Ópera-rock

Banda Fresno se apresenta pela primeira vez em São Luís

Em turnê pelo Brasil, a banda mostra ao público maranhense A sinfonia de tudo que há, último trabalho de estúdio, que conta com a participação de Caetano Veloso

Reprodução

Com 17 anos de estrada e um dos maiores nomes do rock’n’roll da cena contemporânea brasileira, a banda Fresno faz um show pela primeira vez em São Luís. Em turnê pelas principais cidades do país, a Fresno apresenta, hoje, a partir das 21h, no Amsterdam MusicPub, na Lagoa, o seu último álbum de estúdio, A sinfonia de tudo que há. Lançado em outubro do ano passado, o disco foi muito bem recebido pela crítica especializada com elogios. O trabalho descrito pelos integrantes da banda como uma evolução musical é resultado do amadurecimento dos músicos.

O disco, completamente escrito por Lucas Silveira (guitarra e voz), traz o equilíbrio da calma e da fúria em forma de ópera-rock e conta com participação de Caetano Veloso em uma das faixas. A turnê deste trabalho levou Lucas e os parceiros Thiago Guerra (bateria), Gustavo Mantovani (guitarra) e Mario Camelo (teclado) a mais de 10 estados do Brasil.

Para dar uma dimensão maior sobre de que forma foi concebido e produzido o álbum, Lucas Silveira fez uma analogia à travessia de um rio que requer sempre destreza. Ou seja, sua transposição é um misto de momentos de serenidade bucólica que em poucos segundos podem transformar o curso natural das águas em marés cheias e violentas. O disco A sinfonia de tudo o que há reproduz uma jornada em ondas sonoras, onde a calma e a fúria não concorrem entre si, mas dialogam de forma ordenada numa sinfonia com começo, meio e fim.

Em entrevista a O Imparcial, o líder da banda, Lucas Silveira, afirmou que a Fresno fez uso desta analogia para que o público que acompanha o trabalho deles pudesse perceber essa oscilação sonora e cheia de extremos que a banda está propondo neste novo trabalho musical. Segundo Lucas Silveira, isto permitiu que a música feita pela Fresno respirasse, causasse expectativa, que surpreendesse às pessoas que estão acostumadas com um só tipo de som. O músico afirmou ainda que a banda amadureceu, que já passou da fase juvenil e que, assim como os integrantes da Fresno, o público que curte o som deles também envelheceu. “Quem ainda nos vê desta maneira está muito desatualizado. O nosso público cresceu e envelheceu com a gente e continua a nos seguir. E a ordem natural das coisas é que ocorra um amadurecimento. Mas é claro que tem uma turma jovem que está descobrindo o nosso trabalho. O importante é que estamos realizando um trabalho de uma forma que ele possa evoluir junto com a gente”, explicou Lucas Silveira.

A sinfonia de tudo o que há traz onze composições que mostram que a banda está disposta a tentar novas sonoridades, como arranjos grandiosos vindos de uma orquestra. “O disco foi concebido como uma ópera-rock, mas sem necessariamente fazer uso do que classifica uma obra como uma ópera. Mas eu utilizei muito da Jornada do Herói, de Joseph Campbell, para conceber o tom do disco, as quebras de ritmo e narrativa, bem como a aura das músicas. E a orquestra nos ajudou a contar essa história”, disse Lucas. Para este disco, o grupo formado por Lucas Silveira (vocal), Thiago Guerra (bateria), Gustavo Mantovani (guitarra) e Mario Camelo (teclado) decidiu se desprender de qualquer amarra. Expandiu sua percepção para além do que anteriormente poderia ser uma barreira de gêneros. Para o show em São Luís, está sendo oferecida aos fãs da banda uma cota de ingressos Fresno Experience; greet para antes das apresentações, com o qual é possível conhecer os músicos, tirar fotos, pegar autógrafos e ganhar um pôster exclusivo.

Três perguntas para Lucas Silveira

P: Você compôs as onze faixa do álbum. Foi trabalhoso para você pensar neste novo trabalho, que é completamente diferente do anterior?

R: Todo disco é muito trabalhoso fazer. Ele só não dá trabalho se for gravado ao vivo e sem uma mixagem bacana. Começa pela escolha das músicas que ficaram e que vão embora até chegarmos a uma concepção final daquilo que realmente queremos. Dá trabalho porque é feito por todos e isso requer fazer escolhas, tomar posicionamentos, entrar em consenso para que tudo saia na mais perfeita ordem. É um trabalho braçal que vai sendo lapidado ao longo de três meses. É criar algo novo do zero. Dá trabalho, mas é gostoso. É divertido. É gratificante pensar novas músicas, novas ideias.

P: E sobre o show em São Luís?

R: Esta é a primeira vez que a Fresno vem a São Luís. Nos faltou oportunidade antes. Vamos fazer uma apresentação especial onde vamos cantar de tudo um pouco para presentear o nosso público. Vamos cantar músicas de 10, 15 anos, mas vamos mostrar também o que estamos fazendo de atual. Com certeza, será um show muito especial.

P: Fale um pouco sobre a participação de Caetano Veloso na música Hoje sou trovão…

R: Na época em que começamos a produzir este trabalho, estávamos ouvindo muito o último disco de Caetano, chamado Abraçaço, e achávamos massa as músicas. Caetano é uma referência nacional e fizemos uma música que achávamos a cara dele. Então, resolvemos fazer o convite a ele. Um “Não!” a gente já tinha. E enviamos a música para ver se ele aprovava. Ele gostou tanto que aceitou gravar com a gente. Nós não imaginávamos que ele ia aceitar. Foi uma grande surpresa. Apesar de não precisar provar mais nada, Caetano está disposto a trabalhar coisas novas. Cada segundo ocupando uma mesma sala que Caetano é uma experiência antropológica valiosa. Além disso, ter sua voz eternizada numa canção nossa nos dá, além de orgulho, a chance de sermos ouvidos por outros públicos e uma sensação de que a música brasileira é uma coisa só.

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