São João

Saiba como surgiram 5 dos principais grupos de Bumba Meu Boi do Maranhão

Há décadas eles encantam os arraiais do Maranhão. Hoje O Imparcial conta como nasceram algumas destas manifestações culturais

O São João do Maranhão tem no bumba meu boi a sua principal manifestação cultural. De acordo com estimativas do governo do estado, existem mais de 300 grupos de bumba-boi no Maranhão (sim: mais de 300!). No meio de toda essa galera, há os que se destacam. Alguns bois, aliás, conseguiram tanto destaque que às vezes até parece que fazem parte do São João do Maranhão desde sempre, não é verdade? Boi de Axixá, Boizinho Barrica, Pirilampo, Nina Rodrigues etc. É difícil imaginar um São João sem esses nomes.

E não é para menos: há décadas eles encantam os arraiais do Maranhão. Nos últimos anos, também conseguiram transpor barreiras. Além de apresentações por todo o Brasil, os grupos de bumba meu boi do Maranhão já realizaram espetáculos em diversas partes do mundo. São bois consagrados que hoje arrastam multidões por onde passam. Mas nem sempre foi assim. Antes da consagração, houve muito trabalho. O Imparcial te conta agora como nasceram alguns dos principais bois do Maranhão.

Boi de Morros (41 anos)

O Bumba Meu Boi de Morros foi fruto de um projeto educativo da Escola Normal Monsenhor Bacellar, no município de Morros, idealizado pela professora Maria Marlene Ferreira, em 1976. O Boi recebeu em seu primeiro ano o nome de Alegria dos Estudantes e seu sucesso durou três anos. Preocupada com o fim da brincadeira, seu sogro, conhecido da região por “Zuza”, juntamente com a sua esposa Maria Izabel Muniz Lobato, reiniciaram o grupo no bairro do Butiquim, em Morros. A apresentação que iniciou com cerca de 70 brincantes, hoje comporta um grupo com 160 participantes, se apresentando no Maranhão afora.

Boi de Axixá (58 anos)

O Boi de Axixá foi fundado em 1º de janeiro de 1959, por Francisco Naiva, não por pagamento de promessa, mas por amor à brincadeira, à cultura popular. Segundo Leila Nava, que coordena a brincadeira há 15 anos, no início o Boi de Axixá era composto pelos personagens soldados, caboclos de flecha, índios e campeadores. E as mulheres eram proibidas de brincar. Depois, os índios e soldados saíram e elas foram inseridas, também como índias, sendo assim até a atualidade. Neila Nava conta que este ano a brincadeira tem como tema os 100 anos da cidade de Axixá, que também dá nome ao boi. “Este ano Axixá, terra natal onde o boi foi fundado, comemora seu centenário. E nada mais justo do que prestarmos esta homenagem” revelou, ressaltando que com o tema escolhido foi: “100 anos de amor às cinco letras”.

Nina Rodrigues (27 anos)

Em 1990, motivada pelo sentimento de resgate da cultura local, Concita Braga criou o Boi de Nina Rodrigues. Foi uma atitude corajosa. O município não tinha quase nenhuma tradição em relação a grupos de bumba-boi – quem quisesse contratar, então, nem se fala. Além disso, não havia onde comprar materiais para a confecção das indumentárias. O jeito foi improvisar. As roupas das índias foram feitas com penas de galinhas que eram doadas pela comunidade. Para os adereços: tucum, bambu e olho de boi. “Eu mesma bordava o couro do boi, e como não sabia bordar com canutilhos, eu bordava com paetês”, relembra Concita Braga. No primeiro ano, o Nina Rodrigues saiu com um respeitável número de 40 vaqueiros de fita, 12 índias e oito vaqueiros campeadores. “Tivemos muito trabalho, mas também tive sorte. Nessa época, minha mãe, Madalena Braga, foi eleita prefeita da cidade, então ela conseguiu ajudar o Boi de alguma forma, também na nossa primeira viagem a São Luís, em 1995”, explica Concita. Hoje, o Boi de Nina Rodrigues conta com 150 integrantes e faz, em média, quatro apresentações por dia. Mas Concita faz questão de lembrar: “o trabalho é contínuo e dura o ano inteiro!”.

Boi Pirilampo (22 anos)

Pouca gente sabe, mas o Boi Pirilampo por pouco não foi Quadrilha Pirilampo. Calma, eu explico! Em 1995, dissidentes do Boi de Corda, do bairro da Cohab, decidiram criar seu próprio grupo folclórico. Renato Dionízio, dono e atual presidente do Boi Pirilampo, sugeriu a criação de uma Quadrilha. Mas a ideia não foi bem aceita. Depois de muita conversa, os envolvidos conseguiram chegar a um consenso: criar um Boi. E então nasceu o Boi Pirilampo, que inicialmente recebeu o nome de Boi Vagalume. “O primeiro nome do Boi foi ‘Vagalume’, mas precisaram mudar porque já havia outro grupo com esse nome”, explica J. Garcez, diretor de comunicação do Boi Pirilampo.

Boi Barrica (32 anos)

Com indumentárias feitas à base de buriti, foi fundado no ano de 1985, fruto de um movimento de produtores, músicos e bailarinos do bairro da Madre Deus, liderado por Zé de França Pereira. Assim nasceu o Boizinho Barrica. Conhecido por seu bailado de ritmos, o grupo, que iniciou sua primeira apresentação com cerca de 50 brincantes, em 2017 alegra os arraiais afora com 150 componentes, entre músicos e bailarinos. Em apenas uma apresentação o Boi Barrica homenageia o São João em todos os ângulos. Indo dos cinco sotaques de bumba-meu-boi, passando pelo cacuriá, dança do coco e quadrilha.

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