CONSCIENTIZAÇÃO

Cerca de 300 mulheres esperam por laqueadura no HU-UFMA

A cirurgia é realizada gratuitamente pelo SUS, mas a paciente precisa preencher alguns requisitos para ser autorizada a fazer a operação. Além da burocracia, as mulheres que procuram pela cirurgia enfrentam uma longa fila de espera

Foto: Ilustração

Geralmente com 2, 3 filhos e com uma média de idade de 30 a 35 anos. Esse é o perfil das mulheres que procuram por uma laqueadura, procedimento cirúrgico para a esterilização definitiva da mulher. No último mutirão realizado pelo Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, foram realizadas 53 cirurgias, um número acima da média, que era de 50.

O objetivo foi de reduzir a lista de espera que, somente para o referido hospital, é de 300 mulheres, segundo informação da chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Mulher, Graciete Helena dos Santos.

Há uma pequena burocracia para que o desejo da mulher ou do casal possa ser atendido. A mulher deve passar primeiro pelo Planejamento Familiar, um serviço que oferece palestras com a equipe

Graciete Helena dos Santos,
chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Mulher do HUUFMA

da enfermagem e que acontece três vezes na semana – terças e quintas pela manhã (7h/7h30) e nas quartas (13h/13h30) – no 1º andar da Unidade Materno Infantil, no ambulatório de Ginecologia.  A espera chega a um ano por não ser a laqueadura uma cirurgia de urgência.

Durante as palestras são abordados os métodos oferecidos pelo hospital para a prevenção da gravidez, a exemplo dos contraceptivos orais e injetáveis, camisinhas, laqueaduras, vasectomias e o dispositivo intrauterino (DIU). De acordo com o método escolhido, a paciente é encaminhada para o atendimento com o ginecologista e toda a equipe multiprofissional, se necessário. Qualquer pessoa pode participar dessas reuniões. O serviço recebe cerca de 90 mulheres por mês, algumas com seus parceiros, para assistir às palestras sobre planejamento familiar.

“Depois, caso escolha a laqueadura, ela será encaminhada ao ginecologista e, ainda assim, ela precisa ter os requisitos para esse tipo de cirurgia, como: maior de 25 anos e com dois filhos no mínimo. Em seguida, como é uma intervenção irreversível, é preciso cumprir outra exigência: um intervalo de 60 dias entre a vontade de realizar o ato cirúrgico para que a mulher tenha certeza do que ela quer, além da submissão ao Comitê de Ética do HU-UFMA, e só depois da aprovação junto ao Comitê é que o procedimento poderá ser realizado”, afirma a médica Graciete Helena dos Santos.

Com 4 filhos e 32 anos, a vendedora Ana Célia da Cruz não vê a hora de fazer a cirurgia, porém esbarra em um obstáculo, diz não conseguir tempo para fazer toda a burocracia que o procedimento exige. “Eu comecei ano passado, mas tem que ir em algumas reuniões, palestras, esperar… aí acabei desistindo. Por enquanto, vou usando outros métodos”, conta ela.
A estudante Paula Maria Azevedo tem três filhos, 24 anos e não convive com cônjuge. Para ela, a cirurgia é só uma questão de tempo. “Eu estou aguardando só chegar a idade para procurar o SUS. Espero que não tenha problema por eu não ter marido”, diz.

Planejamento familiar
Assim como o HUUFMA, a Maternidade Benedito Leite também realiza atendimento com orientações sobre procedimentos como o uso de camisinha, inserção de DIU e laqueadura. A Secretaria de Estado de Saúde instalou o Centro Sentinela de Planejamento Reprodutivo, que está funcionando desde 29 de março e atende pacientes que estão internadas ou por demanda espontânea, oferecendo às mulheres acesso a orientações e métodos contraceptivos (uso de camisinha, inserção de DIU e laqueadura), além de realizar o acompanhamento de casos de aborto e violência sexual.

No Centro Sentinela, o atendimento personalizado permite uma melhor análise sobre o método contraceptivo ideal. Após as palestras informativas, caso a escolha seja pela laqueadura, a paciente é encaminhada para a Maternidade Nossa Senhora da Penha (Anjo da Guarda).

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, em 2016, a rede SUS no Maranhão realizou 618 procedimentos de laqueadura. Os dados parciais deste ano, até o mês de agosto, apresentaram 592 procedimentos de ligadura de trompas. “Segundo preconiza o Ministério da Saúde, a cirurgia de esterilização é garantida à mulher desde que seja maior de 25 anos e com dois filhos nascidos vivos, e se, em convivência conjugal, com o consentimento do marido. A média de idade das mulheres que procuram o procedimento está entre 25 e 43 anos, nas unidades da rede estadual de saúde”, informa a SES. Não foi informada a quantidade de mulheres que estão na fila de espera.

Para realizar o cadastro para a cirurgia de laqueadura, além dos documentos de identificação e do cartão do SUS, as mulheres precisam ter em mãos a autorização do planejamento familiar, por meio de documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepções reversíveis existentes.

A cirurgia é indicada não somente como controle de natalidade, mas também para mulheres que têm indicação por conta de alguma complicação. A ginecologista Amália Botão exemplifica: “Uma mulher que teve três filhos em cirurgia já tem recomendação para uma laqueadura. Mas, em outros casos, é preciso reflexão antes de se submeter à operação, pois existem outros meios para evitar a gestação. A laqueadura deve ser um ato consciente e muito bem pensado”, alerta a médica.

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