Dia mundial sem tabaco

Os perigos do cigarro para a saúde e o planeta

No Dia Mundial sem Tabaco, órgãos alertam para os perigos do fumo e as ameaças que a substância gera ao desenvolvimento do planeta

São quatro meses sem fumar. Mas essa não é a primeira tentativa. Já é a terceira. Da primeira e segunda vez, ele ficou três anos sem cigarro, mas teve recaída. E agora, desta vez, ele acredita que vai conseguir viver sem o vício do cigarro. Mauro Enéas Frazão, 54 anos, servidor público, é um dos milhares de brasileiros que tentam largar o fumo. E neste Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para os danos ao desenvolvimento causados pela produção de fumo.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Bem-Estar da Kantar Health mostram que 63% dos brasileiros nunca fumaram na vida. Dentre os que fumaram alguma vez, a notícia também é positiva: 56% já conseguiram suspender o consumo de tabaco e já estão livres do vício. É o que pretende Mauro Enéas Frazão: ficar livre do vício para sempre.

“E ganhar qualidade de vida, não é? A pessoa que fuma, fica sem paladar, perde o sono e o apetite. E eu, nesses quatro meses agora, já percebi esse ganho. Mas as tentações acontecem. Ficar do lado de alguém que está fumando é tentador”, conta ele.

Mauro Enéas começou a fumar aos 17 anos. Entre idas e vindas, já são mais de 37 anos nessa luta. Da última vez que tentou parar, passou a consumir cigarro de menta, mas, por ser, segundo ele, enjoativo, resolveu parar de vez. As consequências da falta de nicotina foram imediatas.

“Tontura e arrelia foram alguns dos sintomas, mas, graças a Deus, a saúde está bem, segundo os últimos exames. Agora, quem fuma sabe qual a consequência que isso traz para a saúde, por isso, aconselho que ninguém experimente, porque é uma droga e só faz mal à saúde, é difícil largar”, adverte.

NO MARANHÃO

O INCA aponta que os casos de câncer de traqueia, brônquio e pulmão atingem 210 homens no estado e 60 na capital; Já as mulheres são 150 no estado e 50 na capital.

MORTES

O Ministério da Saúde (MS) aponta que o tabagismo é responsável por 25% das mortes por angina e infarto do miocárdio, 90% dos casos de câncer no pulmão, 25% das doenças vasculares (entre elas, o Acidente Vascular Cerebral) e 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia). Na fumaça do cigarro há aproximadamente 4.700 substâncias tóxicas diferentes. Essa fumaça prejudica não apenas os fumantes “ativos”, mas também os fumantes de “segunda mão”.

A epidemia global do tabaco mata quase 6 milhões de pessoas por ano, das quais mais de 600 mil são não fumantes, vítimas do fumo passivo. Sem alterações de cenário, estão previstas mais de 8 milhões de mortes por ano a partir de 2030. Mais de 80% dessas mortes evitáveis atingirão pessoas que vivem em países de baixa e média renda.

CONSUMO DE CIGARROS

Mudanças na percepção social e na legislação – como o decreto da Lei Antifumo em 2011, que proibiu o consumo de cigarros em ambientes coletivos e parcialmente fechados – podem ter impactado o consumo de cigarros. Segundo dados do Target Group Index da Kantar Ibope Media, desde 2005 o consumo caiu 35%, com queda mais acentuada a partir de 2011. Em 2015, o índice de consumidores de cigarros atingiu seu menor valor, chegando a 14,2%.

Mesmo assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) almeja diminuir essa taxa ainda mais: a meta é reduzir em 30% o número de fumantes até 2025. Para incentivar que o tabaco seja cada vez menos consumido, todo dia 31 de maio a OMS realiza o Dia Mundial sem Tabaco, que encoraja a realização de um “jejum” de cigarros aos fumantes, mostrando que é possível dar o primeiro passo para uma vida sem cigarro.

Na campanha deste ano, coordenada no Brasil pelo Instituto do Câncer, o tema Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento aborda que, além dos danos à saúde pública, a produção e o consumo de produtos do tabaco geram importantes impactos socioambientais pouco conhecidos pela população, como o uso de lenha para aquecer as estufas que secam as folhas de tabaco que serão utilizadas na fabricação de cigarros, o que leva ao desmatamento e ao desequilíbrio da biodiversidade em tempos de severas mudanças climáticas.

No Brasil, estudo sobre impacto econômico do tabagismo no sistema brasileiro de saúde, revelou que em 2011 foram gastos R$ 23 bilhões com o tratamento de algumas das mais de 50 doenças tabaco-relacionadas.

No Maranhão, a gestão estadual tem qualificado equipes de saúde em vários municípios para lidar diretamente com a prevenção e tratamento dessas doenças.

No ano passado, segundo o Departamento de Atenção a Saúde do Adulto e Idoso (Dasai) da SES, onde funciona a coordenação de Controle de Tabagismo, das 19 regionais de saúde do estado, 15 receberam capacitação para tratamento de fumantes. A SES oferece suporte aos municípios do estado para desenvolvimento de ações de educação em saúde. A Secretaria de Estado da Saúde não informou dados de 2017 até o fechamento desta edição.

O clínico-geral Antônio José Medeiros aponta que o correto é não ceder às tentações do fumo, nem mesmo socialmente, como se fala, mas, caso ocorra, procurar logo um tratamento que iniba o vício. “Porque a grande maioria da causa do câncer de pulmão provém do cigarro. Por isso, parou de fumar é interessante buscar um especialista para verificar como está a saúde e prevenir o mais rápido possível de alguma complicação causada pelo fumo”, afirma o médico.

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