São Luís, que no século XVIII viveu a fase de ouro da economia maranhense e ficou conhecida pela alcunha de Atenas Brasileira por conta do grande número de escritores locais que exerceram papel importante nos movimentos literários brasileiros a partir do romantismo, continua a ser um celeiro de novos talentos para literatura. Passados mais de quatrocentos anos, a cidade, que contribuiu com a imagem do Maranhão como o estado e que fala o melhor português do país, tem muito a que comemorar. A Academia Ludovicense de Letras (ALL), que foi fundada no dia 10 de agosto de 2013, data de aniversário de Gonçalves Dias, inicia hoje (9) a primeira semana de celebração dos seus quatro anos de existência com uma vasta programação cultural.

Escritores, artistas e amantes das letras reúnem-se a partir das 19h para brindar as conquistas ao longo desses quatro anos. Para marcar a data, a escritora Ceres Costa Fernandes, imortal da Academia Maranhense de Letras e da Academia Ludovicence de Letras, fará uma conferência sobre a importância dos encontros das academias para a cultura do estado que acontecerá na Associação Maranhense de Escritores Independentes, no São Luís Shopping, no Jaracati. O público terá a oportunidade de apreciar as exposições Matiz Vianense, de Susana Pinheiro , especialista em História da Arte e França Equinocial de Antônio José Noberto Silva.

Segundo a presidente da Academia Ludovicence de Letras, Dilercy Aragão Adler, que é ocupante da Cadeira nº 1 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM, a escolha do dia da fundação da instituição não foi escolhida por acaso. Apesar de ter sido pensada por muitos intelectuais da cidade, só se concretizou a partir de um projeto proposto por ela a vários intelectuais , intitulado Mil Poemas para Gonçalves Dias. “Essa ideia da elaboração do projeto veio quando eu participei de uma experiência similar, o primeiro dessa modalidade, no Chile, chamado: Mil Poemas para Pablo Neruda.

Assim, a inspiração nasceu do trabalho do Chileno Alfred Asís, que sugeriu, inclusive, que fosse elaborado um similar no Brasil, que homenageasse um poeta nacional. O nome de Gonçalves Dias tomou “corpo definitivo” depois de algumas análises conjunta entre eu e a professora Maria Cícera Nogueira, a concepção se firmou”, explicou Dilercy Adler.

Dilercy Adler ressaltou que assim como no Maranhão, e em outras regiões do Brasil, a ideia proposta foi ampliada, pois, além das poesias, integrou o projeto uma segunda Antologia intitulada Sobre Gonçalves Dias, constituída de artigos e pesquisas sobre a vida de Gonçalves Dias. Ambas envolvendo autores de todas as partes do mundo, de todas as idades e todos os níveis de escolaridade, desde poetas imortais até crianças do ensino fundamental que já se aventurassem a embarcar no mundo das letras, da criação.

A presidente da Academia Ludovicence de Letras, acrescentou ainda que a concretização do projeto previa muitas atividades culturais, além do lançamento das duas antologias. “Foi pensado um grande movimento cultural, até porque, além de São Luís, foram convidadas mais duas cidades para se engajarem, pela importância que têm na história de vida de Gonçalves Dias: Caxias onde o poeta nasceu, em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá, a 14 léguas da Vila de Caxias e Guimarães, aonde o poeta veio a falecer, ou se encantar, como dizem os vimarenses, em 03 de novembro de 1864, no naufrágio do navio Ville de Boulogne, próximo à região do Baixio de Atins, na Baía de Cumã. Outro fator importante foi a inclusão do projeto em homenagem a Gonçalves Dias na programação de comemoração dos 400 anos de fundação de São Luís”, lembrou Dilercy Adler.

Após aprovado o projeto, Dilercy Adler convidou o confrade Leopoldo Gil Dulcio Vaz, ocupante da Cadeira nº 40 do IHGM, para assumir conjuntamente a implementação da Academia Ludovicense de Letras. Outros nomes e várias comissões das três cidades foram acrescidos, de modo a viabilizar grande movimento cultural. Foram envolvidos também parceiros institucionais para a promoção do evento: além do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM, a Federação das Academias de Letras do Maranhão – Falma e a Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão -SCLMA. Daí surgiu uma academia formada só por escritores nascidos em São Luís.