Disk Amor Infinito

Voluntários prestam assistência emocional via telefone

A ajuda são para pessoas que querem desabafar, ouvir uma palavra amiga, contar seus problemas sem julgamentos, ou apenas ser ouvidas

Reprodução

Em tempos onde uma ligação telefônica é raridade, e em um mundo onde cada vez mais as pessoas se isolam no seu espaço, sem olhar para o próximo, um ato de solidariedade faz toda a diferença. E, quando se aproxima o período natalino, os sentimentos de bondade e amor ao próximo se afloram, coisa que deveria acontecer no dia a dia, mas, às vezes, esse próximo fica muito distante e precisa apenas de alguém que o escute, que o oriente, ou que o salve.

Um serviço de amor ao próximo está disponível para quem precisa ser ouvido, receber uma mensagem de positividade, ou ainda, se for o caso, uma prece restauradora, no Disk Amor Infinito – Uma Voz Amiga.

O atendimento é feito através do número 3225-8600 por voluntários treinados e funciona todos os dias, das 18h às 22h. “Não é um trabalho terapêutico, e, sim, de ‘escuta’, onde quem telefona não precisa se identificar. Tem a oportunidade de poder falar do seu problema. Ao atendente não cabe indicar, mas orientar, fazer com que o atendido encontre suas próprias respostas”, aponta Moab José, do Pouso Obras Sociais, na Cohab, e idealizador do serviço.

Atualmente, 12 voluntários se revezam, mas esse número pode ser ampliado, dependendo da demanda, bem como o horário de funcionamento do serviço. “Temos um número crescente de suicídio no Brasil e no mundo. Além disso, pessoas enfrentam problemas de toda a natureza, de ordem emocional, com drogas, problemas financeiros, afetivos, conjugais e sexuais. Então, esse serviço veio para ajudar de alguma forma essas pessoas”, comenta Moab José.

Os voluntários recebem orientação da psicóloga Karina Bastos. Segundo ela, o principal requisito é estar disponível para ouvir o que o outro tem a dizer.

“A proposta é de ajuda fraterna. Então, orientamos que a pessoa tenha a voz afetiva. A pessoa que liga precisa perceber que o voluntário está ali 100 por cento para ouvi-lo. Não uma ligação com as atividades do Centro Espírita, embora o serviço esteja sendo oferecido dentro do Centro. Não há um trabalho de evangelização, mas promovemos um pouco desse olhar espiritual. A gente pergunta se a pessoa quer ouvir uma mensagem edificante, e a gente vai conduzindo esse telefonema de amor de acordo com o que a pessoa que está entrando em contato com o Amor Infinito está trazendo”, aponta a psicóloga.

Algumas orientações passadas pela psicóloga são: ouvir a pessoa; não se precipitar em dar resposta para o outro, mas acolher, acalentar, acalmar. “Às vezes, as pessoas estão em mundo tão conectados à internet que a gente nem liga mais para o outro, só manda mensagem. E surgiu porque está havendo um número crescente de suicídio, de depressão … também há os problemas conjugais. A orientação é que o voluntário não defina nada da vida do outro, mas ouça, dê uma orientação, fazer com que a pessoa faça um autoquestionamento, encontre as suas respostas”.

Nos casos mais graves, de tentativa de suicídio, o atendente recebe orientação especial. Tudo para salvar uma vida e ajudar pessoas que precisam desabafar suas angústias e até evitar possíveis suicídios.

Sérgio Maia é um dos voluntários do serviço

Ouvido amigo

O trabalho do Pouso é semelhante a outros que já vêm sendo feitos pelo Brasil, a exemplo do CVV – Centro de Valorização da Vida (uma das mais antigas ONGs brasileiras, formada em 1962 e associada ao Befrienders Worldwide-união de apoio emocional antissuicídio). A ONG realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e
voip 24 horas todos os dias.

Aí você se pergunta: mas por que ligar para um número desses? A proposta é que você converse com um amigo que nunca vai saber quem você é, que não vai tentar “curar”, mas ouvirá qualquer coisa que você queira contar.

Triste realidade

O número de suicídios aumentou 12% no Brasil, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde entre os anos de 2011 e 2015. Segundo a pasta, esta é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias cerca 32 brasileiros irão tirar a própria vida. No Maranhão foram registrados quase 300 casos em 2016, sendo cerca de 200 homens e 90 mulheres que cometeram suicídio. Este ano, a preocupação dos órgãos de saúde tem aumentado paralelamente ao aumento nos casos em todo o estado. Somente no mês de agosto, foram sete registros.

O chefe do Departamento de Atenção à Saúde Mental da SES, Márcio Menezes, lembrou a importância do apoio social, da família e sociedade como um todo para o reconhecimento de fatores de risco estabelecendo estratégias de combate. “Atualmente apenas 25% dos casos de tentativas de suicídio chegam ao serviço de saúde, e 10 % destas tentativas são consumadas. Não é possível estabelecer todas as motivações que levam aos suicídios, mas a família precisa estar presente mantendo um diálogo e buscando apoio quando necessário”.

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