CARNAVAL 2018

Turma do Quinto vai levar Bumba Meu Boi para avenida

Enredo da Turma do Quinto para o carnaval 2018 será inspirado na toada Upaon-Açu, do cantador Humberto de Maracanã, que canta as 27 aldeias que faziam parte da Ilha no ano de 1612

Reprodução

A Escola de Samba Turma do Quinto já escolheu o seu enredo para o carnaval de 2018. Inspirada na toada Upaon-Açu, de autoria do cantador de Bumba Meu Boi, Humberto de Maracanã, a escola de samba da Madre Deus vai levar para avenida versos do Guriatã. A Turma do Quinto canta as 27 Aldeias de Upaon-Açu.

O enredo tem por objetivo homenagear a existência de cerca de 27 aldeias de tribos indígenas que se distribuíam por todos os cantos da Ilha de Upaon-Açu, nome dado pelos Tupinambás que significa “Ilha Grande”, que mais tarde foi batizada como Ilha de São Luís. Além de Humberto de Maracanã, a toada foi eternizada na voz de Cláudio Pinheiro, no CD Bumba Meu Boi de Maracanã – Seleção de Ouro-2012.

No carnaval de 2017, a Turma do Quinto conquistou o segundo lugar, somando 239,2 pontos, com o samba-enredo “O Quinto canta Akomabu: a cultura não deve morrer”, em homenagem ao Bloco Afro Akomambu e ao Centro de Cultura Negra do Maranhão por seus mais de trinta anos de existência. O primeiro lugar ficou com a Favela do Samba, que veio com o enredo “União… São Luís… Artur Azevedo… um templo do povo… O templo do carnaval”, que homenageou os 200 anos do Teatro Arthur Azevedo.

Um ano antes, a Turma do Quinto foi a campeã do carnaval de 2016 com o enredo “O Anjo Gabriel – Tributo ao intérprete Gabriel Melônio”, que homenageou o cantor maranhense e conquistou 268,5 pontos, ao ficar empatada na pontuação com a Favela do Samba. A Turma do Quinto foi vitoriosa no quarto critério de desempate “evolução e conjunto”, após “enredo”, “letra do samba” e “bateria”. Foi o 15º título da escola, que tem 75 anos de existência.

Segundo Washington Coelho, carnavalesco da Turma do Quinto, o enredo para 2018 vai mostrar como a cidade e suas aldeias eram no início da sua fundação em 1612. Nesse período, a Ilha de São Luís continha cerca de 27 aldeias, que se distribuíam por todos os cantos e se ligavam entre si por caminhos ou pelos cursos dos rios Bacanga e Anil. “As aldeias consideradas pequenas tinham entre 200 a 300 moradores e as grandes, de 500 a 600. Hoje essas localidades ainda estão presentes no cenário geográfico da Ilha de São Luís. Muitas cresceram e se adequaram ao desenvolvimento do perímetro urbano da cidade se caracterizando como bairros, e outras como povoados ou comunidades rurais”, explicou o carnavalesco.

As 27 aldeias

Washington Coelho acrescentou que interesse em desenvolver o referido enredo sobre as 27 aldeias indígenas que existiam no entorno da Ilha da São Luís partiu de vários aspectos relevantes. Um deles pelo encantamento da toada de Bumba Meu Boi Upaon-Açu, do mestre e grande ícone da cultura maranhense, o cantador Humberto de Maracanã, que faz menção ao conjunto de povoados que formaram as “Aldeias da Ilha do Maranhão”, e que hoje em alguns povoados, moram os descendentes da cultura indígena, a saber: Inhaúma, Taim, Tenda, Mojó, Cumbique, Uarapirã, Juçatuba, Iguaí, Tajipuru, Araçagi, Miritíua, Turu, Maracanã, Arapapa, Mapaúra, Itapicuraíba, Tibiri, Mocajituba, Itapera, Pirandiba, Parnauaçu, Maioba, Pindaí, Ubatuba, Vinhais, Panaquatira, Igaraú.

Outro aspecto da importância do enredo é a tentativa de resgatar a memória dos povos tradicionais constituídos como nossos antepassados, enaltecendo a resistência da cultura influenciada pelos nossos descendentes. “Este enredo de cunho social e antropológico aborda o respeito e a valorização dessas comunidades, com seus feitos, realizações, crenças e tradições que ainda persistem diante do processo de aculturação e inculturação o qual insiste em interferir na vida dessas populações muitas vezes segregadas, discriminadas e excluídas”, ressaltou o carnavalesco na defesa da sinopse do enredo à diretoria da Turma do Quinto.

O carnavalesco afirmou também que este enredo servirá de cenário contemplativo da arte, da dança, da musicalidade e da indumentária rica e criativa dos povos indígenas que irão compor nos quadros alegóricos a serem apresentados no desfile da escola de samba ‘madre divina’. Washington Coelho explicou que, durante o desfile, a Turma do Quinto vai mostrar na avenida o seu perfil, sua marca e identidade com o tema desta natureza. “Upaon-açu é São Luís presente que tem vinte e sete aldeias presentes, hoje em alguns povoados, moram os seus descendentes e a tribo TQ é o seu Morubixaba das aldeias da Ilha do Maranhão”, ressatou Washington Coelho.

Para Washington Coelho, o desfile da Turma do Quinto demarca-se como uma tribo guerreira das manifestações culturais do nosso estado, como uma das aldeias da resistência cultural. “Como afirmam os poetas: ‘Os guerreiros continuam vivos!’. E nada mais justo do que exaltá-los com esta homenagem”, disse o carnavalesco.

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