A 3ª guerra mundial está chegando?
O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu com firmeza ao lançamento de novo míssil pela Coreia do Norte, ontem, dia em que os americanos comemoram sua independência
O lançamento de um novo míssil balístico intercontinental pelo regime norte-coreano repercutiu nos Estados Unidos. Coincidência ou não, o novo teste foi feito em uma data importante para os norte-americanos, 4 de julho, dia que é comemorado a independência dos EUA. O presidente Donald Trump usou o Twitter para dizer que era “difícil acreditar que o Japão e a Coreia do Sul vão continuar muito tempo sem fazer nada sobre isso”.
Trump escreveu três mensagens sobre o lançamento, em outra disse que “talvez a China pressione a Coreia do Norte para acabar de uma vez por todas com as ameaças norte-coreanas. Em outra mensagem, referindo-se diretamente ao líder do regime Kim Jong Un, Trump questionou “Esse cara não tem n ada para fazer?”
A agência oficial de notícias da Coreia do Norte divulgou imagens de pessoas reunidas em frente a um grande telão em uma praça na capital Pyongyang para ver o anuncio do lançamento do míssil. Segundo o governo, o lançamento do novo míssil balístico intercontinental foi realizado com sucesso e pela primeira vez percorreu uma trajetória que, segundo os especialistas, poderia alcançar o Alasca, nos Estados Unidos.
Quais seriam os maiores afetados se houver uma guerra
Uma hipotética guerra entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte poderia levar a sérias perdas de civis na Coreia do Sul e no Japão, além de ataques contra bases militares norte-americanas nestes dois países. É o que avaliou o especialista Vasily Kashin, da Escola Superior de Economia de Moscou.
“Em caso de guerra, não há maneira dos EUA prevenirem grandes danos na Coreia do Sul e danos significativos no Japão”, afirmou Kashin ao colunista do site The National Interest, Dave Majumdar. Ainda segundo Kashin, “seria um desastre humanitário e um choque para a economia global”. “Há de 24 a 25 reatores nucleares no sul. O norte possui milhares de mísseis que são difíceis de parar”, emendou.
No mesmo artigo, o diretor do Programa de Não Proliferação para a Ásia no Instituto Middlebury de Estudos Internacionais, Jeffrey Lewis, disse acreditar que o arsenal convencional norte-coreano pode ter a capacidade de superar as defesas antiaéreas dos EUA e seus aliados, sobretudo por possuir “centenas” de mísseis de médio alcance, podendo assim causar danos significativos.
Além disso, um eventual ataque preventivo dos norte-americanos, como aquele visto na Síria, tende a levar Pyongyang a usar as suas armas nucleares, até para compensar o que o artigo chama de “óbvias deficiências em outros aspectos militares”. Não está claro também o tamanho do arsenal norte-coreano, sobretudo o nuclear. “Se você tem uma guerra total, o plano norte-coreano é atingir forças dos EUA através da Coreia do Sul e Japão”, afirmou Lewis.
Diferença em relação ao Iraque
Primeiro, a Coreia do Norte tem um sistema desenvolvido de abrigos antiaéreos subterrâneos, construídos durante o período após a Guerra da Coreia, e não é fácil destrui-lo. Segundo, em caso de ataque contra estados-maiores e vias de comunicação, a Coreia do Norte tem cenários prontos para ações em caso de guerra. Terceiro, a Coreia do Norte obteve a possibilidade de efetuar um golpe preventivo próprio.
Nesse contexto, existem dúvidas de que os EUA possam destruir estados-maiores, vias de comunicação e abrigos de mísseis balísticos e outros objetos importantes, mesmo que o primeiro ataque seja inesperado. Em caso de fracasso de um ponto, todos outros pontos do plano norte-americano se arriscam a fracassar.
Como resultado surge a conclusão que uma vitória fácil dos EUA não terá lugar. Se o conflito na península começar, a guerra será longa e destrutiva. Ela vai destruir economicamente a Coreia do Sul, minará a força do Japão e destruirá todos os resultados dos EUA na região.
Míssil
O míssil percorreu 933km e atingiu 2.800km de altitude. Antes de cair no mar do Japão, voou 39 minutos. O lançamento foi coordenado diretamente pelo líder Kim Jong Un. A TV estatal norte-coreana disse que com o teste bem-sucedido, o país “tornou-se uma potência nuclear imponente com o mais poderoso míssil balístico intercontinental, com capacidade de atingir qualquer parte do planeta.”
Extraoficialmente, fontes dos Estados Unidos e da Rússia, ouvidas por agências de notícias, desqualificaram a informação sobre a potência do míssil lançado. Para eles, o míssil seria de médio e não de longo alcance como Pyongang anunciou. A Casa Branca ainda não se pronunciou oficialmente sobre o teste.
Estado de Tensão constante entre dois países
Nas condições atuais entre Coreia do Norte e EUA, uma abordagem como esta pode significar a preparação de uma operação militar. Segundo uma publicação da The Washington Post, em abril deste ano, a Casa Branca elaborou a expressão especial “kinetic options”, que significa a possibilidade de utilização da força contra a Coreia do Norte.
Aqui surge a questão sobre o cenário de uma possível guerra entre os dois países. Parece que os EUA têm um plano para isso, que pode conter a utilização de vários elementos letais e definitivos.
O primeiro elemento é um ataque com armas hipersônicas de alta precisão contra objetivos de maior importância. Por isso, a expressão kinetic options pode significar, por exemplo, bombas aéreas como a BLU-113, que foi utilizada no Iraque, ou o míssil hipersônico X-51A Waverider. É mais provável que se preveja a utilização de um míssil hipersônico, bem como a realização do programa Prompt Global Strike, que prevê a realização de um ataque contra qualquer ponto em 60 minutos após a decisão correspondente.
O segundo elemento é um ataque aéreo em massa com uso dos caças mais recentes F-22 (pelo menos 4 caças foram deslocados para a Coreia do Sul) e F-35 (baseados no Japão). Se prevê que a defesa antiaérea norte-coreana não possa conter o ataque dos caças e eles eliminem o sistema de comando e os objetivos mais importantes que já foram atacados com armas hipersônicas.
Terceira opção
O terceiro elemento é o desembarque de um contingente de forças terrestres que deverão capturar ou eliminar as autoridades políticas e militares. Depois disso, a guerra deverá acabar. O ponto potencialmente novo desta estratégia é só a utilização de mísseis hipersônicos, no resto a operação contra a Coreia do Norte repete o cenário da campanha militar no Iraque de 2003 que se baseia na supremacia técnica e conta com a desmoralização do exército norte-coreano.
Mas vale a pena perceber que a Coreia do Norte não é o Iraque, e é claro que o nível de resistência à invasão norte-americana será mais alto. Porque na verdade a Coreia do Norte tem capacidade para responder.