Exposição Ancer

A genialidade poética de Cláudio Costa

Exposição Ancer, do artista plástico maranhense Cláudio Costa, está em cartaz no Centro Cultural Vale Maranhão, no Centro Histórico, e pode ser vista até agosto

Foto: Divulgação

Os grandes pensadores e estudiosos do comportamento humano costumam afirmar em seus trabalhos que gênios são incompreendidos porque não suportam estupidez, vulgaridade, ignorância. Ludwig von Mises já dizia que um gênio criativo não pode ser treinado. Não existem escolas para criatividade. Um gênio é precisamente um homem que desafia todas as escolas e regras, que se desvia dos caminhos tradicionais da rotina e abre novos caminhos através de terras inacessíveis antes. Um gênio é sempre um professor, nunca um aluno; ele é sempre feito por si mesmo… E é dentro deste universo de genialidade criativa que encontra-se o artista plástico Cláudio Costa, que traçou as suas próprias rotas poéticas.

Cláudio Costa, que buscou nas artes plásticas desde o ano de 1985 uma forma de se expressar, surpreende mais uma vez quem se depara com as suas obras. Em sua nova exposição, Ancer, que está em cartaz no Centro Cultural Vale Maranhão, no Centro Histórico, as obras estão relacionadas a temas como paisagem, conhecimentos tradicionais, mitologias e ancestralidade. Esta é uma exposição individual que conta com uma seleção de mais de 90 peças.

Em entrevista O Imparcial, o artista, que veio acompanhado por Gabriel Gutierres, diretor do Centro Cultural, revelou que desde o ano de 2000 tem recolhido materiais e impressões nas cidades e nos povoados por onde passou. Além de histórias, conhecimentos e crenças da cultura local, o artista recolheu objetos como lençóis, roupas, restos de embarcações, redes de pesca, folhas, lama, pedaços de pau seco com os quais, através de performances e experimentações, foi construindo o conjunto de obras que agora é exposto integralmente pela primeira vez. “Essa junção de coisas que se transformaram nesta trilogia só descobri o seu verdadeiro sentido após as minhas viagens por rotas náuticas destas localidades com as quais eu mantive contato. Foram elas que me deram o conhecimento necessário para mergulhar nessa ancestralidade que está contida nestas imagens que estão vivas na superfície destes objetos que fazem parte da exposição”, explicou Cláudio Costa.

Claúdio Costa percorreu todo o litoral maranhense e região dos lagos. O artista ressaltou que as suas maiores descobertas aconteciam quando chegava em uma localidade onde ele percebia que não havia indícios de referências culturais contemporâneas. “Me encantava encontrar o homem cru, no melhor sentido da palavra. Pois ali encontrava o sentimento aberto. Havia entendimento rápido… Sem ruídos… E essa materialidade me fascinava, pois continha a história que eu tanto almejava para compor aquilo ao qual eu me propunha no meu trabalho como artista”, acrescentou Cláudio Costa. O artista explicou que a formatação desta concepção deve ser entendida como um outro momento, pois a mesma está em um espaço institucionalizado. Ou seja, é uma outra pegada.

A exposição Ancer está dividida em quatro espaços no Centro Cultural Vale Maranhão, onde o público pode conhecer de perto melhor este novo trabalho de Cláudio Costa. Ele explica que uma das salas tornou-se uma espécie de diário de bordo onde estão expostos desenhos, croquis e peças que contam pouco do desenvolvimento do seu processo criativo. Dentre as obras do artista, o visitante poderá apreciar ainda telas, tecidos, esculturas, além de fotos e filmes.

Cláudio Costa explicou que Ancer foi a palavra que ele conseguiu pensar para dar significação a esse trabalho que na verdade é uma trilogia a qual ele intitulou da seguinte forma: o Bestiário, Arcabouços e Nódoa. Em o Bestiário, o artista faz referência aos mitos que fazem parte do imaginário popular e que se tranformaram em lendas urbanas. “Sempre ouvimos falar que fulano virou porco ou que alguém encontrou uma assombração em pequenas ou grandes cidades onde sempre tem uma história de alguém que vira bicho ou algo parecido. Já Arcabouços, é um vídeo inédito que faz alguns registros destas viagens e que teve a direção de Beto Matuck e trilha sonora de Zeca Baleiro. E, por último, Nódoa é como se fosse uma espécie de alicerce. Apresento como uma espécie de labirinto. São as marcas (nódoas) que vamos colhendo ao longo de nossa vida”, explicou Cláudio Costa.

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