Oscilações bruscas de humor podem ser sinal de bipolaridade
Também conhecida como doença Maníaco-Depressiva, ela é caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e manias
Em uma hora, está tudo bem. A pessoa dorme tranquilamente, acorda motivada, alimenta-se adequadamente, sorri e leva uma rotina agradável. De repente, tudo muda e parece até que outra pessoa ocupa aquele mesmo corpo. Um quadro constante de oscilação emocional se instala e nem mesmo comer se quer. Não, isso não é charminho ou cena para chamar atenção. Esses são alguns dos sinais de que algo está muito mal na mente e, sem ajuda e acompanhamento, o problema pode se agravar rapidamente. Pode ser que aquela pessoa sofra de transtorno bipolar. O termo tem estado cada vez mais em evidência, dado o nível de estresse das pessoas, de um modo geral, o que as torna mais vulneráveis à impaciência e a sentimentos como a raiva. Essas pessoas, comumente, são chamadas de bipolares. Mas é preciso ter cuidado com a utilização da expressão, uma vez que o transtorno bipolar é uma doença psiquiátrica séria e não deve ser vista como algo que o paciente consegue controlar somente pelo desejo.
A psicóloga Sarah Lopes, do Hapvida Saúde, explica que o transtorno bipolar é tradicionalmente designado como Doença Maníaco-Depressiva, caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e mania. Essas oscilações de humor podem ser muito rápidas e podem ocorrer com muita ou pouca frequência, sendo graves, moderadas ou leves.
Também é preciso estar atento aos sintomas, entre eles, a distração frequente, a redução do sono, a diminuição da capacidade de discernimento, pouco ou nenhum controle do temperamento, compulsão alimentar, uso de bebida alcoólica em excesso, hiperatividade, aumento de energia, fala em excesso, pensamentos acelerados que se atropelam, gastos excessivos, autoestima muito alta, grande envolvimento em atividades, agitação ou irritação extrema.
As causas da bipolaridade ainda não são totalmente definidas. Ao longo dos tempos, várias teorias foram elaboradas pela comunidade científica a fim de tentar explicar essas causas. “Alguns fatores como a carga genética, ou seja, onde há na família caso de bipolaridade, os indivíduos tornam-se mais suscetíveis ao desencadeamento do transtorno. Existem também estudos que afirmam uma diferenciação no córtex cerebral, onde há um déficit na troca de substâncias realizada pelos neurotransmissores”, explica a psicóloga Sarah Lopes.
A maioria das pessoas desconhece que tem a doença e, por isso, convive cronicamente com os sintomas. No Brasil, a doença atinge 4% dos adultos e afeta, principalmente, os jovens que têm de 15 a 25 anos de idade. Os principais fatores de risco são o histórico familiar da doença, estresse intenso, uso e abuso de drogas recreativas e álcool, mudanças de vida e experiências traumáticas.
Cura
O tratamento para transtorno bipolar costuma durar por muito tempo, até mesmo anos. Ele costuma ser feito por diversos especialistas de várias áreas – como psicólogos, psiquiatras e neurologistas. A equipe médica, primeiramente, tenta descobrir quais são os possíveis desencadeadores da alteração de humor. Também podem ser investigados os problemas médicos ou emocionais que influenciam no tratamento.
“O tratamento para a bipolaridade consiste em psicotrópicos específicos e psicoterapia. Porém, não há uma cura definitiva para este transtorno. Entretanto, o indivíduo estando medicado e fazendo o acompanhamento, não terá problemas maiores no convívio com a sua patologia”, ressalta Sara Lopes.
O auxílio
Nesse caminho, o auxílio e, sobretudo, a paciência de amigos e parentes da pessoa que sofre de transtorno bipolar são fundamentais no processo. Sozinho, o paciente tende a se sentir pior nos momentos de baixa, o que se torna um problema muito maior e mais difícil de resolver. Em casos extremos, alguns pacientes já recorreram ao suicídio, que é completamente evitável. Tudo – ou quase tudo – depende de compreensão e amor.
A especialista acrescenta que o indivíduo acometido pela doença deve seguir o tratamento da maneira adequada, o que torna possível conviver tranquilamente com a doença. “A pessoa que desconfiar dos sintomas e for diagnosticada deve procurar a psiquiatria para indicar a medicação específica e a psicologia para acompanhamento e manutenção da sua estabilidade emocional. Se todas as orientações forem seguidas corretamente, o transtorno se torna estável! Não trará problemas maiores”, recomenda a especialista.