Mas será se funciona?

Orelhões estão liberados para ligações gratuitas

A decisão para a gratuidade nas ligações ocorreu após fiscalização realizada em 30 de agosto; Mas será que os aparelhos realmente funcionam?

Reprodução

Quantas vezes você estava em uma ligação importante de negócio quando o crédito acabou, ou o celular descarregou? Se a sua localização fosse uma rua de grande circulação, provavelmente haveria um telefone público que poderia ser a salvação para o contratempo. E o melhor disso é que a ligação seria gratuita para números da Operadora de Telefonia Oi, graças a uma determinação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em razão do não cumprimento de obrigações por parte da concessionária.

Até aí tudo ótimo, a não ser por um pequeno problema: encontrar um telefone público, o famoso orelhão, que esteja funcionando em São Luís. Na principal área de comércio da ilha, o Centro, os orelhões estão localizados em áreas de fácil acesso. Na praça mais movimentada da região, a Praça Deodoro, é possível encontrar em pontos distintos cabines que possibilitam até três pessoas fazerem ligações ao mesmo tempo. Conseguir, no entanto, utilizar os aparelhos é impossível.

Para quem tentou, o sentimento foi de frustração já que os problemas vão desde o não funcionamento dos telefones até ligações que não completam, mesmo em aparelhos que aparentemente não estão quebrados.

O técnico isolante térmico, Dixon de Freitas, diz que ficou perplexo quando tentou fazer ligações em vários aparelhos. Ele diz que, por trabalhar na rua, a possibilidade de ligar gratuitamente ajudaria bastante. “Eu andei por esses orelhões todos aqui da praça, os que funcionam não ligam para nenhum número, a ligação nem completa. Para mim, que trabalho na rua ligando para os clientes, ia ser muito bom, porque a maioria dos números é fixo e eu podia ligar de graça, resolver um problema e já correr para outro atendimento. Agora você anda aqui nessa cidade e quando não encontra tudo quebrado, não consegue usar nem os que prestam”.

Dixon afirma que a qualidade dos telefones públicos caiu muito nos últimos anos e acredita que a falta de manutenção é um desrespeito com a população. “De uns 10 anos para cá, é difícil achar um que não esteja sujo, quebrado, ou com problema. É um desrespeito com a gente. Se o telefone é para as pessoas usarem na rua, qual a dificuldade de manter funcionando? Porque nem todo mundo tem celular e pode ficar colocando créditos todo tempo para ligar. Eu agora vou ter que tirar dinheiro do bolso e conseguir um celular já que não vou poder fazer as ligações de graça”, reclama.

Mas não é só no Centro que aparelhos parecem abandonados. No Terminal Rodoviário de São Luís, local de chegada e partida de milhares de pessoas diariamente, vários aparelhos apresentam problemas.

O ambulante Augusto Costa faz vendas no local e diz já ter visto várias vezes reclamações de pessoas que não conseguiram utilizar aparelhos. “Eu já vi gente que chega aí de viagem e acho que tenta ligar para alguém vir buscar, mas tem vezes que não consegue não. Não sei se é porque esses telefones ficam sem funcionar às vezes, mas algum problema tem, não são todos, parece que ficam revezando os que não funcionam”.

Decisão da Anatel

A decisão para a gratuidade nas ligações ocorreu após fiscalização realizada em 30 de agosto, onde a agência apontou que os orelhões não atingiam os patamares mínimos de funcionamento exigido, de 90% em todas as unidades da Federação e 95% nas localidades atendidas somente por orelhões.

A medida que começou a vigorar no último domingo (1º), vale para os estados de Alagoas, Amazonas, do Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.

Este é o sexto ciclo de gratuidade em ligações a partir de orelhões estabelecido pela Anatel, o primeiro foi em 15 de abril de 2015.

A gratuidade vale até o dia 30 de março de 2018, quando a Anatel fará nova análise sobre dados de fevereiro de 2018.

Quem quebrou?

Quando o vandalismo é a causa dos problemas, as pessoas mais prejudicadas são as que realmente precisam do serviço. Em locais como a Avenida Amália Saldanha (Coroadinho), ou Avenida Getúlio Vargas (Monte Castelo), é possível encontrar aparelhos que sofreram, além da ação do tempo, com a falta de educação de algumas pessoas que não tiveram o mínimo apreço
com o bem público.

A aposentada Maria Conceição, moradora do Monte Castelo, explica que nem adianta reparos serem feitos em alguns orelhões, principalmente em avenidas onde a noite o movimento de pessoas é muito reduzido. “Eles vem ajeitar, dá duas três semanas já aprece quebrado de novo. A noite não tem movimento, e aí você sabe como é os marginais quebram mesmo. Tem local por aí que nem adianta ter orelhão porque se sabe que vão quebrar”.

Explicações

Em nota, a Oi informou que cumprirá a determinação da Anatel de conceder a gratuidade em chamadas locais e de longa distância nacional para telefones fixos feitas a partir de sua rede de telefonia pública nos estados indicados pela Agência Reguladora, na forma definida pela Agência.

A Oi ressaltou que desde dezembro de 2016 a Anatel decidiu sobre a importância de revisão das obrigações relacionadas a orelhões em virtude da sua obsolescência. No entanto, até o momento a Oi permanece sendo obrigada a investir milhões de reais por mês em orelhões, valor esse que deveria estar voltado para demandas relevantes da sociedade, como a estrutura de redes de telecomunicações para banda larga.

A companhia acrescentou ainda que como os orelhões da empresa estão instalados em vias e estabelecimentos públicos, sofrem, diariamente, danos por vandalismo. A Oi afirmou que mantém um programa permanente de manutenção de seus telefones públicos e conta com as solicitações de reparo enviadas à companhia pelo canal de atendimento 10314 por consumidores e por entidades públicas. A Oi informou que possui cerca de 27.727 telefones de uso público instalados no estado do Maranhão, desse total 5.602 em São Luís.

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