Resistência

Dada a largada para a Semana dos Povos Indígenas

A programação prossegue até o dia 11 de agosto, das 9h às 21h, no Centro de Criatividade Odylo Costa, Filho (Praia Grande)

Na abertura do evento indígenas do Povo Tenetehara subiram ao palco Guilherme Telles para saudar a todos com canto e dança circular tradicional que emocionou o público presente.

Na abertura do evento indígenas do Povo Tenetehara subiram ao palco Guilherme Telles para saudar a todos com canto e dança circular tradicional que emocionou o público presente.

A sétima edição da Semana dos Povos Indígenas foi aberta na manhã desta quarta-feira (9) com a presença de representantes dos 11 povos indígenas do estado. A programação prossegue até o dia 11 de agosto, das 9h às 21h, no Centro de Criatividade Odylo Costa, Filho (Praia Grande), com oficinas, danças e cantos, mesas redondas e exposição apresentando a diversidade do patrimônio material e imaterial da cultura indígena.

Na abertura do evento indígenas do Povo Tenetehara subiram ao palco Guilherme Telles para saudar a todos com canto e dança circular tradicional que emocionou o público presente. “Este canto se chama ‘Ai Kwê Kaa Wara Turu Kwey’, que significa ‘Lá vem a dona floresta’, e sempre cantamos ao iniciar os trabalhos na floresta, alegrando os espíritos e as almas”, explicou Milton Bento de Sousa Guajajara, índio do povo Tenetehara.

Direitos indígenas

Os desafios e perspectivas dos povos indígenas no Brasil foi o tema do debate com a presença do coordenador do projeto Nova Cartografia Social e Política da Amazônia, o antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, e da coordenadora da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sônia Bone Guajajara.

O antropólogo explanou a atual crise política nacional que tem ameaçado as conquistas históricas dos direitos dos povos indígenas, especialmente o direito de propriedade dos territórios, motivado pela disputa de poder das elites econômicas apoiadas pela bancada ruralista no Congresso Federal. “Não devemos ter medo de compreender o que está em jogo. Com a ampliação do domínio da bancada ruralista, os agronegócios estão expandindo suas áreas ameaçando a terras indígenas, que são uma reserva de valor de interesse também das empresas de mineração”, disse Alfredo.

Para ele, a atual situação de massacre dos povos indígenas é uma repetição da situação colonial dos poderes conservadores e autoritários que estão agindo diretamente na quebra dos dispositivos legais do controle das terras indígenas. “Nada é muito transparente hoje, como exemplo, o cancelamento da divulgação da lista suja das empresas que praticam trabalho escravo e que estão invadindo as terras indígenas. O que ocorre atualmente é uma politização da justiça e judicialização da política que converge para a situação autoritária envolvendo os três poderes – legislativo, executivo e judiciário”, alertou.

Outra grande questão levantada pelo antropólogo é a situação dos índios na cidade e a política de reconhecimento de identidade dos indígenas para acesso a direitos e benefícios sociais. A sétima edição da Semana dos Povos Indígenas foi aberta na manhã desta quarta-feira (9) com a presença de representantes dos 11 povos indígenas do estado

Solenidade

O secretário estadual de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves da Conceição, falou da importância do evento como espaço de diálogo e reconhecimento das identidades dos povos indígenas. “Gostaria de saudar especialmente os caciques, conselheiros, mestres indígenas e todos os povos que vivem no meio da mata e ressaltar que a defesa dos direitos indígenas não é apenas um direito destes povos, mas de todos nós no que diz respeito à defesa da natureza. Esta semana é importante para nos fazer aprender o nome dos povos porque quando se aprende a identificar o indígena pelo seu nome, aprendemos a reconhecer sua cultura e reconhece-lo como parte do seu território, construindo cumplicidade, solidariedade e empatia. Precisamos construir novas alianças políticas com os indígenas e o lutar pelo direito de todos nós com a Mãe Terra”, disse Francisco Gonçalves.

Presente também na solenidade, a reitora da Uema Sul, Elizabeth Nunes Fernandes, anunciou os avanços na área da educação dos povos indígenas. “Uma das metas do Governo do Estado é criar, em breve, o curso de interculturalidade indígena na região tocantina em respeito à cultura de todos os povos indígenas do estado”, pontuou Elizabeth.

Para o diretor do Centro de Pesquisa de História e Natural e Arqueologia do Maranhão, Deusdédit Carneiro Filho, a programação tem um valor de afirmação da resistência e integração dos povos indígenas. “Esquecemos a história de dizimação dos povos indígenas, que elaboraram estratégias de resistência para sobreviver, e esse evento retoma a força destes povos que ainda estão lutando pela garantia de direitos”, disse Deusdédit.

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