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Caco Ciocler exalta tom humanista de “Novo Mundo”

O caráter aventureiro e histórico da atual novela das seis foi o que chamou a atenção de Ciocler

Reprodução

A maturidade modificou radicalmente o jeito com que Caco Ciocler encara a profissão de ator. Se antes ele corria atrás de qualquer oportunidade na ânsia por ganhar repertório, agora ele seleciona com critério os convites que surgem para o cinema, teatro e tevê. “Quando a gente é novo, morre de medo de não ser chamado para nenhum teste e vai fazendo de tudo um pouco. Fiz muitas coisas ruins, mas coisas boas me trouxeram até onde estou hoje”, acredita o intérprete do médico Peter de “Novo Mundo”. O caráter aventureiro e histórico da atual novela das seis, inclusive, foi o que chamou a atenção de Ciocler. “Eu li a sinopse e fiquei muito encantado. Além disso, a entrega com que autores, diretores e toda a equipe mostraram com o projeto foi muito empolgante”, ressalta.

Natural de São Paulo, Ciocler largou o curso de Engenharia Química para fazer Artes Cênicas e ganhar os palcos e, por companhias de teatro paulistanas. Foi a partir do burburinho em torno de seu desempenho no teatro, inclusive, que ele estreou na tevê. Após ser visto pelo diretor Luiz Fernando Carvalho no espetáculo “Píramo e Tisbe”, de Vladimir Capella, Ciocler ganhou um papel importante em “O Rei do Gado”, de 1996. A carreira televisiva, no entanto, só ganharia mais destaque a partir dos anos 2000, quando participou de sucessos como “A Muralha”, “América” e “Duas Caras”. “Aproveitava a visibilidade da televisão para conseguir trabalhos no teatro e no cinema. O tempo foi passando e comecei a realmente me apaixonar pelo ritmo dos estúdios de tevê. Foi um processo de amadurecimento mesmo”, avalia.

1. “Novo Mundo” é uma trama histórica e aventureira que exige personagens com mais composição. Do ponto de vista do ator, recorrer a tantos apetrechos facilita ou dificulta o trabalho?

Acho que depende muito. A composição não pode ser vazia. De nada adianta maquiagem e figurinos rebuscados se o ator não preparou um bom estofo para o papel. A composição dá mais possibilidades de atuação, pois é mais fácil embarcar no “faz de conta” do que em algo que próximo do meu cotidiano. Em compensação, é preciso que tudo seja bem equilibrado para não ficar fora do tom. O Peter tem um pouco de composição, mas não é algo tão complexo.

2. O visual cabeludo e barbudo não o incomoda?

Um pouco. Mas assim que me convidaram para a trama eu imediatamente deixei de aparar barba e cabelo. A principal entrega de qualquer ator a um personagem é a visual. Quando sei que vou fazer um trabalho de época, já vou procurando ficar com a aparência bem natural para que as modificações possam ser feitas quando a produção começar a ganhar forma. Já fiquei com essa aparência antes, na época em que fiz (a minissérie) “A Cura” (2011).

3. Você viveu um médico em “A Cura” e voltou a esse tipo de personagem em “Novo Mundo” e na recente “Unidade Básica”, série do canal pago Universal. O que você acha do retrato que a ficção faz desses profissionais?

Acho que depende muito da “pegada” de cada produção. Em “A Cura”, o Luiz Camilo era médico divido entre o ceticismo e os milagres em uma cidade do interior. Na atual novela das seis, o cotidiano do médico é mostrado de uma forma muito rudimentar. O Peter chega e encontra um país sem qualquer saneamento básico. Ele fica muito chocado com a situação e começa a fazer um trabalho extremamente humanista. Já “Unidade Básica” pega pesado (risos). Acredito que uma pequena parte do serviço público de saúde funcione bem, mas o que a gente vê em grande parte das situações é o caos absoluto. São três visões bem críveis e coerente com a época e os lugares que se passam as histórias.

4. Você conseguiu reaproveitar inspirações e referências médicas dos outros papéis para “Novo Mundo”?

São tipos muitos diferentes. É claro que passar por essas experiências profissionais já me dá uma base, mas são personagens de caminhos distintos. Acho que o Peter me exige um mergulho mais profundo não apenas nos procedimentos que ele encara em cena, mas nas leituras históricas e em como a figura de um médico se encaixa no contexto do Brasil às vésperas da Independência. Antes eu achava que fazer novela era fácil, mas esse tipo de trabalho me mostra que não.

5. Em qual momento você começou a levar as novelas mais a sério?

Acho que a idade foi chegando e fui me encontrando nos personagens de novelas. Quando eu era mais novo, ficava muito difícil me sentir atraído pela ideia de ficar quase um ano preso a um trabalho. Mas acho que o modo como a Globo produz as tramas se modificou também. O processo todo ficou mais atraente. Ainda tem gente que vai pelo caminho mais fácil. Mas o ator que também busca novas experiências artísticas consegue ser feliz fazendo folhetins.

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