Carnaval

Desfile de carnaval 2018 ameaçado

Liga Independente das Escolas de Samba do Maranhão (Liesma), que reúne as onze agremiações que fazem parte da entidade, decidiu pela não participação do concurso de 2018 por conta das mudanças no repasse dos recursos para as escolas de samba

Reprodução

O carnaval maranhense de 2018 está ameaçado de não acontecer. A informação foi confirmada a O Imparcial por Itamilson Lima, presidente da Liesma – Liga Independente das Escolas de Samba do Maranhão – após uma reunião na última sexta-feira com todos os onze representantes das escolas de samba de São Luís: Favela do Samba, Turma do Quinto, Flor do Samba, Império Serrano, Turma de Mangueira, Marambaia do Samba, Terrestre do Samba, Mocidade Independente da Ilha, Túnel do Sacavém, Unidos de Fátima e Unidos de Ribamar
Segundo Itamilson Lima, a decisão da possível não realização do desfile de passarela ocorreu após a Liesma e todos os membros das escolas de samba de São Luís participarem, na última semana, de duas reuniões: a primeira com gestores da Secretaria de Cultura e Turismo do Maranhão (Sectur), o secretário Diego Galdinho e a secretária adjunta Vanessa Leite; e uma segunda com o representante da Secretaria de Cultura e Turismo do Município (Secult), Marlon Botão, para serem informados como se daria o processo de execução do carnaval do próximo ano.
O presidente da Liesma explicou que na reunião com Diego Galdino foi informado que o governo do estado não poderia pagar o mesmo valor do subsídio destinado à realização do carnaval, que até o ano passado era de R$ 95 mil, e da mesma forma que era feita antes. Itamilson Lima revelou que o estado repassava, desse total, R$ 70 mil para o desfile do carnaval de passarela e mais R$ 25 mil pelas apresentações nos circuitos durante o pré-carnaval. “O governo do estado está garantindo o repasse do mesmo valor R$ 95 mil, mediante 19 apresentações de cada escola nos circuitos antes do carnaval. Ou seja, R$ 5 mil reais por apresentação. Nós estamos vendo isso como um problema primeiro porque torna-se impossível fazer essas 19 apresentações em um período curto de tempo, uma vez que o carnaval acontece no segundo final de semana de fevereiro, nos dias 11 e 12. Outra questão é que o repasse da primeira parcela acontece até o dia 15 de janeiro. O que inviabiliza o trabalho das escolas a 15 dias do desfile”, justificou Itamilson Lima.
Itamilson Lima explicou que o governo do estado repassava o valor antecipadamente às escolas e que este ano quer fazer o repasse somente de 50% do total. A contraproposta apresentada pela Liesma durante a reunião à Sectur foi para que o repasse dos recursos ocorresse até o dia 20 de dezembro de 2017 para que as escolas de samba pudessem iniciar os seus trabalhos na primeira semana de janeiro. Segundo Itamilson, até o momento, a Liesma ainda não recebeu uma resposta sobre o assunto.

Esperança com a Secult

Com o cenário desolador, a Liesma e seus representantes colocaram todas as esperanças na reunião com Marlon Botão, secretário de cultura de São Luís. Durante o encontro Itamilson Lima explicou a situação e fez uma proposta ao município para que aumentasse o valor do cachê destinado às escolar que era no valor de 60 mil para 100 mil, uma vez que a realização do concurso do carnaval e do desfile de passarela é de responsabilidade da Prefeitura de São Luís, por meio da Secult.

Esperança era o município

De acordo com Itamilson Lima, esses recursos seriam repassados também em dezembro para que eles pudessem começar os trabalhos no início de janeiro. Contudo, o município informou à Liesma que o valor continuava o mesmo do ano anterior. Ou seja, R$ 60 mil a serem pagos em janeiro, mas sem definição de data para o repasse. “Tudo isso inviabiliza o desfile do carnaval de passarela das escolas de samba de São Luís. Como é que vamos fazer esse carnaval observando que todas as escolas de samba estão endividadas por conta do ano anterior? Antes todo mundo comprava os produtos a credito, mas ninguém tem mais crédito na praça por conta das dívidas contraídas no último carnaval e que ainda não foram pagas. Está todo mundo endividado e sem dinheiro, o que tornou-se uma situação impossível. Nenhuma das secretarias vai antecipar os recursos e ainda estamos com o nosso crédito reduzido. Então, como é que vai se fazer carnaval dessa maneira?”, indaga Itamilson Lima.

Três perguntas para Itamilson Lima

Todas as onze escolas concordaram em não participar do carnaval 2018 se não houver um entendimento com relação aos valores do recurso e à data de repasse pelas secretarias de Cultura do município e estado?
Sim. Todas estão de comum acordo com esta decisão que foi deliberada em reunião que contou com a presença de cada representante de escolas que fazem parte da Liesma. As duas secretarias sempre alegaram a falta de organização da entidade na discussão de um projeto para a realização do carnaval, o que não ocorreu este ano. Só para se ter uma ideia, no mês de agosto, demos entrada no projeto de carnaval na Secult e Sectur. O edital de chamada pública da Sectur para o credenciamento das brincadeiras, entidades, agremiações e artistas para o carnaval 2018 ainda não havia sido publicado. A Sectur parece não ter considerado as nossas observações e reinvindicações contidas no documento que foi apresentado e protocolado em agosto.

Na sua opinião, porque todos os anos acontece sempre essa situação de ameaça da não participação das escolas no carnaval?
Porque sempre dependemos do repasse destes recursos para a realização do carnaval. Na minha opinião, falta mais sensibilidade do poder público no que tange à importância da fomentação para a participação das escolas de samba como produto para atração de recursos. Um belo desfile e um carnaval bem feito atrai o turismo, aquece a economia criativa, solidária e movimenta toda uma cadeia produtiva que gera emprego e renda. Diferente do Maranhão, isto acontece em outros estados como: Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Bahia, que investem recursos no segmento para atrair o turismo e o desenvolvimento cultural da população.

E qual a sua análise sobre toda essa situação?
O que eu lamento profundamente é que a gestão pública não trata cultura popular como investimento. Nós que fazemos cultura popular somos vistos sempre como um peso, como despesa… um custo. Eles não consideram um retorno que podemos dar.

Mesmo com o anúncio da não participação das escolas de samba no desfile de carnaval 2018, as escolas de samba estão definindo seus sambas-enredos para o próximo ano. Não é um contrassenso isso?
Antes de tomarmos esta decisão, todas as escolas de samba estavam trabalhando junto a sua comunidade para fazer o carnaval do próximo ano. Isso está ocorrendo desde o primeiro semestre quando tudo estava indefinido. Acredito que, mesmo que não haja o concurso do desfile de passarela, elas devem participar da apresentação nos circuitos durante o pré-carnaval até mesmo porque estão inscritas no edital de chamada pública para o carnaval 2018 realizado pela Sectur. Quero ressaltar que a Liesma não consegue realizar o carnaval com recursos próprios porque não tem caixa para isso. O que estamos tentando fazer é uma sensibilização para que revejam seus posicionamentos. Acredito que uma saída para esta situação é tentarmos estabelecer futuramente uma parceria do público com a iniciativa privada para o fortalecimento do carnaval maranhense.

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