Entrevista

O cantor maranhense que saiu dos ônibus para o palco

O cantor Joel Mistokles iniciou sua carreira cantando nos ônibus de São Luís e, há poucas semanas, realizou o sonho de gravar seu primeiro DVD

Joel cantando no ônibus. Foto: Karlos Geromy

O cantor Joel Mistokles completa quatro anos de carreira em 2017 vivendo um novo momento na vida. Após a decisão abandonar o curso de odontologia e partir para demonstrar seu talento musical dentro dos coletivos de São Luís, o jovem agora chegou ao ponto de gravar o DVD “Histórias e Canções” no Teatro Zenira Fiquene, no fim de junho.

Em entrevista a O Imparcial, o cantor, que é estudante do 4º período de medicina, contou sobre sua decisão de abandonar a carreira de odontologia e se dedicar ao que, segundo ele, foi um chamado Divino: a evangelização através da música. Além disso, o Joel também falou sobre sua carreira e as dificuldades encontradas por quem vive de música no Maranhão.

Como surgiu sua paixão pela Música?

Desde os cinco anos de idade eu canto na igreja, mas esse contato mais profundo com a música, mais íntimo – de compor músicas autorais – foi aos 15 anos na minha primeira banda. Foi nesse momento que eu mergulhei na música!

E a decisão de começar a cantar veio como?

Desde a infância eu já tinha relação com a música, cantava em ministério na igreja. Comecei a cantar com banda aos 15/16 anos, eu era violonista e às vezes fazia back e primeira voz em algumas músicas, mas a banda acabou quando chegamos a idade adulta. Ali eu parei com a música e continuei só compondo. Em 2007, uma música minha foi para o filme Ai, que vida!, eu tenho duas músicas nesse filme: a música Ai, que vida e a Sentimento verdadeiro.

Conte um pouco sobre o momento no qual você decidiu abandonar o curso de odontologia e abraçar a carreira musical.

Essa decisão foi há mais ou menos três anos e meio atrás. Eu estava feliz com o curso (confesso que não era o curso que eu queria, porque eu queria Medicina) e, Deus me abençoou no final de 2013 com a gravação de um CD. Simples, voz e violão, que é o que eu tenho até hoje.

Este mesmo irmão me disse uma coisa: “Se você quer um conselho de amigo [E aí não ouvi mais ele falar, ouvi como se fosse Deus falando pra mim mesmo] para o teu curso, para o teu trabalho e vai pregar a Palavra de Deus onde você puder durante o ano de 2014 inteiro e aí, se Deus te abençoar, você vai entender que é para continuar a faculdade e você segue com a música”. Eu deixei a faculdade e, no ônibus indo triste porque o meu filho me pediu comida e eu não tinha nada para dar a ele, eu peguei o violão e cantei uma música dentro do ônibus pela primeira vez. Quando eu passei a catraca, tinha várias pessoas chorando. Desde aquele dia eu comecei a cantar dentro dos ônibus.

O que mais o preocupou quando pensou na possiblidade de viver da música?

No momento, a minha preocupação era a minha família. O que iriam pensar sobre mim. Mas, quando é Deus, a gente sabe que vem obstáculos pela frente. Hoje em dia, a minha família já me apoia.

Quais as maiores dificuldades encontradas ao mostrar seu talento dentro dos ônibus?

Tinha gente que não deixava eu cantar. Teve um cara que uma vez eu cheguei para cantar e perguntei “Eu posso cantar?” alguns passageiros disseram que sim e ele gritou “Não!”. Fechei o zíper do violão e uma mulher disse: “Ei, meu filho, quantos passageiros têm aqui no ônibus?”, eu disse que havia uns 20. Ela perguntou quantos disseram que eu não podia cantar, eu disse que apenas um. Então ela disse: “Cante.”. Eu abri o zíper do violão e, quando olhei para trás, o cara estava atrás de mim dizendo: “Leve ele pra casa, então!”. Imaginei que ele fosse me bater. Há momentos que não me deixam cantar, é difícil cantar e muitas pessoas não estão nem olhando para você.

A música “Eu sou” já tem mais de 20 mil visualizações no YouTube. Você esperava tudo isso?

Não. Depois de um tempo que a gente lança um trabalho, a gente especula, mas, para no começo tudo eu dizer que já imaginava? Não. Eu não esperava tudo isso.

Qual a história dessa música?

Envolve a família da minha esposa. Em outubro de 2013, eu viajei para visitar a família da minha esposa e eu decidi ir a um aniversário de 15 anos e levar, como presente, uma canção. Eu fiquei de 9h às 17h tentando, mas, a música não saía. Eu olhei no papel o que eu já tinha escrito e Deus me mandou reescrever, quando eu reescrevi estava lá “Eu conheço toda a tua história, sempre ouço quando você clama, Sei o que te faz feliz e Sei o que te alegra”. Nessa hora eu olhei para cima e disse: “Deus está errado, como é que eu vou cantar que eu conheço toda a história se eu nem conheço as pessoas que estão aqui? Mas não é para ser de mim a ninguém!”. Com 30 minutos a música estava pronta.

No fim de junho você gravou seu primeiro DVD, como foi ver esse sonho sendo realizado?

Eu planejava fazer um show no dia 24, um show diferente. Teatro é um lugar onde muitas pessoas levam amigos que não são evangélicos e eles vão. O plano era gravar o áudio do show e, um amigo iria capturar imagens. Ficamos pensando “Por que não gravar um DVD?”. Na ótica humana, em três semanas não daria para organizar a gravação do DVD, fizemos o planejamento do que iriámos precisar, eu fui para casa e orei. Entrei em contato com uns amigos novamente e disse: “Deus bateu o martelo, então vamos gravar o DVD”. Em três semanas, de quatro pessoas, passamos para umas 40 pessoas trabalhando diretamente na produção do DVD.

Você sempre fala sobre sonhos e, sem dúvidas, até aqui você já realizou vários, mas quais são que você pretende realizar aqui pra frente?

Existem sonhos que tenho que envolvem a música e sonhos que envolvem a medicina. Um sonho muito grande que tenho que envolve a medicina é realizar projetos sociais para levar serviços de saúde para pessoas que não têm acesso a ele e, além disso, aproveitar para levar uma mensagem boa, perfeita e agradável que é a mensagem sobre Deus. Em relação à música, meu sonho é ver o DVD pronto, porque ele ainda não está pronto e, através da música, poder ir para onde Deus mandar.

Você precisou de muita coragem para decidir mudar drasticamente o rumo que sua vida teria, qual o conselho que você daria a quem está enfrentando uma situação semelhante?

Eu diria que os momentos mais decisivos das nossas vidas são cruciais para definir o rumo dos nossos destinos e, é neste momento que nós temos nas mãos o nosso destino (tão falado por muitos da Filosofia e, em tantas coisas, que é fora do poder tangível do homem, que o homem não consegue guiar isso, mas, é nesses momentos de decisão que você consegue direciona-lo). Se você tem fé: use-a; se você acredita em Deus: fala com Ele. Com certeza Deus tem o caminho melhor!

Confira um dos grandes sucessos de Joel Mistokles, a música Eu sou:

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