Sexo não é tudo

1% da população não possui desejo sexual, diz pesquisa

São pessoas que se declaram “assexuais”. Pode parecer esquisito, mas o termo tem sido cada vez mais utilizado

Reprodução

As roupas que valorizam o corpo e deixam-no mais atraente. As maquiagens realçadoras da beleza de um olhar, que pode ser fatalmente convidativo. As músicas que convidam ao rebolado, ou à dança coladinha. As imagens quentes na televisão. Tudo, parece que tudo mesmo gira em torno do sexo, nas suas mais variadas formas. Mas nem todo mundo se deixa levar – ou se permite – pelo desejo sexual. Aliás, muitas pessoas confessam nunca terem sentido nenhum pingo de desejo.

São pessoas que se declaram “assexuais”. Pode parecer esquisito, mas o termo tem sido cada vez mais utilizado por gente que prioriza outros prazeres na vida e definitivamente não gosta de se relacionar sexualmente com ninguém, nem mesmo consigo, em descobertas íntimas no autoconhecimento do próprio corpo.

Estudos sobre comportamento sexual estimam que 1% da população não tem interesse sexual por qualquer pessoa, homem ou mulher. Eles são os assexuais, um grupo formado por 2 milhões de pessoas em todo o Brasil. “Uma pessoa ‘assexuada’, se fosse levada em consideração apenas a etimologia, seria uma pessoa sem sexo definido ou sem genitália, o órgão que define e realiza o ato sexual. Entretanto, na Psicologia, o termo ‘assexual’ é utilizado em referência aos indivíduos que não possuem desejo sexual”, explica a psicóloga da rede Hapvida, Sarah Lopes.

Sociedade erotizada

Você já deve ter ouvido que, quando alguém está mal-humorado, é porque está em atraso na vida sexual. A expressão é muito comum e revela como a sociedade caracteriza a falta de interesse sexual relacionada à patologia. “O termo pode ser considerado patológico justamente porque a sociedade tem se tornado cada vez mais sexualizada, erotizada, como se essa fosse a premissa para a vida social”, defende a psicóloga. Importante é sempre respeitar o desejo – ou a falta dele – da pessoa com quem se convive. Mas, claro, se for o caso, o melhor apoio a ser oferecido é o profissional.

“Se você namora ou é casado com alguém que demonstre repentina ausência de desejo sexual, primeiro, vale um bom diálogo, para que ambos entendam o momento vivido e, a partir daí, possam contar com ajuda especializada”, recomenda Sarah Lopes ao incentivar os casais a se conhecerem a se respeitarem, pois, em situações assim, conflitos são quase inevitáveis. Equilíbrio e sabedoria nunca são demais!

Sem tesão

A falta de interesse por sexo pode ser definitiva ou temporária, o que é mais comum. Vários fatores levam a essa condição, segundo a psicóloga Sarah Lopes. “Na maioria das vezes, a causa é um trauma emocional Além disso, a ausência de desejo sexual está presente em muitas pessoas por um período específico em que outras atividades são elencadas como prioridade”, explica a especialista, destacando que esses espaços de tempo sem interesse não caracterizam a “assexualidade”. Não querer transar – ou não gostar – não caracteriza nenhuma doença. Porém, se for algo involuntário e que cause sofrimento para quem se sente indiferente quando o assunto é sexo, é interessante buscar ajuda profissional. “Essa condição pode ser revertida, mas a dificuldade aumenta de acordo com a causa. Existem os casos em que alguns traumas psicológicos, desequilíbrio hormonal ou até mesmo situações mais graves, como abusos sexuais, podem desencadear a falta de desejo sexual – ou até mesmo a aversão a sexo”, revela Sarah.

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