Parente coloca à venda pedaço da Ilha de Sarney
Sobrinho de Marly Sarney, que é esposa de José Sarney, está tentando vender sua herança familiar na Ilha de Curupu. Ele anuncia a venda de 12,5% da ilha ao preço nada camarada de R$ 37 milhões
Parece inacreditável. Mas um sobrinho de dona Marly Sarney, Gustavo Macieira, considerado ovelha desguiada da família, está tentando, pela segunda vez em cinco anos, vender o seu quinhão de herança familiar na Ilha de Curupu, que já foi até enredo de livro e filme. Gustavo vive na Europa e quer se capitalizar. Seria herança dos antepassados da esposa do senador José Sarney. Ele anuncia a venda de 12,5% da ilha mais famosa da Baía de São José, ao preço nada camarada de R$ 37 milhões.
Curupu está encravada na Baía de São José, é habitada por um punhado de pescadores, onde os Sarney criam gado e outros animais. Foi daqueles pescadores que Sarney recolheu, com os mais antigos e experientes, substanciais informações para o enredo de seu mais famoso livro, O Dono do Mar, traduzido para vários idiomas, e também cenário do filme homônimo, de 2004, dirigido por Odorico Mendes.
O filme sintetiza da cultura do Maranhão, passando até pelo bumba meu boi, em cujo festival o pescador Antão Cristório tem seu filho Jerumenho assassinado por um marido traído. O fato abala o homem, que relembra toda a sua vida até aquele momento. Sempre ligado ao mar, Cristório conheceu as assombrações já na infância, quando viu pela primeira vez os navios fantasmas. Mais velho, ficou noivo de Quertide, mas ela foi sequestrada pelos Piocos, seres míticos que desvirginam as moças maranhenses. Um realismo fantástico do livro, que Sarney levou ao mundo, muito além do Maranhão, inclusive na Romênia, onde foi traduzido.
Preço muito caro
A notícia da venda de Curupu, dada em primeira mão pelo jornalista Claudio Humberto, não abalou a família Sarney. Afinal, Gustavo Macieira nunca foi levado a sério pelos seus tios e primos famosos do Maranhão. Ele é radialista e mora na Europa. O próprio José Sarney disse que o preço de R$ 37 milhões, pelo pedaço de 60 hectares de Curupu, é caro demais. Acredita que poderia valer a metade.
A Ilha de Curupu, onde a família Sarney tem duas mansões, uma construída no segundo mandato de Roseana como governadora, é de madeira de lei. E pelos cálculos de Gustavo, a parte que lhe cabe seriam dois milhões de metros quadrados. Na primeira vez em que o anúncio de venda foi divulgado, em 2013, em jornais de São Paulo, ninguém da família Sarney se manifestou. Na época, o deputado Sarney Filho (PV-MA), porém, destacou, por meio de sua assessoria, que a Ilha de Curupu pertence à família “há quase um século”. Ele disse que não existe nenhuma ação na Justiça questionando ou envolvendo a propriedade. “Meu primo, Gustavo da Rocha Macieira, pode dispor de sua parte na herança do pai como lhe convier.” Fernando e Roseana não deram declaração a respeito.