Idosos

A reciprocidade do amor entre filhos e pais

No Dia Mundial da Violência contra a Pessoa Idosa, mostramos exemplos de algumas famílias que cuidam de seus idosos e fazem questão de devolver o carinho que receberam deles

Família de Benedito e Maria José. Foto: Arquivo Pessoal.

Tal qual uma criança que precisa de muitos cuidados, assim é o idoso. Para um envelhecimento digno e saudável, ter bens materiais pouco importa se o necessário que é ajuda, atenção e carinho estiverem à disposição deles. Muitos com idade avançada estão ali vulneráveis, já passaram por muitas coisas, já foram jovens ativos e atuantes, e agora carecem de cuidados especiais. Neste dia 15, quando o mundo todo se volta para a Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, vamos mostrar histórias positivas de pessoas que dedicam sua vida a cuidar de quem um dia cuidou delas para que sirva de exemplo sobre como tratar a pessoa idosa.

A família de seu Benedito Pinto Neves, 91 anos, e Maria José Diniz Gomes Alves, 89 anos, é grande. São 66 anos de casados que resultaram em 4 filhos, 12 netos e 13 bisnetos. Todos, sem exceção, cercam os dois de cuidados. Ele teve AVC e anda de cadeiras de rodas; ela tem dificuldades de mobilidade. E quem dedica a vida aos dois é a filha mais nova, Maria Vitória Gomes Alves, 59 anos. “São meus amores”, ela diz. Eles moram com Maria Vitória, que não tem filhos e nem marido. É ela que anda com eles para todo canto. “A família toda ajuda, todos dão assistência, há um rodízio para cuidar deles, mas cada um tem sua casa. Aí eu abdiquei de tudo pra ficar tomando de conta deles. Eles são tudo pra mim. Já fico preocupada quando vejo que estão tristes, já penso logo no pior”, diz emocionada.

Maria Vitória comenta que a família não está fazendo nada demais, apenas devolvendo o amor que recebeu deles. “Eles foram excelentes pais. Nos criaram muito bem. Então, chega uma certa idade, com as doenças do tempo, que eles voltam a ser crianças, precisam de assistência 24h, de amor, paciência, de dar comida na boca deles, de dar banho… Então, além de seres humanos, os idosos são muito vulneráveis, devem ser tratados com respeito pelo que viveram. Eu tenho muito orgulho da nossa família ser um exemplo no cuidado com os idosos”, finaliza Vitória.

“Ele é meu filho e meu pai”

A frase, dita de forma emocionada, é de dona Admée Duailibe, 86 anos, quando se refere a Marco Duailibe, o quinto dos 8 filhos que teve e o único que ainda mora com ela.

“Ele é meu anjo da guarda, é tudo pra mim. Meus filhos todos são maravilhosos, mas é ele que mora comigo, é todo amor comigo e eu sou uma felizarda, graças a Deus por ter uma família que me ama e que cuida bem de mim”, garante dona Admée.
Marco Duailibe é quem toma de conta dela, mas não é só isso, ele também cuida de dona Rosa, a Didica, que foi sua babá. Hoje os papéis se inverteram.

Ao falar da mãe, Marco chora, se emociona de tanto amor que sente pela mulher. “Emociono-me porque sou louco pela minha mãe. É linda, é uma lição de vida. Faço tudo por ela, desde a comida, dar remédio, tudo… e ela também é apegada porque quando não estou em casa, me liga de 20 em 20 minutos pra saber como estou, que está com saudades, que me ama…”, diz Marco.

Dona Admée foi colega de colégio de dona Joseth, a mãe de Roberto Elísio, que foi indiciado por torturá-la, e o caso chocou a senhora. “Ela tratou o filho com tanto amor e em troca recebe isso. Eu sou uma felizarda, volto a dizer, por ser bem cuidada. Quem dera todos os idosos pudessem ter a chance de receber carinho e respeito das outras pessoas para envelhecer bem. O idoso vira criança, eu tiro por mim, que preciso de muitos cuidados. E o Marco Aurélio é quem se transformou de meu filho para meu pai”, agradece Dona Admée.

Campanha de conscientização

No início do mês, a Defensoria Pública do Estado (DPE/MA) lançou a campanha “O direito do idoso pede passagem”. Somente de janeiro a março deste ano o Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência contra o Idoso (Ciapvi) da DPE/MA) realizou 510 atendimentos, dentre eles, 329 se referem a casos de violência contra o segmento. Somam-se a esses as quase 600 denúncias registradas, de janeiro a maio, pela Delegacia de Proteção ao Idoso.

Durante todo o mês, a campanha tem como objetivo discutir estratégias de promoção de políticas públicas que oportunizem um envelhecimento digno, saudável e sem violência. As atividades se estendem por todo o mês de junho e culminam com o dia de hoje.

“A violência é real, acontece ao nosso lado e das formas mais elementares, por isso devemos intensificar o despertar da sociedade para a questão do abuso contra os direitos e a dignidade do idoso. O envelhecimento é um fenômeno mundial e no Brasil não é diferente. Assim como cresce o segmento, a violência relacionada aos idosos também cresce a cada dia, ou melhor, aparece, já que os meios para denunciar e as estratégias de conscientização da sociedade têm aumentado”, disse o defensor-geral do Estado, Werther de Moraes Lima Júnior, destacando a importância da campanha.

A campanha conta com a parceria de instituições que integram a rede de proteção ao idoso, como o Femadi, Conselhos Estadual e Municipal dos Direitos do Idoso, Governo do Estado, Tribunal de Justiça e Ministério Público.

Mais idosos do que crianças

Projeções das Nações Unidas (Fundo de Populações) indicam que uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais. O estudo aponta, ainda, que, em 2050, pela primeira vez, haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos.

Em 2012, 810 milhões de pessoas tinham 60 anos ou mais, constituindo 11,5% da população global. Projeta-se que esse número alcance 1 bilhão em menos de dez anos e mais que duplique em 2050, alcançando 2 bilhões de pessoas ou 22% da população global. No Brasil, segundo pesquisa do IBGE, a população idosa totaliza 23,5 milhões de pessoas.

Violência não

O Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa foi instituída em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. O principal objetivo do dia é criar uma consciência mundial, social e política, da existência da violência contra a pessoa idosa, além de, ao mesmo tempo, disseminar a ideia de não aceitá-la como normal.

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