TEMPORADA 2017

Boi de Nina Rodrigues se inspira na Guerra da Balaiada

Batizado do Boi de Nina Rodrigues, hoje, marca a temporada oficial da brincadeira que, neste ano, teve o seu tema inspirado em sua história e na Guerra da Balaiada

Ao longo de sua história o Nina recebeu convites para festivais e apresentações em todo Brasil (Foto: Reprodução)

A beleza do Boi de Nina Rodrigues representada por suas belas índias ganhou um reforço a mais para temporada junina deste ano. A manifestação cultural, que está comemorando seus 27 anos de existência, mostrará, em suas indumentárias na cor vermelha, um tema inspirado em um dos episódios mais marcantes da história do Maranhão: a Guerra da Balaiada. A brincadeira fará um grande cortejo hoje, a partir das 19h, de sua sede à Igreja Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Monte Castelo, onde ocorrerá o batizado.

Com o tema O brilho da balaiada, Concita Braga, idealizadora da brincadeira, explica que o Boi de Nina Rodrigues, em 2017, resgata também as suas tradições e sua história. A produtora cultural lembra que foi em Fortaleza, Manga do Iguará, Vila da Manga, que se transformou, com o passar do tempo, no hoje município de Nina Rodrigues que a história do boi está intimamente ligada à história do estado.

Concita Braga lembra que foi em sua terra natal que, em 13 de dezembro de 1838, iniciou-se a Guerra da Balaiada, um dos maiores movimentos revolucionários da época, que foi sufocada pelo Duque de Caxias. “Foi este episódio histórico que nos inspirou para idealizarmos o boi. Isso ocorreu em 1989, quando eu, juntamente com grupos de amigos, familiares e aficionados por festas juninas, criamos o bumba meu boi Brilho da Balaiada, com o intuito de resgatar e preservar a cultura de sua cidade”, contou Concita Braga, quando a sua mãe tornou-se prefeita e ela foi convidada para ser a secretária de Cultura da cidade. “O Boi de Nina Rodrigues é uma orquestra de emoção. É a minha vida. É o que me faz nascer, renascer, criar e recriar. É o que me faz seguir do anoitecer ao levantar pela manhã. É o que me deixa feliz, porque ao longo de todo este tempo o boi se transformou em uma verdadeira família”, disse Concita Braga, tentando definir o que a brincadeira significa para ela.

Em entrevista a O Imparcial, lembrou que o primeiro contato com o bumba meu boi foi em Nina Rodrigues, o que aconteceu aos 11 anos, quando andava pela rua, e observou os senhores dançando com um boi feito de cofo de palha. “Fiquei encantada quando ouvi a força do canto das toadas na voz daqueles homens que cantavam com tanta emoção. Fiquei extasiada também com o som dos chocalhos feitos de cabaça que acompanhavam a brincadeira. Isso me marcou muito”, disse ela.

Para a temporada 2017, o Boi de Nina Rodrigues está homenageando alguns cantadores de bumba-boi de diferentes sotaques em suas apresentações. “Este ano, resolvemos prestar uma homenagem a estes artistas que, por meio de suas composições, deram a sua contribuição para o fortalecimento da cultura do bumba meu boi ao Maranhão, além de presentearmos o público com o nosso repertório autoral de toadas”, acrescentou Concita Braga. Serão homenageados pela brincadeira os grandes mestres, tais como: Coxinho, Chagas da Pindoba, Humberto de Maracanã, Donato do Boi de Axixá, além dos compositores Chiquinho França, Ubiratan Sousa, Daffé e Ruy Maranhão.

Um dos destaques que Concita Braga ressalta também é a volta do cantador Joelson Braga, que no ano passado pensou em parar de cantar na brincadeira e que este ano está de volta às apresentações. “O Joelson é dos maiores artistas que nós temos. Estamos muito felizes com a sua volta. Ele é a cara do Boi de Nina Rodigues”, disse ela.

Pertencente ao sotaque de orquestra, em que o som dos instrumentos de metal dão uma sonoridade mais clássica às toadas, o Boi de Nina Rodrigues apresenta-se este ano com 150 brincantes assim distribuídos: 45 índias, 28 campeadores, 32 vaqueiros de fita, cinco mutucas (crianças), dois miolos (dançam sob o boi), três índias guerreiras, um campeadora principal (amo do boi), um Pai Francisco, uma Mãe Catirina, quatro cantadores, dois tambores-onças, duas zabumbas, dois trompetes, dois trombones, um sax-tenor, dois banjos, um violão, um contrabaixo, quatro ganzás e sete integrantes da produção. Com mais de dez CDs gravados, o Boi de Nina Rodrigues vem mantendo-se como “modelo” para os demais grupos culturais em suas coreografias harmônicas e ritmadas, sendo um dos pioneiros na introdução de novos instrumentos não utilizados até então em bumba-boi de orquestra, sem perder, no entanto, suas raízes e preservando suas características regionais.

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