Um grupo de pessoas disposto a oferecer oportunidades efetivas de emprego e renda a internos (as) e egressos (as) do sistema prisional começou, em junho de 2016, algo inédito no Maranhão: a criação da Cooperativa Social do Maranhão (COOSEMA), entidade que objetiva assistir, de maneira digna, não somente pessoas privadas de liberdade e egressos, mas os familiares deles também. Após um ano de concepção, a instituição foi fundada, na sexta-feira (14), a partir das 8h30, no auditório do Centro Administrativo do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), localizado na Rua do Egito, Centro de São Luís (no prédio da antiga Assembleia Legislativa).

A COOSEMA, apesar do pouco tempo de existência, já realizou ações junto as famílias de detentos. Uma delas, por exemplo, foi apoiar a reestruturação da Casa de Apoio “Uma Nova Esperança, Jesus Cristo Liberta”, localizada na Vila Progresso, no bairro Pedrinhas, em São Luís. O local acolhe essas famílias que, em dias de visita no Complexo Penitenciário São Luís, se deslocam de outros estados ou de suas cidades, no interior do Maranhão, para a capital.

“O trabalho da COOSEMA ocorreu juntamente com o grupo “Renascer”, formado por ex-detentos. Nós reunimos pessoas que ajudaram de diversas formas, desde a doação de mobílias, materiais de construção à mão de obra, passando pela pintura, reboco, retelhamento e também mutirões de limpeza da casa” disse um dos fundadores da Cooperativa, André Barreto.

Outra ação promovida pela Cooperativa foi o encontro que ocorreu na Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA), que reuniu advogados, juízes, defensores públicos e mais de 100 egressos do sistema prisional do estado. O encontro teve como tema “O egresso e o mercado de trabalho”.

Desafios

No momento, a COOSEMA não dispõe de sede administrativa e de outros locais distintos para a execução das atividades destinadas aos egressos. Intituladas de Ciclos de Incentivos Progressivos (CIPs), as atividades desenvolvidas passarão por quatro etapas diferentes, daí a necessidade de se obter espaços diferenciados.

“Nosso trabalho de reinserção social voltado aos egressos e internos do sistema prisional acontece em quatro momentos gradativos e sucessivos. Uma equipe multidisciplinar avaliará se o beneficiário estará apto ou não para progredir para o próximo ciclo”, informou André.

A primeira etapa, por exemplo, é de triagem e acolhimento, Com duração de três meses, o recém-chegado passará por entrevistas e visitas domiciliares, palestras informando a proposta da instituição e cursos de valores éticos e morais, empregabilidade e empreendedorismo também serão ofertados.

No ciclo seguinte, que terá duração de quatro meses, o beneficiário terá que retomar os estudos formais. Nessa fase, ele poderá participar de grupos terapêuticos, terá assistência jurídica e quando necessário, passará por tratamento de desintoxicação.

Na terceira etapa, serão oferecidos, durante seis meses, além de outros benefícios, cursos técnicos e profissionalizantes. Aqui os familiares serão convidados a participarem das atividades sociais da cooperativa. No quarto e último ciclo, que tem duração indeterminada, o beneficiado já deve possuir uma geração de renda estruturada, seja por meio da Cooperativa ou do empreendedorismo pessoal.

“O Governo estadual maranhense, prefeitos, órgãos jurisdicionais, as universidades e a sociedade civil em geral podem ser grandes parceiros desse empreendimento social. Temos um excelente projeto, uma equipe competente e precisamos de diversos apoios para a efetivação dessas atividades”, concluiu André Barreto.