Portadores de HIV e Aids lutam por reabastecimento de medicamentos
Mobilização ocorre na manhã desta quarta-feira (9) em todo o Brasil; na capital maranhense, a Praça Deodoro será palco de protestos
Pacientes portadores de HIV e Aids de todo o Brasil irão às ruas na manhã desta quarta-feira (9) para denunciar o descaso por parte do poder público que tem posto em risco a vida de milhares de pessoas soropositivas. O motivo das mobilizações é o déficit na distribuição de antirretrovirais, como o 3 em 1, dolutegravir, ritonavir e AZT que, há pelo menos cinco anos, tem causado preocupação em relação ao estado de saúde de quem depende dos medicamentos – responsabilidade do Governo Federal. Em São Luís, os protestos devem ocorrer na Praça Deodoro, em frente à Biblioteca Pública Benedito Leite, a partir das 8h30.
O representante do nordeste na Articulação Nacional de Luta contra a Aids (ANAIDS), Fernando Cardoso, alerta para os perigos da situação, ressaltando os casos de pacientes que vêm do interior para realizar consultas e que deveriam levar de volta para seus municípios medicamentos referentes a dois meses – intervalo entre uma consulta e outra –, mas que acabam voltando com apenas metade, ou menos, dos antirretrovirais. “Isso está quebrando o tratamento deles. Tivemos um grande aumento de óbitos, a letalidade por aids no estado do Maranhão aumentou mais ainda, e com isso nós estamos perdendo a briga para essa epidemia”, lamenta Fernando.
Trata-se de um problema silencioso, que tem ganhado vez nos últimos anos, principalmente entre mulheres e LGBTs, e que tende a piorar com as falhas no abastecimento, já que pessoas soropositivas, por possuírem baixa imunidade causada pelo vírus, são mais suscetíveis a ser atingidas por doenças como o citomegalovírus, a neurotoxoplasmose, herpes zoster e pneumonia bacteriana, aponta o representante da ANAIDS.
Em São Luís, os pacientes soropositivos possuem acesso aos antirretrovirais através das Unidades de Distribuição de Medicamentos (UDMs), localizados no Serviço de Atendimento Especializado (SAE) do Hospital Presidente Vargas, Centro de Saúde do Bairro de Fátima e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) do Anil e do Lira.
Luta pela distribuição
Fernando Cardoso conta que o movimento é constante e fruto de muita persistência. A ANAIDS tem articulado, ao longo dos anos, todos os movimentos de luta contra a aids do país. Cartas de denúncia também já foram enviadas ao Ministério Público Federal para alertar sobre a situação.
“Mandam uma nota pra gente dizendo que vai acontecer isso, isso e isso, e na hora H não acontece. Não chega o medicamento. São pedidos 3 mi de comprimidos de vários retrovirais, e só chega 1,5 milhões”, denuncia o representante da ANAIDS.