'Lei do crime'

PM registra seis casos de punições feitas por “justiceiros”

Os seis casos foram registrados em menos de 45 dias na região metropolitana de São Luís

Em alguns muros da capital maranhense, membros de facções criminosas vêm fazendo ameaças a integrantes das próprias facções ou facções rivais que cometam atos infracionais contra moradores de suas comunidades. Foto: Honório Moreira.

Em alguns muros da capital maranhense, membros de facções criminosas vêm fazendo ameaças. Foto: Honório Moreira.

A busca pela justiça insana de criminosos na capital maranhense não para. Diariamente novos vídeos estão circulando nas redes sociais. Tiros nas mãos, nos pés, nas pernas ou mesmo tendo as mãos cortadas. Tudo isso é sinal de criminosos demarcando que suas áreas em uma região onde roubos não podem acontecer. E os audaciosos que ultrapassarem a “lei do crime” sofreram sérias consequências. Desde o mês de junho deste ano, vários vídeos circulam nas redes sociais em bairros diferentes. Além de muros, demarcados com escrituras de ameaças das respectivas facções.

Em vários bairros da capital e região metropolitana de São Luís é bastante evidente que as facções criminosas coíbem os assaltos nos locais onde atuam, até para ganhar o respeito da comunidade, além de afastar a polícia do local. O ato agora está acontecendo contra membros da própria quadrilha que assaltam, furtam ou matam pessoas de suas áreas. Para puni-los, os chefes dessas quadrilhas atiram nas mãos ou pés de quem não cumpre as regras. Veja cada caso.

Vila Maranhão

Nessa semana, o vídeo que circula aconteceu no bairro Vila Maranhão. Nas imagens, dois homens são punidos após assaltarem na região. Os “Justiceiros” deixam bem claro a área de atuação. O ato bizarro acontece porque a facção já possui atendimento médico com o uso de soro fisiológico para limpar o ferimento feito à bala, com o objetivo de não infeccionar a ferida. As dores parecem ser o que menos importa, ninguém grita ou chora, e parece que eles só querem que a punição seja cumprida de forma correta.

Vila Itamar

No bairro Vila Itamar, três pessoas sofreram as punições. Durante todo o vídeo, os Justiceiros falavam que os punidos estavam sofrendo a represália por não seguir as regras do bairro. Os tiros foram nas pernas.

Santa Clara

Na semana passada, o vídeo que circulou nas redes é de uma quadrilha do bairro Santa Clara, em São Luís. No vídeo, a vítima teve parte da mão decepada a golpes de facão. O delegado Henrique Mesquita, da seccional Leste, afirma que esse foi o primeiro caso ocorrido na Santa Clara, porém a vítima ainda não prestou nenhuma denúncia. “Tanto o autor do crime, como a ‘vítima’, são pessoas incoerentes da lei. Outro motivo que leva a mesma não prestar denúncias certamente é o fato de que essa punição seja maior por parte desses líderes da facção”, disse o delegado.

Coroado

No começo de junho, outro vídeo foi gravado, só que no bairro Coroado, em São Luís. Um homem conhecido como Alexandre “Porca Preta” levou um tiro na mão. Ele não obedeceu às ordens, roubou dentro da comunidade e acabou sendo “devidamente” punido.

São José de Ribamar

O crime dos Justiceiros não estão aplicando as punições somente na capital maranhense. Em São José de Ribamar, região metropolitana de São Luís, também acontece. Recentemente, a Polícia Civil do MA, na DP Especial de São José de Ribamar, apreendeu uma menor de 16 anos após cometer assalto com um comparsa no município. Ao chegar à delegacia foi visto que na mão da garota estaria com alguns pinos ortopédicos. Ela foi interrogada pela polícia e confessou ter sido uma dívida que ela teria com os Justiceiros. “Ela afirmou que havia cometido um assalto em uma área proibida. Porém, ela recusou falar quem cometeu isso com ela, porque, caso ela entregue ou cometa de novo esse roubo, ela será morta. Quando a menor chegou aqui na delegacia, não conseguiu nem sequer assinar devido à deficiência na mão”, disse o delegado Jader Alves.

Parque Jair

Outro vídeo foi registrado no Parque Jair, que também fica na cidade de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís. Segundo o delegado Jader Alves, titular da Delegacia Especial de São José de Ribamar, investigações estão sendo feitas para combater a justiça ilegal desses criminosos. “Em vários bairros da região metropolitana de São Luís é bastante evidente que as facções criminosas coíbam os assaltos nos locais onde atuam, até para ganhar o respeito da comunidade, além de afastar a polícia do local. O ato agora está acontecendo contra membros da própria quadrilha que assaltam, furtam ou matam pessoas de suas áreas. Para puni-los, os chefes dessas quadrilhas atiram nas mãos ou pés de quem não cumpre as regras”, disse o delegado.

Muros

Em alguns muros da capital maranhense, membros de facções criminosas vêm fazendo ameaças a integrantes das próprias facções ou facções rivais que cometam atos infracionais contra moradores de suas comunidades. Paralelo a isso, bandidos ameaçam de morte outros bandidos que assaltarem na sua região. Em suas ameaças, também está proibido o uso de drogas nas vias públicas. Tudo isso pichado à tinta spray e letras em caixa alta nesses muros.

SSP-MA

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) informa que o Departamento de Combate ao Crime Organizado (DCCO) vem investigando, através do Serviço de Inteligência, todas as denúncias relacionadas à atuação de grupos criminosos na Região Metropolitana de São Luís. Confira nota na íntegra.

A Polícia Militar do Maranhão (PMMA), através de operações sigilosas, vem efetuando a prisão de envolvidos nesses crimes. Na última quinta-feira (13), uma ação conjunta nos bairros da Cidade Olímpica, Jardim Tropical e Vila Funil, prendeu vinte e oito pessoas por envolvimento em crimes como tráfico de drogas, homicídios e latrocínios, em bairros como a Cidade Olímpica, Jardim Tropical e Vila Funil.

Além disso, a Polícia Militar ressalta que continua efetuando o policiamento preventivo e ostensivo e repudia atos de violência e intimidação promovidos por facções.

A PM disponibiliza ferramentas para denúncias que garantem o anonimato à população. Além do 190, a comunidade tem à disposição o Disque Denúncia pelos telefones 3223.5800 (Capital), 0300 3135 800 (Demais regiões do estado) e o WhatApp 99224-8660.

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