Cultura

Grupos de bumba meu boi da Baixada realizam encontro

A festa, que ocorre neste sábado (8), contará com a participação de 12 grupos do sotaque

Um dos destaques deste sotaque é o personagem Cazumbá, uma mistura de homem e bicho que, vestido com uma bata comprida, máscara de madeira e de chocalho na mão, diverte os brincantes e o público.

Um dos destaques deste sotaque é o personagem Cazumbá, uma mistura de homem e bicho que, vestido com uma bata comprida, máscara de madeira e de chocalho na mão, diverte os brincantes e o público.

As matracas e pandeirões vão ecoar pelos quatro cantos da Ilha neste sábado (8), data em que se comemora o aniversário de 405 anos da capital, a partir das 22h, durante o II Encontro de Sotaque da Baixada, que acontece no Ceprama, no bairro da Madre Deus, em frente ao Aterro do Bacanga. A festa contará com a participação dos seguintes batalhões de bumba meu boi: Boi União da Baixada, Novo Boi de Viana, Penalva, Unidos da Baixada, Santa Luzia, Boi Original, Boi Oriente, Brilho de São Francisco, Boi Unidos de Santa Fé, Rosa de Saron, Unidos de São Bento e Linda Joia de Jacaraí de Monção.

O bumba meu boi da Baixada é típico da região da Baixada Ocidental Maranhense, composta pelos municípios de São João Batista, São Bento, Pindaré, Penaval, São Vicente de Ferrér e Viana, sendo também chamado de sotaque de Pindaré. O ritmo de toque leve e suave é extraído das matracas pequenas, além dos pandeirões, tambor onça e chocalhos. É esse ritmo vibrante que o público vai poder apreciar durante a apresentação do Boi Unidos de Santa Fé, um dos grupos mais tradicionais do estado.

Segundo José de Jesus Figueiredo, o popular Zé Olhinho – amo e coordenador do Boi Unidos de Santa Fé – a maioria dos grupos de bumba meu boi da Baixada surgiram a partir da década de quarenta do século XX, quando aconteceu forte imigração do interior do estado para capital. Parte dos integrantes das brincadeiras são oriundos da Baixada. Procedendo de diferentes cidades e povoados, homens e mulheres passaram a se estabelecer em regiões de São Luís, como o Bairro de Fátima, localidade próximo ao centro da capital. “Conterrâneos, como é de costume geral, mudam de cidade, mas não as lembranças e alguns costumes. Deixam a terra, os entes queridos e os objetivos pessoais, mas levam consigo o que viveram, seus costumes, crenças e sua cultura. Assim surgiu o sotaque do bumba meu boi da Baixada em São Luís”, disse o Mestre da cultura popular do Maranhão.

A brincadeira conta, atualmente, com 18 membros que compõem a diretoria do Boi Unidos de Santa Fé, 40 integrantes no cordão, 25 índios, 35 índias, 50 cazumbás, 20 batuqueiros e um atuante grupo de apoio, de aproximadamente 25 pessoas. Referência para o Bairro de Fátima, onde está situado seu Barracão Sede, o Boi Unidos de Santa Fé possui, gravados, oito CDs, um DVD e uma participação em DVD. O Boi tem destacada atuação nas festividades culturais do estado e é muito requisitado para apresentações em arraiais públicos e particulares, levando a beleza de seu espetáculo, onde a batida das matracas e dos pandeirões são fortes e vibrantes, soando com altivez, harmoniosas toadas. A brincadeira também representou o Maranhão nas Olimpíadas de 2016.

Preservando a essência

Segundo o radialista e produtor cultural Juarez Souza, organizador do o II Encontro de Sotaque da Baixada, o objetivo principal do evento é manter vivo o sotaque da Baixada, que um dos mais tradicionais do bumba meu boi do Maranhão e que, ao longo dos anos, vem perdendo a sua essência. “O encontro reunindo estes grupos que representam o sotaque da Baixada surgiu da necessidade de preservamos esta tradição, que com o passar dos anos não está recebendo a valorização devida.E esta é também uma oportunidade das pessoas conhecerem essas brincadeiras que, em sua maioria, são do interior do estado e que realizam apresentações na capital durante o período junino, como por exemplo o Boi Linda Joia de Jacaraí de Monção, que fez somente duas apresentações neste ano aqui na Ilha”, explicou Juarez Souza. O produtor cultural ressaltou ainda que o II Encontro de Sotaque da Baixada é uma forma de registrar que a cultura popular faz parte do calendário cultural da cidade, não só no período junino, mas durante o ano todo.

Características do sotaque da Baixada

Uma das características marcantes dos grupos de bumba meu boi do sotaque da Baixada é a brincadeira embalada por matracas e pandeiros pequenos. Um dos destaques deste sotaque é o personagem Cazumbá, uma mistura de homem e bicho que, vestido com uma bata comprida, máscara de madeira e de chocalho na mão, diverte os brincantes e o público. Outros usam um chapeú de vaqueiro com penas de ema.

Outro detalhe que chama a atenção são os chapéus de rajado, homens que dançam ao redor da brincadeira. Os rajados usam na cabeça chapéu em semicírculo de 40cm de diâmetro, coberto de veludo preto com testeira bordada de canutilhos em chuvisco e decorado com penas de emas nas pontas, atrás fitas com tons policromáticos. Os rajados vestem ainda calça e camisa em cetim e peitoral e saiote decorados com miçangas e canutilhos, com desenhos em motivo floral, arabescos e imagens religiosas. Já os vaqueiros usam chapéu, saiote e peitoral decorados com miçangas, paetês, contas e canutilhos, com desenhos em motivo floral e arabescos. Portam, nas mãos, maracás e ferrão. Vestem calça e camisa em cetim ou seda. A beleza do sotaque da Baixada chama atenção, também, pela forma com que seus personagens se apresentam: contagiante nos arraiais e terreiros da Ilha durante o período junino.

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