Primeiros socorros

A importância de aprender a salvar vidas para o cotidiano

Centenas de pessoas participaram em São Luís de mobilização para capacitação em Suporte Básico de Vida e perceberam que podem ajudar uma pessoa com ação simples e eficaz. No Brasil, 300.000 paradas cardiorrespiratórias ocorrem todo ano

Pessoas apreendem a fazer reanimação cardiorrespiratória. Foto: Karlos Geromy

Você sabia que a cada 90 segundos uma pessoa sofre parada cardiorrespiratória? E você sabia também que você pode salvar uma pessoa nesse estado com um aprendizado de apenas 10 minutos? Taluana Beatriz Pereira não sabia. Mas agora, depois de ter participado do Dia Nacional da Reanimação Cardiopulmonar e de ter pego várias dicas com os profissionais da medicina, acredita que pode ajudar alguém até que um serviço de emergência chegue para socorrer.

“Eu achei difícil o aprendizado, não pelo método, mas porque é uma responsabilidade muito grande você ter a vida de uma pessoa nas mãos, mas acho que agora sou capaz de ajudar alguém se precisar”, garante a estudante.

O fisioterapeuta Rafael Viegas também aproveitou para ganhar mais essa capacitação. Ele, que já havia feito o curso de primeiros socorros, acredita que conhecimento nunca é demais. “Importante você se capacitar e ver que qualquer pessoa pode ficar apta a ajudar alguém que esteja em perigo”, garante.

Uma das principais causas de morte no mundo é a parada cardíaca, sendo um importante problema de saúde pública. No Brasil, 300.000 paradas cardiorrespiratórias ocorrem todo ano e cerca de 90% das vítimas morrem antes de chegar ao hospital.

A parada cardíaca é um evento súbito e imprevisível. Pode acontecer a qualquer momento, com qualquer pessoa e em qualquer lugar. Grande parte das paradas ocorre fora do ambiente hospitalar, principalmente em residências, podendo acometer familiares e amigos.

Nesses casos, uma reanimação cardiopulmonar imediata pode dobrar, ou mesmo triplicar, as chances da vítima sobreviver. Portanto, quanto mais pessoas souberem a reanimação cardiopulmonar, mais vidas serão salvas.

É por isso que anualmente acontece o Dia Nacional da Reanimação Cardiopulmonar, simultaneamente, em todos os 26 estados e no Distrito Federal, com a parceria de 87 equipes incluindo Ligas Acadêmicas, Centros de Treinamento, Samu e Corpo de Bombeiros. A novidade para este ano será a realização do evento em mais 4 países: México, Paraguai, Bolívia e Portugal.

No Maranhão, as atividades aconteceram nos shoppings da Ilha e Rio Anil (em São Luís) e Imperial Shopping (Imperatriz).
O evento contou com médicos e acadêmicos de Medicina. Os participantes foram treinados pelos monitores e receberam todas as instruções teóricas e práticas sobre o procedimento. Espera-se, ao ensinar a população manobras importantes que salvam vidas, diminuir a mortalidade atual das vítimas de parada cardiorrespiratória.

“A nossa proposta é: salvar uma vida em 10 minutos. As pessoas saem daqui aptas a ajudar a salvar uma vida até que o socorro chegue. Já tivemos caso recente de pessoa que ficou sendo reanimada por 20 minutos e conseguiu ficar ilesa até a hora que o socorro chegou. Então, pode-se sim salvar uma vida. Ainda mais agora que se reduziu a complexidade fazendo apenas a compressão torácica, que é eficaz e simples. A recomendação apenas é que de 2 em 2 minutos a pessoa que esteja fazendo a reanimação seja trocada para evitar o desgaste pela força física”, diz Filipe Amado, o médico colaborador da LIGA e idealizador do evento.

O evento a cada ano que passa vem conseguindo aumentar seu raio de alcance otimizando assim a quantidade de leigos capacitados em Suporte Básico de Vida. Este ano com o acréscimo de mais um local para treinamento, o Shopping da Ilha, foi possível alcançar em São Luís, cerca de 1200 pessoas, o dobro da edição de 2016.

Surgido da aliança de Ligas Acadêmicas de Trauma e Emergência de vários estados, o evento inclui hoje diversas Ligas Acadêmicas da Área da Saúde (Clínica Médica, Emergências Clínicas, Cardiologia, Medicina Intensiva, Neurologia…). Aqui em São Luís cerca de 200 profissionais e voluntários participaram da ação.

Origem maranhense

O Dia Nacional da Reanimação Cardiopulmonar é evento social, gratuito e sem fins lucrativos, inédito no país. E surgiu da necessidade de difusão de conhecimentos em Reanimação Cardiopulmonar (RCP). A ação foi iniciada no Maranhão em 2013, quando a Liga Acadêmica de Trauma e Emergência do Maranhão (LATE-MA) idealizou e realizou em parceria com a Bernardinomed, Centro de Treinamento Internacional da American Heart Association no Maranhão, o I Dia da Reanimação Cardiopulmonar alcançando 600 pessoas.

O sucesso foi tanto que a LATE-MA e Bernardinomed idealizaram a ampliação da mobilização, convocando outras Ligas Acadêmicas de Trauma e Emergência do país, levando o evento para outras cidades.

Em 2014, quatorze Ligas possibilitaram a realização nacional da mobilização em 9 cidades em 4 das 5 regiões do país. Ao final da mobilização, foram capacitadas cerca de 5000 pessoas. De 2013 para cá já são pelo menos 22 mil pessoas alcançadas.

Sobre a liga

Ligas Acadêmicas são formadas por um grupo de alunos com um interesse comum, que se reúnem para realizar atividades práticas e teóricas sobre um determinado tema, supervisionados por um ou mais profissionais da área. São importante instrumento no desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão nas áreas estudadas e estão presentes em várias universidades.

As Ligas também desenvolvem projetos ligados à comunidade, levando diversos conhecimentos de interesse de toda a população, a exemplo do Dia Nacional da Reanimação Cardiopulmonar.

Parada Cardíaca

A parada cardiorrespiratória, popularmente conhecida como parada cardíaca, ocorre quando o bombeamento de sangue pelo coração é interrompido. Dessa forma, o fluxo de sangue para os órgãos cessa de forma súbita e completa. Sem fluxo de sangue para o cérebro, a pessoa perde a consciência. Ou seja, a vítima de parada cardíaca está tecnicamente morta.

Acomete pessoas de qualquer faixa etária, geralmente ativas e saudáveis, com poucos sinais e sintomas de aviso antes da parada. A parada também ocorre em crianças e bebês, principalmente em casas, sob supervisão de cuidadores. No entanto, nessa faixa etária, engasgo, envenenamento e afogamento são importantes causas de parada cardíaca.

Por que você precisa aprender?

  • Grande parte das paradas cardíacas ocorrem foram dos hospitais. Dessas, 84% ocorrem em domicílios! Ou seja, familiares e amigos precisam estar treinados;
  • A cada minuto sem as manobras de Reanimação Cardiopulmonar, a pessoa em parada perde 10% das chances de sobreviver. Não se deve colocar o paciente no carro e levar para o hospital sem realizar a RCP;
  • Cerca de 3 minutos após a parada, neurônios começam a morrer;
  • Sua ajuda nos momentos iniciais é fundamental.
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