Educação inclusiva

Precisamos falar sobre Libras

Há mais de 15 anos, a Língua Brasileira de sinais é considerada a segunda língua oficial do Brasil; Porém a educação de surdos no país ainda é um desafio

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O tema da redação do Enem 2017, realizado no último domingo, pegou muita gente de surpresa, em detrimento de outros, e ao mesmo tempo abriu caminho para que todos discutam sobre a educação de surdos no Brasil, políticas de acessibilidade, dificuldades e desafios. Para estudantes que fizeram a prova, classe acadêmica e público em geral, ficou a possibilidade de debater o assunto e os caminhos para resolver esse sério problema que a sociedade enfrenta.

Para o professor Rafael Dias Silva, que se dedica ao projeto Libras na Ciência, ensinando deficientes auditivos por meio da língua de sinais, algumas reações negativas sobre a prova de redação refletem o momento atual da sociedade, que não garante acessibilidade e inclusão.

“Infelizmente, muitas escolas não possuem tradutores intérpretes e, por consequência, os professores não conseguem fazer um trabalho didático-pedagógico ainda mais dedicado com os alunos surdos”, diz. Silva completa dizendo que esses jovens ainda estão invisíveis no processo educacional brasileiro.

Com a necessidade de cobrar o poder público para que muitas leis saiam do papel, o tema do Enem legitima a comemoração da comunidade surda que, há mais de 30 anos, vem lutando para conquistar o direto à educação.

No Brasil, os surdos só começaram a ter acesso à educação durante o Império, no governo de Dom Pedro II, que criou a primeira escola de educação de meninos surdos, em 26 de setembro de 1857, na antiga capital do País, o Rio de Janeiro. De lá para cá, apesar de avanços, os surdos ainda enfrentam barreiras de acessibilidade.

Foi somente em 2002, por meio da sanção da Lei n° 10.436, que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão no país. A legislação determinou também que deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão de Libras como meio de comunicação objetiva.

Desafios

A acessibilidade para surdos ainda é um desafio. Essa parcela da população ainda enfrenta dificuldades para conseguir realizar atividades cotidianas, mas, de acordo com a professora Wannyna Vilar Carvalho Branco, do Colégio São Judas Tadeu, na área há 8 anos, está melhorando. “Já existem alguns que conseguem, e com louvor, formar-se em diversas áreas, porém ainda com limitações, já que a educação básica é precária”, aponta.

Em São Luís, a Central de Libras (CIL) atingiu, desde que foi reativada em 2015, até março deste ano, cerca de 1.200 atendimentos prestados a pessoas surdas. A CIL é coordenada pela Secretaria de Estado dos Direitos Humanos (Sedihpop), em parceria com a Associação dos Surdos do Maranhão (Asma). Somente em 2016, a Central foi responsável por 930 atendimentos para facilitar o acesso de pessoas surdas a serviços públicos. Até março deste ano foram realizados mais 273 atendimentos.

A CIL dispõe de três intérpretes e um veículo, que faz o trânsito da pessoa surda para o local desejado, no dia e horários agendados. O atendimento da Central de Libras pode ser solicitado por WhatsApp, pelos telefones: (98) 99164-2445 e 99127-0038, ou por meio do Skype: centraldelibrasma.gov@outlook.com.

“Muitos brasileiros sabem falar inglês, francês ou outra língua, além do português, mas desconhecem a língua brasileira de sinais, apesar de ser a segunda língua oficial do País”, ressalta Beatriz Carvalho. “Esse desconhecimento deixa um quantitativo expressivo de brasileiros surdos à margem da comunicação. A Central de Libras vem para preencher essa lacuna e promover a inclusão”, afirma a secretária adjunta dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Beatriz Carvalho.

A surdez pode ser tanto adquirida quanto hereditária. Infecções contraídas durante a gestação, além de remédios e drogas, podem provocar má-formações no sistema auditivo do bebê. Além disso, infecções e traumatismos cranianos também podem levar crianças à desenvolverem a surdez. Na idade adulta, acidentes de trânsito e de trabalho podem desencadear o quadro.

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