“Blade Runner 2049” levanta debate sobre a existência humana
35 anos depois do visionário “Blade Runner – O caçador de Androides”, a nova trama que estreou no cinema mundial já com o título de filme do ano conta a história de uma Los angeles distópica habitada por replicantes – inteligências artificiais
Em 1982, o gênero de ficção científica sofreu uma grande revolução. Pelas mãos do visionário diretor Ridley Scott, que possui em seu currículo clássicos como “Alien – O Oitavo Passageiro” e “Gladiador”, a história de um policial caçador de androides ganhou vida e criou tendências que seriam vistas em várias outras produções do gênero, por muitos e muitos anos.
Hoje, quem assiste “Blade Runner – O Caçador de Androides” pode ficar entediado e até mesmo achar a história repetitiva e sem graça, mas em sua época, era tudo novidade; ainda que a produção tenha sido duramente criticada em seu lançamento. Os elementos técnicos, como a trilha sonora, a fotografia e os efeitos eram inéditos.Dilemas sobre inteligência artificial e a relação entre seres humanos e máquinas, apresentada na trama, ainda se fazem presentes hoje, colocando a obra numa posição de vanguarda. Além disso, Harisson Ford no papel de Rick Deckard marcou uma geração inteira.
Agora, ele está de volta na sequência “Blade Runner 2049”.Sob a direção de Denis Villeneuve, um dos diretores mais talentosos da nossa década, e responsável pelos ótimos “Os Suspeitos”, de 2013, “Sicario – Terra de Ninguém”, de 2015, e o indicado ao Oscar “A Chegada”, de 2016, a sequência do clássico futurista tem roteiro assinado por Hampton Fancher e Michael Green, e dá continuidade a trama iniciada lá atrás.
Assista ao trailer do filme
Após 30 anos dos acontecimentos do primeiro filme, o detetive K (Ryan Gosling) descobre durante uma de suas missões um segredo que poderá colocar humanos e replicantes em confronto. Agora, imerso na investigação, ele descobrirá mais coisas do que imagina, sobre si mesmo e sua espécie. Fiel ao ritmo e a estética apresentada em 1982, “Blade Runner 2049” é um exemplo de boa sequência. Expandindo o universo da franquia, o longa apresenta uma trilha sonora impecável que impacta e emociona na medida certa, um desenvolvimento uniforme, questionamentos filosóficos interessantes (porém mais fracos do que os propostos no primeiro filme), e ainda dispõe de uma ótima performance de Ryan Gosling.
Entretanto, a produção peca por ser muito explicativa, subestimando a inteligência do espectador, e, às vezes, arrastada demais, o que definitivamente vai frustrar aqueles que esperam grandes sequências de ação como o trailer sugere. Ainda assim, o filme se encaixa no estilo de trabalho de Denis, que se dedica mais aos meios do que aos fins, entregando um trabalho ímpar de profundidade e qualidade.