Empreendimento continua sem previsão de entrega
O Residencial Janelas Praia do Calhau permanece com as obras paralisadas, e a incorporadora PDG, que está em processo de recuperação judicial, não tem previsão para continuá-las
Considerada umas das principais construtoras e incorporadoras do Brasil, a PDG chegou a São Luís em 2011, ainda motivada pelo boom imobiliário. Embalada, a empresa anunciou a continuação da obra do condomínio Vite, no bairro do Angelim, que vinha já de antigos impasses, e um novo projeto residencial, de padrão mais elevado, no Calhau, o Residencial Janelas Praia do Calhau.
As operações do Vite estavam suspensas desde 2008, devido à crise financeira. O empreendimento foi iniciado pela Abyara para ser entregue em 2011, e passou por outras incorporadoras e construtoras até chegar à PDG. Na ocasião, a empresa renegociou novos prazos com os compradores com a previsão de entrega das primeiras torres para julho de 2012. Após vários problemas e embates, as unidades começaram a ser entregues em 2015 e hoje o empreendimento encontra-se concluído.
Contudo, o Residencial Janelas Praia do Calhau, localizado na Avenida Avicênia, ao lado de um hotel na localidade, parece longe de ser finalizado, já que as obras estão paralisadas. Em visita ao local, não foi encontrada nenhuma movimentação para evolução do empreendimento. A última previsão para entrega das unidades em sites de vendas de imóveis era 2014. Já a resposta da empresa a um registro de reclamação de um consumidor a respeito da paralisação nas obras em 2015, em um site voltado para relações de consumo, foi de previsão de expedição do Habite-se para dezembro de 2016, o mesmo prazo dado para convocação da Assembleia Geral de Instalação (AGI) do condomínio. A Averbação do Habite-se estava prevista para janeiro de 2017. Mas, em resposta à nossa reportagem, a assessoria informou que não tem previsão de entrega do residencial.
No site da incorporadora, onde o cliente pode acompanhar o andamento do empreendimento, o status é “em obras”. As especificações informam 100% dos serviços preliminares concluídos, fundações (97%), estrutura (75%), alvenaria (51%), instalações (15%), revestimentos internos (10%), acabamentos (1%), fachada (1%) e pintura e finalização (1%).
A edificação foi iniciada e, em algumas torres, paredes chegaram a ser levantadas, mas as obras não evoluíram a partir daí.Quem comprou o empreendimento para morar, no entanto, passa pelo desgaste da longa espera. No Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor do Maranhão (Procon/MA), constam 83 reclamações contra a incorporadora em São Luís.
Em nota, a Assessoria de Imprensa da PDG informou que a obra do Residencial Janelas Praia do Calhau está paralisada, e agora a empresa está aguardando o desenrolar do plano de recuperação judicial para definir os rumos do empreendimento, e por isso não pode precisar datas para continuidade das obras ou entrega das unidades habitacionais.
Mercado Financeiro
Ao desembaraçar em São Luís em 2011 com o objetivo de se consolidar em terras maranhenses, a empresa PDG, baseada na sigla ‘Poder de Garantia’, assumiu o Vite Condominium e lançou o Residencial Janelas Praia do Calhau. O primeiro empreendimento, apesar dos atrasos, conseguiu entregar. O segundo acredita-se que tenha sido afetado pelas dificuldades financeiras que a empresa vem enfrentando nos últimos anos.
Em 2013, a agência de classificação de risco Moody’s expôs a situação delicada da empresa. A construtora, que tinha o rating Ba3 com perspectiva negativa, também apresentou um nível alto de risco de disponibilidade de caixa para honrar os pagamentos em 12 a 24 meses. A liquidez disponível para os próximos 24 meses cobria 65% das dívidas a vencer no período e 103% quando considerado o período de 12 meses. O fluxo de caixa da empresa havia ficado negativo em R$ 1,461 bilhão em 2012. As ações tiveram queda de quase 31% em 2013.No entanto, segundo a agência à época, a fraca geração de caixa vinha sendo sustentada pela disponibilidade adequada de projetos sob o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e pelo apoio dos acionistas, que capitalizaram a empresa com R$ 800 milhões no terceiro trimestre de 2012.
Os prognósticos continuaram sombrios nos anos seguintes. Mas, em março de 2017, agência de risco Moody’s anunciou que decidiu retirar os ratings da construtora brasileira PDG Realty, que passou para recuperação judicial. A construtora teve retirada a nota C – a última nota da escala da agência, na categoria de risco alto de inadimplência e baixo interesse.
Segundo a Moody’s, a retirada dos ratings seguiu o pedido de recuperação judicial anunciado pela PDG em 22 de fevereiro de 2017. O pedido foi deferido pela Justiça em 2 de março de 2017 e precisava ser ratificado pelos acionistas da empresa.
A Moody’s rebaixou os ratings da PDG pela última vez em 3 de fevereiro de 2017, quando a companhia deixou de pagar uma amortização extraordinária antecipada da dívida de R$ 250 milhões.