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Sacrilégio cotidiano completa dez anos

Com elenco estelar e erros de percurso, “Sete Pecados” completa uma década de exibição

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Com passagens pelo SBT e pela extinta Manchete, Walcyr Carrasco foi contratado pela Globo por sua habilidade em escrever tramas de época. Logo em sua estreia na emissora, em 2000, provou seu “poder de fogo” com a elogiada e popular “O Cravo e A Rosa”. Anos mais tarde, elevou a audiência do horário com títulos como “Chocolate com Pimenta”, de 2003, e, sobretudo, “Alma Gêmea”, de 2005. Em alta na emissora, em 2007, Walcyr voltou de férias com a missão de adaptar seu texto e sua “pegada” popular para o horário das sete. Sempre com um pé na literatura, o autor recorreu ao clássico “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, para conceber “Sete Pecados”, trama exibida há exatos 10 anos. “Ou encarava a encomenda de frente ou poderia correr o risco de ser fixado no horário das seis. Foi minha primeira incursão por uma trama contemporânea e para um público mais heterogêneo. Novela das sete precisa ser esquematizada para a família como um todo e tive dificuldade para me conectar com o público jovem”, conta o autor, que recorreu a livros e dicionários que pudessem o aproximar das gírias e situações adolescentes do momento.

Dividida em sete núcleos, onde cada um representava um pecado capital, a trama era centralizada na figura de Beatriz, de Priscila Fantin. Rica e mimada, a jovem está sempre em busca de prazer. Acostumada a ter tudo o que quer, ela se vê contrariada ao conhecer e se apaixonar pelo íntegro Dante, de Reynaldo Gianecchini. Casado com a batalhadora Clarisse, de Giovanna Antonelli, e pai de dois filhos, ele trabalha como taxista e gosta da vida simples que leva.

Desesperada e com o ego ferido, Beatriz recorre ao misticismo para conquistá-lo. A mocinha se deixa levar pelos conselhos do guru exotérico Barão, de Aílton Graça, e acaba se envolvendo com uma sociedade secreta comandada pela ambiciosa Ágatha, vilã interpretada por Claudia Raia. “Para conquistar Dante, Beatriz precisava transformá-lo, levá-lo para outro caminho, de escolhas irresponsáveis. Mas, a cada vez que ela o colocava em uma enrascada, a personagem se humanizava e redescobria suas qualidades esquecidas”, explica Fantin.

Assim como nos trabalhos anteriores do autor, o sobrenatural se fez presente em “Sete Pecados”, tanto no ocultismo da seita de Ágatha, quanto na existência de anjos da guarda que vivem entre humanos, como a divertida Custódia, de Claudia Jimenez. Na terra para cuidar da problemática Beatriz, ela se disfarça de cartomante para chegar perto de sua pupila, a envolve em muitas confusões e ainda acaba se apaixonando pelo “dj” Adriano, de Rodrigo Phavanello.

“Foi maravilhoso voltar a fazer comédia em novelas. A Custódia me aproximou do público infantil”, valoriza Jimenez. Com problemas de audiência desde os primeiros capítulos, Walcyr teve de mexer bastante na trama para poder salvá-la do fiasco. A ideia inicial de sustentar os núcleos com os pecados capitais se mostrou confusa e foi lentamente esvaziada. O ponto mais crítico da reformulação foi a saída de Claudia Raia do elenco. “Muito se especulou na época sobre a motivação da morte da minha personagem antes do previsto. Não tive problemas com a produção. Essas coisas acontecem mesmo em novelas. São obras abertas e o autor é que sabe o que vai acontecer”, despista Raia.

Com 208 capítulos, a novela amenizou as vilanias e investiu em personagens secundários. Entre os destaques da trama, estavam nomes como Paulo Betti, Elizabeth Savalla, Odilon Wagner, Nicette Bruno e Ary Fontoura. Ambientada em São Paulo, “Sete Pecados” começou suas gravações em Bariloche, na Argentina. Sob o comando do diretor Jorge Fernando, a enorme cidade cenográfica de 14 mil m² construída nos Estúdios Globo retratou alguns pontos turísticos da capital paulista. Mas boa parte das sequências foi feita em externas e com o uso de um “camera car”, que auxiliava a equipe nas cenas mais urbanas. “A gente queria mesmo que a novela tivesse a cara de São Paulo, onde tudo acontece de forma muito rápida e todo mundo parece estar com pressa. O trânsito da cidade acabou se tornando um personagem”, relembra Fred Mayrink, integrante da equipe de direção da trama.

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