. “Aí começaram a dizer: ‘se esse cabo não fosse grande, se não fosse um cabão, tinha tido morte’”, contou.
Anos depois, Martinho decidiu iniciar um empreendimento: um bar. Ao solicitar a opinião de um amigo sobre qual nome deveria colocar no letreiro, não concordou com a sugestão: “Ele disse para eu colocar Bar do Kabão, pois todos me conheciam assim. Eu disse ‘que bar de Kabão, rapaz?’”.
Mas assim ficou. O Bar do Kabão funcionava onde hoje é localizado Terminal de Integração da Praia Grande. Nos anos 90, foi foi realocado para a área do Aterro do Bacanga. “Como eu comecei a me envolver com política [Kabão foi vereador e prefeito de Cantanhede por dois mandatos] em minha cidade, ganhei alguma influência. Consegui esse local para continuar meu negócio”, disse.
Com mais de 20 anos em atividade, a Choperia Kabão é lugar assíduo de ouvinte e dançarinos de seresta. O lugar se tornou folclórico na cidade. Sobre o sucesso, Kabão é sintético: “Você tem que trabalhar muito. E estudar. Só existem essas duas saídas.”