Do tabu à moda

Tatuagens se popularizam como arte e expressão corporal

De todas as formas, cores e tamanhos, as tatuagens são cada vez mais procuradas; Saiba como elas surgiram e alguns cuidados que devem ser seguidos quando se deseja registrar

Reprodução

As tendências artísticas influenciam todo o mundo de maneiras diferentes. A moda, a música e o teatro são representações de grande força social. Uma das tendências que mais tem crescido nos últimos anos são as tatuagens. Desenhos decorativos que podem ser carregados de expressividade estão cada vez mais presentes na vida de pessoas de todas as classes sociais.

A faixa etária média das pessoas que fazem sua primeira tatuagem se estabelece por volta dos 18 anos, quando tendem a expressar sentimentos como o amor, sexualidade, desafetos, individualidade, assim como, identidade grupal. Atualmente, no entanto, uma grande quantidade de adolescentes que desde o início da puberdade tem um apreço muito grande pela forma de arte, já começa a desenhar em seu corpo as primeiras linhas.

Seja para homenagear familiares, ídolos, mostrar sua individualidade ou marcar uma lembrança para sempre, as tatuagens são adoradas de tal maneira que algumas pessoas chegam a desenhar por todo o corpo diferentes características que as representem.

A bacharel em Ciência Contábeis Graziela Carvalho conta que fez a primeira tatuagem por uma questão estética e após o resultado foi fazendo uma e outra e já está na quarta. “Minha primeira tatuagem foi para esconder uma pequena cicatriz na perna. Na época, não sabia muito sobre tatuagens, mas gostei do resultado e mais tarde fui fazendo outras, nada muito grande. Hoje tenho, além desta da perna, uma no pulso, no ombro e na costa”.

Atenção aos detalhes

Antes de escolher qual desenho que enfeitará uma parte do corpo é necessária uma pesquisa atenta aos estúdios de tatuagem. Conhecer pessoas que fizeram pode fornecer informações de credibilidade a respeito da qualidade do local. É saber a situação do local no quesito normas de higiene. O estabelecimento deve ser certificado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e ainda contar com itens obrigatórios, como ambiente esterilizado e uso de materiais descartáveis. As agulhas usadas para tatuagens podem transmitir doenças virais como hepatite B, C e HIV, logo devem ser descartáveis.

Todo o processo de fazer uma tatuagem vai causar vermelhidão e inchaço no local, que varia em cada pessoa, e vai durar aproximadamente 72 horas. Após a tatuagem ser confeccionada, é necessário deixar um curativo no local com uma pomada que contenha o ácido dexpantenol, cuja função é a reconstituição da pele ferida durante o processo. A limpeza do local é essencial e só deve ser realizada com água, sabão neutro ou sabonete. Nunca devem ser utilizados produtos químicos como água oxigenada e álcool.

A remoção

As tatuagens geralmente são feitas em momentos de muita euforia e uma relação pessoal com o desenho que será transcrito para a pele, mas, com o tempo, por meio de experiências adquiridas ao longo dos anos, essas escolhas vão tomando outro lugar na vida de uma pessoa, fazendo com que muitas vezes, essas tatuagens acabem perdendo o seu valor, tanto artístico e estético, quanto ideológico.

Por muitos anos as tatuagens traziam a certeza de que permaneceriam na pele pelo resto de uma vida. O único método que podia ser usado era de pintar outra imagem sobre a anterior, técnica denominada de cover-up. Mas com o avanço das tecnologias voltadas para esse segmento, a remoção de tatuagens também sofreu alterações.

O processo que é mais utilizado atualmente é a remoção a laser que consiste basicamente na utilização de um laser que na intensidade correta é disparado contra uma tatuagem, fazendo com que a tinta com metais pesados seja diminuída em partículas significativamente menores, para que sofram fagocitose, ou seja, sejam comidos pelos glóbulos brancos do sistema linfático.

Mas esse processo não é muito confortável. São no mínimo seis sessões, mas que podem chegar a 10 ou 12 encontros um tanto quanto incômodos com o profissional que fará a remoção. Ardência e queimação são comuns no processo, mas a dor é suportável.

É importante lembrar que é preciso pensar muito antes de decidir qual a tatuagem a ser feita, pois o custo para remoção tende a ser maior do que o preço de ter a tatuagem aplicada. Tudo depende do tamanho, da complexidade do desenho e das cores empregadas.

Velhos e novos olhares

Por muitos anos, a tatuagem trazia consigo o estigma de vagabundagem ou falta do que fazer. Em entrevistas de emprego, encontros de família ou até festas e eventos, as pessoas que tinham tatuagens já sofreram com olhares preconceituosos e comentários inapropriados.

Isso, no entanto, tem mudado com o tempo. A popularização da tatuagem trouxe para a sociedade o sentimento de respeito que vem permitindo dissociar a capacidade profissional de quem tem uma tatuagem à imagem de irresponsabilidade que era associada a ela.

Para o psicólogo Alexandre Dias, a rejeição aos tatuados ainda é uma realidade principalmente em ambientes mais tradicionais. “O preconceito existe. Muitas vezes uma empresa com certos padrões específicos deixa de contratar um candidato pelo tamanho ou tipo de desenho que ele tem tatuado na pele, não é um consenso geral nos dias de hoje, mas é algo que deve ser suprimido das relações de trabalho. A capacidade e competência de uma pessoa não têm absolutamente nada a ver com qualquer particularidade do seu estilo. A forma de expressão, seja no corte de cabelo, piercings ou tatuagens, representa apenas a particularidade de cada pessoa em sua relação com o mundo e vários profissionais são altamente competentes como podemos ver por aí”.

Da criação à popularização

O registro mais antigo de uma tatuagem foi descoberto em 1991 no cadáver congelado de um homem da Idade do Cobre. Os restos mortais do homem, que foi apelidado pelos cientistas de “Ötzi”, datam de 3.300 anos antes de Cristo. Em seu corpo foram encontradas diversas linhas na região das costas, tornozelos, punhos, joelhos e pés. Supõe-se que os desenhos tenham sido criados a partir da fricção de carvão em cortes verticais feitos na pele.

Com o desenvolvimento das civilizações, as tatuagens ganharam outros significados. De acordo com o National Geographic, as mulheres que dançavam nos funerais egípcios por volta de 2000 antes de Cristo tinham os mesmos desenhos abstratos de traços e pontos encontrados em múmias do sexo feminino desse período.

Em 1891, o inventor americano Samuel O’Reilly patenteou a primeira máquina elétrica de tatuagem do mundo, deixando para trás as ferramentas tradicionalmente utilizadas no Ocidente. Nos anos seguintes, a tatuagem ficou marcada como uma forma de expressão de grupos de contracultura, marinheiros e veteranos da Segunda Guerra Mundial.

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