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As tentativas para evitar a depredação do Centro Histórico

Campanhas de preservação do patrimônio vem sendo feitas constantemente para evitar depredação da área e passa por esse momento de sensibilização da população

Preservar, proteger, cuidar do patrimônio cultural de uma cidade parece algo tão distante, algo que não precisa fazer parte do cotidiano da população. Mas é um engano pensar assim. Além de cobrar o que o poder público precisa fazer por uma cidade, o cidadão precisa criar a consciência de preservar o que já foi feito para que outros investimentos possam ser feitos em outras áreas. O Centro Histórico de São Luís, principal cartão postal da cidade, passa por esse momento de sensibilização da população.

Em 2015, a campanha “Eu Amo o Centro Histórico”, desenvolvida pela Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Turismo (Setur), da Secretaria Municipal Extraordinária de Projetos Especiais (Sempe) da Subprefeitura do Centro Histórico e da Fundação Municipal do Patrimônio Histórico (Fumph), surgiu com a intenção de despertar o sentimento de moradores e comerciantes da área do Centro Histórico sobre a necessidade de cuidar do patrimônio.

A capital maranhense tem o maior conjunto arquitetônico de origem portuguesa da América Latina. A beleza e a história despertam amor à primeira vista. Sobre a campanha que existe desde 2015, o subprefeito do Centro Histórico, Fábio Henrique Carvalho, diz que “a gente tem uma sensação de pertencimento muito baixa, uma estima muito baixa. Então, a ideia foi de juntar, congregar as forças da sociedade civil e do poder público para que a gente pudesse ter uma outra visão do nosso papel diante da coisa pública”.

Foto: Honório Moreira

Recentemente o poder público municipal, em parceria com o Governo do Estado entregou à população algumas obras de reforma e revitalização de logradouros públicos. O conjunto de serviços contemplou ações de construção, iluminação e paisagismo. Na área da Praia Grande foram recuperadas as praças Nauro Machado, Valdelino Cécio e da Faustina. Na área do Desterro, a Praça do Pescador; e também a Praça da Alegria. Mas o subprefeito se queixa das constantes depredações já nessas obras recém-inauguradas. “As pessoas quebram luminárias, lixeiras, roubam e arrancam plantas, pisam em cima da grama… é algo que é feito constantemente”, aponta Fábio Carvalho.

Na praça da Faustina, pichações dão o ar da graça. Na Praça Nauro Machado, logo após a inauguração, as lâmpadas que ladeavam a escada foram arrancadas, tipo de ação de vandalismo que infelizmente está presente em toda a cidade. Fábio Carvalho ressalta a importância de obras que valorizem espaços público. “São obras que proporcionam vivência com respeito e dignidade”, disse.

Para o comerciante André Viveiros, é preciso respeitar a cidade. E cita como exemplo o correto destino do lixo. “Colocar o lixo no lixo é uma coisa tão básica, mas as pessoas insistem em jogar no chão, mesmo tendo lixeiras próximas. Essa questão da educação é uma coisa cultural mesmo”, aponta.

Ações de vandalismo não se restringem apenas ao lixo, roubos de equipamentos, quebras ou pichações. Recentemente, a placa da estátua de Benedito Leite, da praça que leva o mesmo nome, foi roubada (dia 7 de junho), e recuperada logo em seguida. Para evitar que o patrimônio seja novamente alvo de vândalos, a peça será substituída por uma réplica, de acordo com o presidente da Fundação Municipal do Patrimônio Histórico (FUMPH), Aquiles Andrade. O presidente acrescentou ainda que a placa original será exibida em exposições.
Sobre como cuidar do Centro Histórico, a luta para manter a preservação e as obras que ainda estão por fazer, o subprefeito fala na entrevista ao lado.

Foto: Honório Moreira

Cinco perguntas// Fábio Henrique Carvalho

Que tipo de ação está sendo feita para preservar o Centro Histórico?
Em 2015, lançamos um programa “Eu Amo o Centro Histórico”, que consiste em despertar esse sentimento da população como um todo, a sensação de pertencimento.

Você sabe precisar qual o prejuízo com reposição de lâmpadas e/ou outros equipamentos?
Precisamente não, mas é grande o prejuízo. A reposição é constante, um prejuízo enorme para o erário público, ou seja, a própriapopulaçãoestá pagando por aquilo que já foi feito. O mais triste é que a gente ao invés de avançar para outras áreas, tem que refazer aquilo que já foi feito com pouco tempo, semanas, dias, então as trocas são constantes, são diárias. Ultimamente a gente está percebendo que até as tampas de ferro doserviço público estão sendo furtadas, como tampas da Caema, detelefonia, da Cemar. Não tenho esses números, mas são vultuosos. Quando você começa a juntar uma luminária aqui, uma tampa ali, você vaiobservando o quanto que se torna cansativo e dispendioso para o gestor púbico tomar a frente dessas áreas.

Há uma vigilância satisfatória?
Tem a Companhia de Policiamento Turístico (CPTur) que é a guarda da Polícia Militar que funciona nas áreas de turismo, tem ainda a guarda municipal, mas a gente não tem como estar nesses lugares o tempo todo. Então é muito difícil em cada esquina ter um agente púbico fazendo papel de babá de marmanjo que sai de casa para depredar o patrimônio público.

Qual a solução para a Rua Grande, alvo de constantes reclamações?
A Rua Grande tem um projeto de mais de 30 milhões que contempla Praça Deodoro, Largo do Carmo. O Largo do Carmo vai ser feito agora e a Rua Grande está incluída no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Cidades Históricas, que está parado por um problema de licitação. A situação da Rua Grande está em um patamar que não tem “jeitinho”, não tem comoficar arrumando calçada, porque o problema é muito maior, é estruturante. A Rua Grande não passa por uma obra há 30 anos. Então precisa de fiaçãoelétrica, calçada nova, drenagem piso novo, cabeamento, é uma obra macro no intuito de dar uma nova roupagem e isso está previsto no PAC com a contrapartida do município.

Qual o desafio para cuidar do Centro Histórico?
É trabalhar sem 1 real. A subprefeitura não é ordenadora de despesas, não tem orçamento, não tem estrutura, mas tem o papel de canalizar outras secretarias para o centro da cidade, de ser coordenadora dessa área, e isso é um grande empecilho, porque a gente não tem equipe, não tem estrutura e a gente precisa de um mínimo para o negócio avançar mais.

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