Flávio Dino é convidado para integrar o PT
A legenda quer fortalecer a esquerda no Maranhão; Governador, no entanto, não dá indícios de que irá trocar de partido
O discurso do Partido dos Trabalhadores é o de fortalecer a esquerda no Maranhão. Para isso, uma alternativa seria trazer o governador Flávio Dino para dentro do PT. O convite feito a Dino pelo presidente municipal da legenda, o vereador Honorato Fernandes, na semana passada, ainda rende nos bastidores mesmo sendo muito complicado dessa situação vir a se concretizar na prática.
É inegável que Dino tenha afinidade com os petistas, já que já foi filiado ao partido e segue mantendo uma postura consolidada de esquerda. Prova disso foi a recente vinda do ex-presidente Lula ao Maranhão. Dino esteve sempre ao lado de Lula e, seu nome chegou até a ser cogitado em uma possível chapa presidencial no ano que vem. Mas dentro do PT maranhense, o governador pode ser o diferencial que a legenda tem buscado a alguns anos.
O nome de Flávio Dino surge dentro do PT após o anúncio do PCdoB em ter Manuela D’Ávila concorrendo à Presidência da República em 2018. “Na realidade, há uma discussão sobre o fortalecimento do campo de esquerda aqui no Maranhão e no Brasil. Entendemos que o Flávio Dino está nesse contexto, tanto ele no PCdoB quanto no PT. O PCdoB resolveu apresentar uma candidatura, que é legítima. Mas, para o Maranhão, a gente resolveu deixar essa possibilidade. A gente acabou fazendo o convite ao governador Flávio Dino para quando ele quiser, se assim entender, a gente abrir o diálogo. O convite foi feito”, explicou o vereador Honorato Fernandes.
Ao saber do convite, Dino disse ter recebido com “alegria” e só. Não deu margens para uma troca agora de partido. Talvez, por isso, o presidente estadual do PT, Augusto Lobato não cria expectativas.
“Qualquer filiado pode fazer o convite para qualquer pessoa. Acho que é legítimo o presidente municipal fazer o convite ao nosso governador. É normal, mas tem todo o trâmite interno no partido. O convite é legítimo. Apoio o convite que o companheiro Honorato fez a ele. Não tem nenhum problema”, disse Lobato a O Imparcial.
E o presidente estadual do PT completa: “Respeitamos o governador pela sua história, até porque ele já foi do nosso partido. Nesse momento, eu entendo que o convite foi mais um gesto de gentileza e de fidelidade da relação. E por parte do presidente, não há subserviência ao governador Flávio Dino. A relação com ele é de lealdade. Devemos lealdade ao PCdoB”, comentou Lobato.
Estratégia
Indo ou não para o PT, Dino terá o apoio do PT. A diferença é que com a candidatura própria do PCdoB com Manuela D’Ávila, o governador não contaria com o ex-presidente Lula em seu palanque, um fator importante para a eleição de 2018.
“Espero que aqui não tenha nenhum tipo de desdobramento no estado porque olhamos o Brasil a partir do Maranhão. O Lula tem 65% dos votos no Maranhão e nossa tática é eleger o Lula e o companheiro Flávio Dino e fazer uma bancada de deputados federais e estaduais. Além de renovar os mandatos dos deputados Zé Carlos e Zé Inácio, queremos ampliar a nossa bancada.Queremos uma aliança pela esquerda. Precisamos encerrar, de uma vez por todas, um ciclo oligárquico no nosso estado.”, disse Augusto Lobato.
Para o vereador Honorato Fernandes, se Dino aceitar o convite para voltar ao PT, a esquerda estará bastante fortalecida. “A vinda do Flávio pode ser estratégica para garantir uma ampla aliança no campo de esquerda e para garantir o projeto do Maranhão. As portas do PT estão abertas para o diálogo”, explicou.
De olho
Os dirigentes petistas não escondem o desejo de concorrer nas eleições majoritárias, muito antes do convite feito ao governador Flávio Dino. O pleito do PT é indicar o vice na chapa do comunista ou ter um candidato próprio ao Senado com total apoio do Palácio dos Leões.
“Temos nomes qualificados como o do deputado Zé Carlos, como o secretário Francisco Gonçalves, como o ex-secretário Márcio Jardim, a companheira Terezinha Fernandes, como o deputado Zé Inácio. Temos figuras de visibilidade, que têm credenciais para participar da chapa majoritária”, comentou Augusto Lobato.
Caberá ao governador Flávio Dino definir como o PT irá ajudar sua reeleição. A negociação promete ser quente, uma vez que os petistas não pretendem ficar de fora do cenário político. “Vamos discutir os espaços que se referem à chapa majoritária. Não vamos deixar de discutir esses espaços. Ainda vamos sentar na mesa para discutir isso”, concluiu Fernandes.