"Fé não nos diferencia"

Homoafetividade e religião lado a lado

O casal Francinalda de Oliveira e Samira Santos deve se casar nos próximos meses no religioso, rompendo barreiras do preconceito

Paulo Malheiros

A cada dia, novas igrejas estão surgindo no cenário da sociedade brasileira. Em São Luís, a Comunidade Cristã Acolher é um exemplo delas. Recentemente fundada, a comunidade é revestida de sua ação missionária, onde inclui os pobres, negros, deficientes físicos e intelectuais, homossexuais, transgêneros, travestis e tantos outros grupos excluídos. Dentro de sua visão institucional, se preocupa com a ausência de espaço organizado e participativo para diversos grupos de minorias, bem como a eliminar a visibilidade de LGBTs, demonizada pelas religiões tidas como “tradicionais”.

Ela é liderada pelo pastor Adailson Cunha, de 41 anos. Para ele, fé e homoafetividade caminham lado a lado. “Fé não nos diferencia. Jesus não fez o sacrifício só pela metade, mas deu sua vida por todos. Independente de sua orientação sexual. A regra de fé é igual pra todos. E temos que acolher e pregar o amor e deixar esse amor fluir entre todos. Pregamos sobre relacionamentos duradouros, felicidade e dentre outras coisas, tudo baseado na Bíblia”, disse o pastor. Nos próximos meses, a comunidade realizará o primeiro casamento religioso homoafetivo na capital maranhense.

Ativas na comunidade, Samira Santos, de 32 anos, e Francinalda de Oliveira, de 33 anos, estão juntas há mais de 11 anos. Segundo elas, o preconceito sempre existiu, mas só o amor das duas foi capaz de romper todas essas barreiras. “Independente da nossa sexualidade, nós temos Deus no nosso coração. Somos um casal como qualquer outro. Mesmo antes da igreja tradicional, eu sempre acreditei em Deus, uma vez que Ele já disse que somos imagem e semelhança Dele. Quando surgiu a igreja inclusiva, foi um alívio pra mim. Eu adoro a Deus sem máscara, sendo realmente quem sou”, disse Samira Santos.

Paulo Malheiros

Sua companheira Francinalda de Oliveira é mãe de um casal. Segundo ela, a pregação de família “tradicional” é meramente ilustrativa, pois, onde há amor, lá há uma família. “Antes do relacionamento com Samira, me envolvi com um amigo, mas apenas porque queria filhos, ele sabia de mim. Somos cristãs, temos filhos e nada mudará isso e muito menos o que sentimos uma pela outra. Somos uma família normal. Nossos filhos nos respeitam e nos amam”, contou Francinalda. Nos próximos meses, o casal irá se casar no religioso.

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