No Nordeste, 87% das mortes violentas entre mulheres, são de negras, de acordo com o Relatório a Situação dos Direitos Humanos das Mulheres Negras do Brasil: violências e violações. Enquanto a mortalidade por homicídio de mulheres não negras (brancas, indígenas e amarelas) caiu 7,4% no período de 2005 a 2015, a mortalidade de mulheres negras teve um aumento de 22% ao longo desses anos dez anos.

Esse é um número que está acima da média nacional de mulheres assassinadas, que é de 4,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Outro dado também traz alerta sobre a vulnerabilidade desse grupo: o índice de negras que já foram vítimas de agressão subiu de 54,8% para 65,3% no período analisado.

Denunciar as violências contra a mulher negra a partir de ferramentas alternativas de comunicação é um dos objetivos da Rede Nacional de Ciberativistas Negras, cujo lançamento em São Luís será hoje, 04 de julho, às 18:30, na Arena Beto Bittencourt do Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, na Praia Grande. A programação faz parte da mobilização nacional Julho das Pretas em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, celebrado no dia 25 deste mês.

Com o tema Comunicação e Mulheres Negras – Por outras narrativas, o evento terá a presença da publicitária baiana Larissa Santiago, negra, ativista do movimento feminista e coordenadora de um dos sites referência neste tipo de comunicação: o Blogueiras Negras. O veículo feminista, colaborativo, tem como objetivo aumentar a visibilidade e protagonismo das produções de mulheres negras com conteúdos sobre experiência e vivências de mulheres negras e afrodescendentes dentro e fora do movimento, opressões sofridas em relação a gênero, raça e classe social.

A Rede Nacional de Ciberativistas em Defesa das Mulheres Negras nasceu em janeiro deste ano a partir de um encontro de ativistas negras de todas as regiões do país, realizado pela Ong Criola, no Rio de Janeiro, como parte do projeto “Mulheres negras fortalecidas na luta contra o racismo e sexismo”, em parceria com Oxfam Brasil.

“A ideia é usar a comunicação protagonizada por mulheres negras para dar visibilidade a casos de violações de direitos humanos para que as autoridades possam aprimorar as políticas públicas de prevenção, atendimento e responsabilização e impedir a continuidade do ciclo de violência”, explica a jornalista Ivana Braga, articuladora estadual da Rede. Também integram o núcleo do Maranhão, as feministas negras Dicy Rocha, cantora, profissional de Marketing, assessora de comunicação, militante do movimento negro e pela infância e a Lílian Avelar, microempresária, jornalista e assessora de comunicação.

O evento pretende mobilizar mais jovens e mulheres negras para conhecer, valorizar e participar de ações de comunicação e da Rede de Ciberativistas. Além do bate-papo, terá programação cultural com discotecagem, pocket show de Dicy Rocha, intervenções artísticas de Lúcia Gato e outras.

O quê: Lançamento da Rede Ciberativistas Negras
Onde: Arena Beto Bitencourt, Centro Histórico (Atrás do Odylo Costa Filho)
Quando: Às 18:30, 04/07/2017 (terça-feira)