Alternativa

Conheça os benefícios do escotismo para a educação das crianças

Conheça as propostas construtivas do escotismo, onde seu filho pode aprender valores e princípios que poderão ser levados para a vida

Reprodução

Todo pai e toda mãe já falaram alguma vez na vida aquela famigerada frase: “Aprende enquanto eu estou vivo”. Por mais que os filhos muitas vezes não entendam, acontece que eles só querem o melhor para o futuro dos pequenos. A família é uma grande formadora de caráter e personalidade da criança, bem como a escola. Porém, existem outras formas de desenvolver as capacidades do seu filho além de colocá-lo na escola mais cara ou obrigá-lo a fazer um esporte que ele não gosta. O escotismo é uma delas. A prática pode servir como complemento educacional baseado no método escoteiro de princípios e atividades.

Baseado no método criado em 1907 pelo militar inglês Robert Baden Powell, o escotismo está presente em mais de 220 países e territórios em todo o mundo. A ideia de seu fundador foi promover atividades que pudessem contribuir para formação de um projeto de vida progressivamente em crianças, adolescentes e jovens, estimulando neles suas capacidades físicas, intelectuais e sociais, desenvolvendo-as ao máximo e reforçando, principalmente, a construção do caráter.

O Imparcial conversou com a Presidente da Região Escoteira do Maranhão, Sarah Amaral, para que ela pudesse explicar os benefícios de levar o seu filho para um grupo escoteiro. Ela conta, por experiência pessoal, que o escotismo foi muito importante para a construção da pessoa que ela é hoje. “Eu vivenciei o programa escoteiro completo, desde os 7 anos, e aos 20 anos eu comecei a trabalhar como voluntária. Tudo que eu pratiquei lá contribuiu para a formação do meu caráter, fui incorporando alguns aspectos como responsabilidade e autonomia ao tomar decisões. Isso tudo vai sendo trabalhado e assumido pro resto da vida”.

O que fazem as crianças em um grupo escoteiro?

Segundo Sarah, a criança que entra no movimento escoteiro tem a oportunidade de participar de uma série de atividades ao ar livre, trabalhando em equipe, em contato com a natureza, apreendendo a manusear ferramentas de campismo, entre outras. As atividades se caracterizam como atraentes, progressivas e variáveis. “Queremos estimular com isso que a criança vá a cada sábado, que é quando normalmente das reuniões acontecem, ser recebido com uma aventura nova. São sempre atividades diferentes e surpresas para cada faixa etária”, ressalta Sarah.

As atividades são chamadas de progressivas, por que dentro de um grupo escoteiro, há uma divisão em ramos baseados na faixa etária: dos 7 anos aos 10 anos é quando são chamados de lobinhos, dos 11 aos 14 são os escoteiros, dos 15 aos 17 são os chamados sênior e dos 18 aos 21 anos é quando o programa finaliza são chamados de pioneiros.

A presidente explica que “com os lobinhos trabalhamos aspectos de sociabilidade, como colaboração em equipe, comunicação, cuidado com o meio ambiente. Já com os escoteiros, estimulamos a autonomia, a ter mais responsabilidade. Com o ramo sênior trabalhamos a questão de encarar os desafios e vivenciá-los, já que essa é uma época de muitas cobranças e decisões que afetarão o futuro. Na última etapa do programa trabalhamos com a construção de um projeto de vida, que pode não ser um projeto fixo, mas que o jovem tenha objetivos e de acordo com que vai amadurecendo eles vão se modificando”.

Construindo o caráter

O Escotismo é baseado em um sistema de valores que norteiam todas as atividades. São eles: dignidade, lealdade, igualdade, honestidade, fraternidade, cortesia, respeito à natureza e à vida e pureza de propósitos. Além disso, são oferecidas oportunidades para que os jovens exercitem a liderança, a cooperação, a autonomia e a responsabilidade. “O acompanhamento individual também é um item do método, apesar da gente trabalhar em equipes. O adulto responsável pelo grupo está sempre observando as crianças e os jovens. A gente percebe em pequenas atitudes como eles vão se transformando, na sua preocupação com o outro, no desenvolvimento do raciocínio, e até descobrindo certas aptidões que poderão no futuro contribuir para a formação profissional”, diz Sarah.

Para isso o acompanhamento dos pais é essencial. “Muitos pais só levam o filho sem a preocupação de saber com quem está deixando a crianças”, conta. Estimular o filho, dar apoio faz com que ele se sinta importante fazendo uma atividade como essa, “e quem ganha em qualidade de vida e em convívio são os próprios pais que acabam aprendendo a como lidar com a criança também”, afirma ela.

Educação com cidadania

“A presença do escotismo nas escolas é um grande responsável pela redução da evasão escolar, principalmente em áreas de vulnerabilidade, onde temos o desafio de nos manter presentes”, conta Sarah. Um grupo pode ou não estar associado à uma instituição, como escola ou igreja, mas trabalha de forma autônoma.

O movimento escoteiro possui uma política de proteção infanto juvenil, visando levar grupos escoteiros para regiões de vulnerabilidade social, onde as escolas são precárias e o núcleo familiar é frágil. Para isso, tem buscado parcerias com o governo do estado para fazer com que haja unidades escoteiras no contra turno dentro das escolas. “Em uma das reuniões que tivemos foi exatamente sobre trabalhar uma ou duas horas diárias no horário oposto às aulas, estimulando um sentimento de pertencimento nessas crianças”. Contudo, Sarah explica que nessas áreas é preciso voluntários capacitados pela União dos Escoteiros do Brasil, que estejam motivados a encarar esse desafio. “Infelizmente no brasil a gente ainda não tem essa cultura de ser voluntario”, expõe.

A formação dos adultos voluntários inclui a literatura na qual se baseia o método escoteiro, que reforça alguns aspectos da psicologia, para torna-los aptos a reconhecer fragilidades nas crianças a serem trabalhadas, “buscamos identificar inclusive se a criança já foi vítima de abuso, se possui algum problema cognitivo e outros”, diz Sarah.

Como se tornar escoteiro?

Para colocar seu filho em um grupo escoteiro, basta acessar o site escoteiros.org.br, informando o local onde reside para encontrar a sede mais próxima. As atividades costumam acontecer aos sábados e os participantes precisam ter entre 7 anos e 21 anos. O custo varia de grupo para grupo, mas em geral são cobradas uma taxa anual (os grupos não têm fins lucrativos; o dinheiro é usado para ajudar na manutenção da sede). Alguns grupos oferecem bolsa para quem não tem condição de pagar a taxa.

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