LIVRO

Igor Nascimento lança “Folego Curto” nesta terça-feira

Fôlego Curto conta ainda outras peças como À queima-roupa, que foi inspirada a partir do caso de Márcio Ronny da Cruz. O Livro será lançado nesta terça-feira, 19, no Chão SLZ,

Reprodução

“É notável que toda a obra de fôlego, pelo qual um indivíduo se institui mestre na sua categoria, é, ao mesmo tempo, obra de emoção e de pensamento, contém tanto uma forma de arte, como uma fórmula de filosofia”. A frase do escritor português Fernando Pessoa resume muito bem as ideias dos textos propostos pelo pesquisador, dramaturgo, roteirista e diretor Igor Nascimento, autor do livro Fôlego Curto, que será lançado, na próxima terça-feira, 19, às 19h, no Chão SLZ – Rua do Giz, 167, Praia Grande, no Centro Histórico. Além da sessão de autógrafos, haverá leituras dramáticas com Rosa Ewerton, Áurea Maranhão, Gisele Vasconcelos, Lauande Aires, Nuno Lilah Lisboa, Renata Figueiredo e Aziz Júnior, atrizes e atores da cena local, e discotecagem do DJ Jorge Choairy.

Segundo Igor Nascimento, o livro Fôlego Curto é uma coletânea de novas peças curtas escritas entre 2012 e 2016, boa parte ainda inédita. Os textos têm como temáticas a terceira idade, o Alzheimer, as notícias de jornais, a violência, o esquecimento, entre outros assuntos tratados com técnicas de escrita diferentes, misturando montagens, prosas poéticas, diálogos entrecruzados, narrações, testemunhos, monólogos, solilóquios, entre outras formas.

A publicação de Fôlego Curto é continuação do projeto artístico e pesquisa em dramaturgia da Cia Petite Mort. As peças são de Igor Nascimento, dramaturgo, diretor, autor dos livros Caras-Pretas, Assassinato de Charllenne e As Três Estações da Loucura; e das peças Um Dedo por um dente; As três fiandeiras e Atenas, mutucas, boi e body – esta última em coautoria com Lauande Aires. “Eu tenho muitas peças, além destas que fazem parte deste livro, resultado das temáticas e pesquisas para meus trabalhos como dramaturgo que vão se costurando e que resultam em inspirações para outros trabalhos. Um exemplo é a Atenas, mutucas, boi e body, que tem uma cena do linchamento de uma personagem que é suspeito de ter cometido um roubo e acaba sendo morto pelos mutucas do bumba meu boi. Na peça Carne moída que está no livro, também abordo a questão do linchamento sobre um outro aspecto. Este texto conta a história de um açougueiro que surra um ajudante de pedreiro na frente de várias pessoas. Ao invés de impedir o ato, os populares ligam seus aparelhos de celular e gravam toda ação banalizando por completo a violência”, explicou Igor Nascimento.

Fôlego Curto conta ainda outras peças como À queima-roupa, que foi inspirada a partir do caso de Márcio Ronny da Cruz, nacionalmente conhecido em janeiro de 2014, após ter 72% do corpo queimado ao tentar salvar a vida de passageiros que estavam em um ônibus incendiado por membros de uma facção criminosa em São Luís. Entre as vítimas, estava a menina Ana Clara, de 6 anos, que não resistiu às queimaduras e veio a óbito. Na peça À queima-roupa, o personagem principal é Quelô, um herói anônimo que assim como Márcio Ronny sofreu exposição na mídia e hoje vive à margem da sociedade. “A peça faz uma crítica às pessoas que tomam decisões e agem sem refletir nas medidas e consequências. Elas esquecem que um ato impensado pode acarretar problemas no presente ou no futuro”, explicou Igor Nascimento.

Outra peça que também está no livro é Um dedo por um dente, que foi encenada no ano de 2014 em vários espaços culturais de São Luís. O texto narra um diálogo entre duas caveiras em que uma quer o dedo da outra em troca de um dente. A peça fala sobre a existência do ser, enquanto objeto, e conta a história de uma das caveiras que quer ser somente uma caveira do presente. E de uma outra que pensa que pode ter sido alguém, por mais que ela não se lembre quem tenha sido.

Entrevista com Igor Nascimento 

O Imparcial – De que forma acontece o seu processo de produção criativo?
Igor Nascimento – Não tenho uma rotina sistemática para escrever. Parto de um tema que será trabalhado e a partir daí eu vou construindo o processo criativo que ele vai tomando forma e conteúdo durante os ensaios. Vou escrevendo o texto e ensaiando junto. Uma pela pode surgir a partir de uma linguagem, de algo que possa provocar.

O Imparcial – E como surgiu esse amor pela arte de escrever?
Igor Nascimento – Eu tenho uma ligação muito forte com a poesia. Só que, apesar de gostar muito da poesia, não conseguia escrever da maneira que eu gostaria. Na prosa também o texto não tinha o fôlego necessário e também não conseguia desenvolver tanto. Quando eu comecei a fazer a primeira peça, eu encontrei a minha maneira e a minha linguagem, inclusive com o uso da prosa e da poesia em um texto híbrido.

O Imparcial – Você escreve sobre diversos temas. Alguns que fazem críticas a comportamentos e situações. Existe algum tipo de conflito com relação a isso?
Igor Nascimento – Não tenho conflito com aquilo que eu escrevo. Até mesmo porque, antes de publicar qualquer texto, eu vou fazendo testes, experimentações que vão aprimorando o processo da escrita. Uma peça, antes de ser encenada, passa por muitas mãos. Uma peça tem muitas vozes, muitos tratamentos antes de ficar pronta. Por isso, eu tenho muito cuidado. O que é mais importante é a consciência da responsabilidade do discurso que você está escrevendo.

O Imparcial – Quais são os próximos projetos de Igor Nascimento?
Igor Nascimento – Meu próximo projeto é a montagem de um ateliê de dramaturgia escrita em conjunto. Ou seja, um processo de produção textual colaborativa que pretendo colocar em prática a partir de janeiro.

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