CARREIRA

O que motiva as pessoas a serem Policiais Militares?

O Imparcial percorreu alguns cursinhos preparatórios em São Luís, no fim de semana de revisão, para conversar com estudantes sobre o que os motiva a serem policiais militares

Foto: Luís Furtado

Após alguns meses de preparação e muito estudo, os candidatos do concurso da Polícia Militar do Maranhão realizaram as provas objetivas na manhã e tarde de ontem (17) em todo o estado. Aos que forem convocados aos cargos em nível médio e superior, os salários variam entre R$ 4.019,62 e R$ 6.913,74.

Quando se observa a remuneração e, ao mesmo tempo, se dá conta do cenário de crise e instabilidade econômica pelo qual o país passa, todo o esforço para conseguir aprovação em certames públicos parece valer a pena. Salas de cursinho sempre lotadas de pessoas motivadas pelo desejo de alcançar estabilidade.

As provas realizadas ontem servirão para qualificar os candidatos a se tornarem policiais militares. Quando convocados, eles passarão a se portar como agentes da sociedade, se sujeitando a grandes riscos. Mas será que a maioria dos candidatos conhece as atribuições de um PM? Será que estão preparados para a responsabilidade que virá após a aprovação?

A reportagem de O Imparcial percorreu alguns cursinhos preparatórios em São Luís, no fim de semana de revisão, para conversar com alguns estudantes sobre o que os motiva a serem policiais militares. Salários? Carreira? Estabilidade? Realização pessoal? Nas salas dos cursinhos visitadas, uma particularidade: a maioria dos que estavam se preparando eram jovens. A faixa etária variava entre 19 e 25 anos.

Motivações

O Jadson Sarges, de 24 anos, que trabalha como motorista revela que salário foi a primeira coisa que o motivou a se inscrever e se preparar. “Eu não vou mentir, o salário foi o que me chamou atenção. É uma remuneração considerável e ajudaria muito nas despesas. Ter estabilidade é o que todo mundo está procurando porque os dias de hoje estão difíceis”, expõe.

A Josy Silva tem 25 anos, mora com os pais e vê no concurso a oportunidade de conseguir a tão sonhada estabilidade. “Dar alegrias para meus pais, conseguir estabilidade e o salário, que não é nada mau. Fora que você aprende muita coisa sobre responsabilidade, ética e cidadania”, diz.

Realizando um sonho de infância, Maykison de Matos, 24, também fez as provas no último domingo. Idealizador por natureza, ele comenta que o concurso pode ser um divisor de águas em sua vida. “Eu sempre quis, desde criança, ser PM. Sei que o salário vai ser bom, mais a sensação de que posso ajudar a diminuir os problemas da minha cidade”, revela.

Mas quando questionados sobre o que eles esperavam quando estivessem dentro da corporação, trabalhando como agentes da Segurança Pública, os três tiveram dificuldade para responder. “Eu não sei o que me espera. Nunca parei para pensar ou pesquisar sobre isso. Bem, não saberia responder”, relata Josy Silva.

“A gente projeta tanta coisa, não é? Estabelece algumas metas, tipo a aprovação, mas não se dá conta do que pode fazer dentro da corporação. Sei que a gente pode ir para a rua, fazer revistas, ir em operações, mas não saberia dizer como lidaria com tudo isso”, respondeu, preocupada, Thamires Mafra, de 22 anos.

Ser humano, só que fardado

O Imparcial conversou com dois policiais militares para entender melhor a rotina desses agentes que trabalham em prol da segurança da população. O Igor Sales, de somente 23 anos, é soldado há quatro, desde os 19 anos. O militar trabalha durante a noite e nos fins de semana para compensar as horas perdidas. É que o PM se desdobra entre a vida de policial e universitário.

“Há muito tempo tinha este desejo. Para falar a verdade, desde minha infância quis ser militar. No mesmo ano da aprovação, fui aprovado em outros concursos para carreira militar, porém optei pela PMMA, por ficar perto da família e terminar meu maior sonho que era ser farmacêutico”, descreve.

“Trabalho apenas à noite e aos fins de semana. Compenso as horas de liberação para a faculdade. Dia sim, dia não, pego serviço às 19h e largo às 7h do dia seguinte. Fim de semana eu fico à disposição do batalho para compensação de horas”, continua.

Mariel Dias, que também está na corporação há pouco mais de quatro anos, declara que, em muitos momentos, precisou lidar com as aflições sofridas pela família. “É complicado porque saímos de casa, mas é sempre uma incerteza. O mundo está cheio de coisas ruins e nós devemos combater essas coisas, mas não estamos isentos de nada. Mas acho que hoje nós conseguimos lidar bem com tudo isso, mas não é fácil”, garante.

Realidades

Sobre situações de risco, Igor Sales comenta que são inevitáveis. “Houve um dia que apreendemos um estudante que estava fardado, dentro do ônibus, portando uma arma de fogo. Ele já tinha uma ficha extensa de delitos registrados. Naquele dia percebi que o risco de morte é tanto para a população quanto para nós”, registra.

Mas a experiência como policial traz coisas muito positivas para quem veste a farda e trabalha diuturnamente para manter a segurança e bem-estar social. É o que destaca Igor Sales. “No curso de formação, eles nos dão uma ideia acadêmica do que é ser policial, principalmente pautado na legalidade. Porém, para mim, além disso, o policial acaba se tornando uma figura pública e, por isso, deve ter uma postura e saber desenrolar diversas situações que são apresentadas no dia a dia”, pontua, e acrescenta: “A gente aprende no curso, mas durante a convivência com colegas mais experientes, aprendemos lições incríveis. Sempre devemos ser imparciais e ganhar a amizade da comunidade em que trabalhamos, pois em algum momento ela nos retribuirá de forma carinhosa e receptiva”, finaliza.

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