Dia Nacional do Patrimônio

Preservação do Patrimônio Histórico do estado ainda é um desafio

Cerca de 3.000 imóveis estão tombados pelo patrimônio histórico estadual e 1.400, pelo Iphan; arte desse sítio foi declarada Patrimônio Mundial em 1997

O Museu de Gastronomia está com as obras paradas. Depende de um nova licitatação, pois a empresa que tinha o aval para obra abriu falência.

O Museu de Gastronomia está com as obras paradas. Depende de um nova licitatação, pois a empresa que tinha o aval para obra abriu falência.

Este ano São Luís completa 20 anos, desde que recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Com mais de 4 mil imóveis tombados em uma área que compreende 220 hectares de extensão em São Luís, o Centro Histórico, principal cartão postal de São Luís e roteiro tradicional de quem visita e mora na cidade, merece o olhar mais atento do poder público. No Dia Nacional do Patrimônio, lembramos o título da cidade e como está a preservação do acervo tombado.

Constante alvo de depredação e vandalismo, e com prédios e casarões abandonados, ou mesmo com obras que estão paradas ou caminham a passos lentos, o sítio histórico está incluso no PAC das Cidades Históricas, onde serão requalificados espaços como a Rua Grande, Largo do Carmo, Praça da Deodoro e restaurados prédios como o Museu da Gastronomia, na Rua de Nazaré, por exemplo. Ao todo, são 44 ações previstas, que contemplam igrejas, fortaleza, estação ferroviária, monumentos e imóveis.

Em recente reunião com a presidente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, o Ministério do Turismo declarou que vai ajudar o Iphan a garantir recursos para o PAC. A previsão é que o programa tenha, para este ano, um orçamento da ordem de R$ 250 milhões.

Atualmente, o Brasil tem 20 sítios considerados patrimônios mundiais da humanidade pela Unesco. Criado em 2013, o PAC das Cidades Históricas contempla 44 cidades de 20 estados. O investimento da ordem de R$ 1,6 bilhão é destinado a 425 obras de restauração de edifícios e espaços públicos.

Em São Luís foi destinado um total de R$ 134 milhões, além de recursos oriundos de outros programas federais, para reformas em prédios históricos da capital maranhense e requalificações de logradouros que se arrastam há anos e não têm data definida para serem entregues.

O Museu de Gastronomia, por exemplo, que fica na esquina da Rua de Nazaré com a Rua da Estrela, está com as obras paradas. Tudo depende de um novo processo licitatório, pois a empresa que tinha o aval para obra inicialmente, entrou em falência. A obra foi anunciada em julho pela Prefeitura de São Luís com custo previsto para R$ 837 mil, oriundos do Programa de Turismo do Brasil, do Ministério do Turismo, ainda no governo Lula, e da prefeitura de São Luís. Tentamos entrevista com o Iphan MA, mas até o fechamento desta reportagem não obtivemos resposta das nossas solicitações.

“Poderia ser mais bonito”

Local preferido dos turistas, o Centro Histórico ganha elogios pela beleza, mas reclamações pelo descaso com alguns prédios. A carioca Suelen Cristina Azevedo diz que é a segunda vez que vem à cidade, mas todas as vezes se lamenta do estado da Praia Grande. “A gente vê os cercados e pensa: ‘que bom, novas obras’, mas a gente não vê o resultado disso. Da última vez que vim aqui também estava dessa mesma forma”, diz a turista, se referindo ao prédio que abrigará a Casa do Tambor, na Rua da Estrela, cujas obras foram iniciadas em janeiro de 2012, com previsão de entrega para dezembro de 2015.

Já a moradora Cristina Aparecida de Sousa garante que tudo poderia ser mais bonito se as obras andassem. “Os prédios estão feios, sujos, velhos. Se houvesse uma reforma boa, que realmente acontecesse, tudo ficaria mais bonito na nossa cidade. Poderia ser mais bonito. Mas isso é em todo o lugar, né? As obras começam e não terminam”, lamenta a estudante.

Tombamento

O centro histórico de São Luís foi tombado pelo Iphan em 1974 e reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial, em 1997. Reúne cerca de quatro mil imóveis que, remanescentes dos séculos XVIII e XIX, possuem proteção estadual e federal. A arquitetura histórica de São Luís, por meio do aproveitamento máximo da sombra e da ventilação marítima, prima pela adequação ao clima.

Dia Nacional do Patrimônio Cultural é celebrado em várias cidades do país. Seminários, palestras, oficinas, exposições, rodas de conversa, visitas guiadas e apresentações culturais são algumas das atividades que compõem as programações do Dia Nacional do Patrimônio em diversas cidades do Brasil. Um dos destaques deste ano será o lançamento do emblema do Patrimônio Cultural Brasileiro, que foi escolhido dentre mais de 280 inscritos no concurso realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Destaque

Entre as edificações históricas a serem destacadas do conjunto do Centro Histórico, encontram-se o Palácio dos Leões (sede do governo do estado), o Palácio de La Ravardière (sede da prefeitura), a Catedral de São Luís, o Palácio Episcopal, o Convento do Carmo, o Convento das Mercês, a Casa das Tulhas, as igrejas do Rosário e do Desterro, a Casa das Minas, das Fontes e das Pedras, o Teatro Artur Azevedo e muitos outros. O Brasil tem doze monumentos culturais e naturais na Lista do Patrimônio Mundial (World Heritage), da Unesco. Até 1999, havia 630 bens de 118 países inscritos nessa lista. Desses, 480 são patrimônios culturais, 128, naturais e 22, mistos.

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