Perigo sobre duas rodas

Maranhão é o quinto em óbitos por acidentes de motocicletas nas estradas

Os dados da Polícia Rodoviária Federal, no entanto, apontam que apesar da posição no ranking, entre 2015 e 2016 houve redução de 5,04% no número de acidentes

Karlos Geromy

No ranking nacional, o Maranhão é o 19º em número de acidentes, com 210, e o 5º em mortos por envolvimento com motocicletas e motonetas (43), segundo informações do Núcleo de Acidentes e Medicina Rodoviária da Polícia Rodoviária Federal. Esses números são referentes aos meses de janeiro a maio deste ano. O Maranhão fica atrás dos estados da Bahia, Pernambuco, Paraná e Minas Gerais. O estado tem uma frota de 808 mil motocicletas e São Luís, mais de 98 mil, representando 25% da frota total de veículos da cidade.

No mundo, os mais de 115 mil adolescentes que morreram em 2015 vítimas de acidente de trânsito, uma média de 315 mortes por dia, representam motociclistas, ciclistas e pedestres entre as principais vítimas na faixa etária dos 10 aos 19 anos.

No Brasil, houve redução da mortalidade em 4,8%, entre os motociclistas. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, que apontam ainda que, em 2015, 38.651 pessoas foram vítimas do trânsito, contra 43.780 óbitos registrados no ano anterior. Entre as causas em que as mortes tiveram redução significativa, estão os acidentes com automóvel e os atropelamentos, com um decréscimo de 23,9% e 21,5%, respectivamente.

No Maranhão, de acordo com informações da PRF, também houve redução nos acidentes envolvendo motocicletas ou motonetas. Nas estradas federais BRs 010, 135, 222, 226, 230, 316 e 402, comparativamente a 2015, o ano de 2016 teve menos acidentes. Foram 1.489 e 1.414, respectivamente. Uma redução de 5,04% no número de acidentes. Nesse período, apenas os acidentes com feridos graves aumentaram de 209 para 249, em compensação, houve queda sensível no número de mortos, de 125 para 97 no mesmo período, uma redução de 22,40%.

Para o policial rodoviário federal José Lauro Gomes de Oliveira Júnior, chefe do Nuram (Núcleo de Acidentes e Medicina Rodoviária), a falta de atenção do condutor, a não obediência às normas de trânsito e o desconhecimento da legislação vigente são os principais fatores contribuintes para os números apresentados pela PRF, de acordo com monitoramento feito nas estradas sob jurisdição da 18ª SRPRF/MA.

“Para diminuição desses números, vale considerar: o aumento da carga horária de aprendizagem nas autoescolas, bem como utilização dos simuladores, maior rigor por parte dos instrutores no treinamento prático nas ruas. Por parte da PRF, a realização de comandos específicos de Educação para o Trânsito, bem como a intensificação da fiscalização de motocicletas e motonetas”, aponta José Lauro.

Na região metropolitana de São Luís, em 2016, 78 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, por meio de quantitativo diário de crimes violentos e outras mortes. Isso representa um índice 4% maior do que os dados de 2015, que registrou 75 mortes. Em 2014, foram contabilizadas 94 mortes. Do início do mês de junho até dia 21, o relatório da SSP aponta que seis pessoas já foram vitimadas no trânsito por colisão, choque ou atropelamento. Os dados não se referem especificamente a acidentes envolvendo motocicletas.

Quanto à estatística da capital, bem como sobre o atendimento a vítimas de acidentes com motos na rede hospitalar municipal, a reportagem não recebeu retorno da Prefeitura Municipal de São Luís.

QUEDA NAS INTERNAÇÕES

No mesmo período, 2015, as internações em decorrência de acidentes de trânsito também apresentaram queda em todo o país. Foram 1.018 internações a menos em comparação com o ano de 2014. A maior redução foi entre os pedestres, 8.078 internações. Entre motociclistas e ciclistas no trânsito, houve um aumento de 4.061 e 1.669, respectivamente.

Esses acidentes respondem por boa parte das internações hospitalares e pela maioria dos atendimentos de urgência e emergência, que geram altos custos sociais, como cuidados em saúde, perdas materiais e despesas previdenciárias, além de grande sofrimento para as vítimas e seus familiares. Em 2015, ocorreram 158.728 internações por ATT com custo de R$ 242 milhões para o SUS, sendo que mais de 50% das internações e seus cursos envolveram motociclistas.

No Maranhão, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), 70% dos pacientes vítimas de trauma nos hospitais estaduais são provenientes de acidentes de moto; se forem considerados os pacientes vítimas de trauma em idade produtiva – entre 18 e 60 anos –, a média sobe para 90% dos pacientes internados. O governo estadual gasta R$ 50 milhões, em média, para tratamento de vítimas de trauma por moto nas unidades do estado. O maior volume de pacientes envolvidos nestes acidentes apresenta fratura dos membros inferiores, com predominância nos ossos da perna. Para a SES, o crescimento populacional torna proporcional o aumento de vítimas de trauma por moto.

ÁLCOOL E DIREÇÃO

Apesar da diminuição de mortes por acidentes de trânsito, um dado ainda preocupa: o aumento no percentual de brasileiros que combinam álcool e direção. De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, em 2016, 7,3% da população adulta das capitais brasileiras declararam que bebem e dirigem. No ano anterior, o índice foi de apenas 5,5%. Um aumento de 32%, em apenas um ano.

SAIBA MAIS

Em quinze anos, foram registradas em torno de meio milhão de mortes nos diversos tipos de acidentes de trânsito. Em 2010, o sistema do Ministério da Saúde para classificar as causas de óbitos no país contabilizou perto de 41 mil mortes no trânsito, com tendência a superar, já em 2015, o grande vilão da violência letal — os homicídios —, hoje na casa de 50 mil vítimas ao ano.
Desde 2009, os acidentes com motocicletas superaram em vítimas fatais os atropelamentos, passando a ser a principal causa das mortes no trânsito. As fatalidades sobre duas rodas aumentaram 846,5% entre 1996 e 2010. Predominantemente homens (89%), as principais vítimas são jovens (40% dos óbitos estão na faixa etária de 20 a 29 anos).

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