PARA REFLETIR

5 momentos sem urbanismo em São Luís

Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Urbanismo, é importante refletir sobre a importância de se pensar no coletivo e ver o que há de errado

O Dia Mundial do Urbanismo é um dia em que se propõe um debate lúcido sobre a promoção e criação de soluções urbanas, que podem contribuir para uma saudável integração dos elementos de uma comunidade. Entre os temas debatidos, estão o sistema de transportes, locais para habitação, soluções de lazer e planejamento de áreas verdes.

Esta data comemorativa foi instaurada em Buenos Aires, em 1949, e tem como alguns dos seus objetivos a conscientização sobre o urbanismo, abordando os desafios e riscos inerentes à edificação de uma cidade.

Pensando na histórica cidade de São Luís, onde o crescimento urbano deu um salto nos últimos anos, é possível perceber sob ângulos diferentes algumas incoerências na preocupação com o coletivo. Algumas vezes pela individualidade pessoal, outras pelo não planejamento e adaptação do velho e do novo, o resultado é decepcionante.

FotoFoto: Reprodução

Uso do prédios históricos para estacionamento

Colonizada por portugueses, com imponentes prédios coloniais que guardavam excepcionais azulejos da nobreza de Portugal, os casarões históricos já viveram dias de glória no passado, mas, atualmente, grande parte deles definha com a ação do tempo.

Para piorar, os seus donos não têm condições (ou não querem) de obedecer as regras de restauração dos casarões e passam a aproveitar a sua demolição para transformá-los em espaço de estacionamentos. Os proprietários, visando lucro, destroem a parte interna das edificações.

Esse crescimento no número de estacionamentos no Centro Histórico de São Luís tem um efeito imediato que é o incentivo ao aumento da circulação de veículos na região, o que deteriora ainda mais o estado dos casarões.
O cenário da capital é mudado quase diariamente com isso, ameaçando em muito a beleza histórica de São Luís.

Foto: Reprodução

Calçadas construídas sem simetria

Ouviu-se dizer lá em 2006 que todo terreno em São Luís deveria ter um muro com pelo menos um metro e oitenta centímetros de altura e uma calçada com um metro e vinte de comprimento. A Lei de Muros e Calçadas parece uma das lendas da Ilha, pois, assim como as aparições atuais de Ana Jansen, só existe no imaginário popular.

Em São Luís, bem como em outras cidades do Maranhão, os proprietários de imóveis vão construindo as calçadas da forma que melhor os servirá, mas são poucos os que pensam na coletividade, no deslocamento de todas as pessoas, incluindo idosos e deficientes físicos.

O que acontece no final é que se tem uma verdadeira “montanha-russa” de calçadas, subindo e descendo, fazendo com que as pessoas prefiram andar na sarjeta, ou na pista mesmo, correndo risco de serem atingidas por carros.
Esse cenário complicado piora ainda mais quando replicamos a vida de pessoas com dificuldade de locomoção.

Foto: Reprodução

Cuidado onde pisa

Outro fato inerente ao urbanismo das principais cidades maranhenses é a implantação de galerias para o escoamento hídrico. As instalações com relevo irregular podem gerar perigos tanto para pedestres, quanto para veículos.

Em alguns locais é real a possibilidade de uma pessoa descer literalmente pelo cano. A implantação de galerias em alguns pontos sem o prévio estudo do local acaba gerando situações que mais parecem uma “gambiarra”, a qual mais atrapalha do que ajuda.

É o exemplo da Rua Vinte e Seis, no bairro Jardim Araçagi II, que tem uma boca de lobo coberta por uma grelha de ferro e que é um local de constantes acidentes. Além deste lugar, outros pontos de São Luís podem ser citados como arriscados para circulação.

Verde é importante

O cuidado com o verde é um dos pontos de principal preocupação nos centros urbanos e vital para a melhoria do urbanismo como um todo. A vegetação em simetria com o concreto eleva a cidade e precisa ser tanto observada, quanto preservada.

Mas, como nada é eterno, a substituição de árvores é necessária, principalmente das que já enfrentaram gerações e já não durarão muito tempo. É o caso de árvores que, pela ação de ventos e chuvas, acabam cedendo. Até aí tudo bem, elas são retiradas, mas é importante que outras sejam replantadas no local para manter o visual verde.

Nos últimos anos, o olhar sobre o verde parece ter sido despertado em São Luís. Mais canteiros, hortas e árvores foram surgindo na cidade, e embelezam ainda mais o cenário local. Mas muito ainda precisa ser feito, e deve começar em gestos pequenos, plantando uma árvore na frente de casa por exemplo.

Visual desmerecido

Um dos principais complicadores visuais do urbanismo maranhense é a pichação. Motivo de lamentação e reclamação de diversos turistas e nativos no Centro Histórico, o cenário é um contraste entre o belo das edificações históricas e o feio das mensagens ilegíveis de ódio e amor dos pichadores.

Enquanto a arquitetura é carregada de conceito e herança, as paredes em alguns locais trazem mensagens um pouco mais violentas. As pichações, que afetam de forma negativa o status visual dos prédios, trazem desde menções a facções criminosas até palavras de baixo calão.

O esforço do poder público em evitar as pichações é complicado, pois, cada vez que um elemento é apanhado, surgem diversos outros para manter a “tradição”. Nem mesmo a manutenção com pinturas quase constantes inibe os degradadores de sujar a paisagem visual da cidade.

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