Lideranças políticas buscam apoio governamental
Lideranças políticas antes ligadas ao grupo Sarney buscam e aliança governamental para eleições de 2018
Ao comentar no programa Fatos e Versões, da Globo News, o jornalista Vandson Lima, do Valor Econômico, soltou uma bomba, com ampla repercussão no Maranhão. Ele revelou que a família Sarney encontra dificuldade em emplacar candidaturas para cargos majoritários em 2018. Acrescentou que o ministro Sarney Filho (PV) “trabalha para que o candidato da família ao governo do Maranhão seja o senador Roberto Rocha”, que há três semanas retornou ao PSDB, depois de consolidar uma cruzada para desmanchar o diretório regional, presidido pelo vice-governador Carlos Brandão. A revelação de Vandson é mais um lance esquisito no campo em que está em jogo a eleição de governador em outubro.
Zequinha Sarney trabalha, desde o começo do ano, para ser candidato a senador, depois de 35 anos como deputado federal e quatro na Assembleia Legislativa do Maranhão, para onde foi eleito em 1978, com apenas 21 anos. Inicialmente, Roseana Sarney, que já foi governadora quatro vezes, com 14 anos no total à frente do Palácio dos Leões, não demonstrava interesse na nova empreitada contra o arqui-inimigo político da família, Flávio Dino. O marido Jorge Murad também não compactuava com a ideia. Porém, ela vem sendo pressionada pelos irmãos, o pai e o grupo político, especialmente, os peemedebistas João Alberto e seu colega de Senado, Edison Lobão, que sonha em retornar ao mandato em 2019.
O PMDB de Roseana ainda não sinalizou com nenhum nome para disputar a sucessão de Michel Temer, a não ser o próprio, que imagina recuperar a imagem pessoal e a confiança no mercado que o ajudou a derrubar Dilma Rousseff, mediante a aprovação da reforma da Previdência. Diante de tal incerteza, não seria nada absurdo imaginar que Roseana ainda não está totalmente entusiasmada com a candidatura ao governo. Em conversa, semana passada, com O Imparcial, a ex-governadora disse, meio desanimada, que ainda nem começou a percorrer os municípios, pois o seu nome é conhecido de todos, o que facilita a campanha no tempo certo. Seu “comitê” temporário está operando na residência do pai, José Sarney, no bairro Calhau.
Corrosão na base
Enquanto isso, Flávio Dino chega a percorrer até 10 municípios em um só dia, entregando obras e anunciando outras, principalmente ações voltadas para os problemas sociais, como investimentos na Agricultura Familiar. Dentre os programas que são destaques, estão os voltados para a Educação (programa ‘Escola Digna’) e o combate à pobreza, com o ‘Mais IDH’.
No âmbito político, Dino contar com maioria folgada na Assembleia Legislativa, onde tem aprovado tudo que envia em projeto ou Medida Provisória. No interior, diante da crise sistêmica, os prefeitos estão alinhados com as ações emanadas do governo.
Flávio Dino tem sido alvo dos ataques das variadas mídias ligadas ao grupo Sarney ou das que têm ojeriza ao qualificativo “comunista”, por ele ser filiado ao Partido Comunista do Brasil. A posição é tão arcaica quanto o próprio comunismo, que nem de longe chegou ao Maranhão. Mas a preocupação maior no grupo Sarney é com a erosão que sua base política vem sofrendo.
Dos 18 partidos que se coligaram com o PMDB em 2014, apoiando a candidatura do então senador Lobão Filho, um terço já debandou para o bloco de Flávio Dino. O mais importante e com maior tempo de televisão no horário eleitoral é o PT, que em 2010 e 2014 foi forçado pela direção nacional a apoiar o PMDB, mesmo não tendo ido integralmente.
Entre os partidos que transpuseram a ponte do sarneísmo e migraram para o “comunismo” de Dino, estão: o PTB de Pedro Fernandes e Pedro Lucas (secretário da Região Metropolitana); o PRB de Cleber Verde e Junior Verde, com seus redutos em mar aberto e à beira-mar, com pescadores; o PT, presidido por Augusto Lobato, uniu à corrente CNB (roseanista) de José Inácio; o PTdoB de Waldir Maranhão; o DEM de Juscelino Filho, Stênio Resende, Antônio Pereira e Cabo Campos; o PR, de Josimar do Maranhãozinho e Vinícius Louro; uma banda do PSDB, de Marcos Caldas, Sérgio Frota e Carlos Brandão; o PROS, de Gastão Vieira, que foi chamado de “traidor” por Roseana, a quem o ex-deputado acusa de ter ajudado, com Roberto Rocha, a demiti-lo do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE); e o PP do deputado federal André Fufuca.
Maura na cola de Roberto Rocha
Toda essa engrenagem eleitoral para chegar ao Palácio dos Leões em 1º de janeiro de 2019 está apenas começando a ser montada. O senador Roberto Rocha depois que trocou o PSB pela volta ao ninho tucano, precisa montar sua chapa majoritária, com dois candidatos a senador e o vice.
Ele virou o maior adversário de Flávio Dino, que ajudou a elegê-lo, numa disputa em 2014 tida como favas contadas para Gastão Vieira. Até na CPI da JBS, Rocha tentou arrancar do empresário Joesley Batista, quinta-feira passada, uma fala que implicasse Flávio Dino nas doações de campanha. Ele, simplesmente, respondeu que não iria responder, assim como ficou em silêncio em toda a sessão da CPI mista. No PSDB, o senador terá que se ater com Geraldo Alckmin, para permanecer no comando do partido no Maranhão, mediante convenção ainda sem data.
Correndo por fora, no jogo sucessório, encontra-se a ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, com seu partido nanico Podemos. Ela percorre o interior, atacando duramente Flávio Dino, de quem foi adversária na prefeitura, quando era filiada ao PMDB. No jogo que está ainda nos treinamentos, há quem diga que Maura Jorge seria um par perfeito para ser vice de Roseana Sarney, mas ela nem discute tal hipótese. Sonha mesmo é com a cadeira de Flávio Dino, uma empreitada pra lá de complicada.