diz José Reinaldo

“Estou incomodado com o partido”

Em entrevista a O Imparcial, o deputado federal José Reinaldo, que ainda está no PSB, afirmou que não existe mais clima para ficar no partido após a votação da reforma trabalhista

Foto: Divulgação

O deputado José Reinaldo pode estar debandando nos próximos dias do PSB, partido no qual ingressou depois de deixar o PFL, convidado pelo então governador de Pernambuco Miguel Arraes. Agora, depois da votação da reforma trabalhista em que o PSB fechou questão contra, ele e mais 13 dos 30 deputados votaram a favor, o clima ficou horrível no partido.

O partido está em crise na Executiva Nacional, entre os dirigentes de Pernambuco. Os deputados sequer foram ouvidos quanto à posição sobre as reformas de Michel Temer, mas sobrou a divisão na Câmara. José Reinaldo ainda não deixou o PSB, mas está animado para ingressar no DEM, hoje presidido no Maranhão pelo seu colega Juscelino Filho. “Como não pretendo ter controle de partido algum, nem tenho mais idade para isso, se for para o DEM, lá tenho muitos amigos desde quando era do PFL”, explicou o deputado.

O senhor já se desfiliou do PSB?
José Reinaldo – Ainda não. Estou no partido há muitos anos, quando entrei a convite de Miguel Arraes. Depois foi com Roberto Campos, com quem tinha excelentes relações pessoais. Mas agora estou me sentindo muito desconfortável.

Por quê?
Olha, o PSB entregou ao presidente Michel Temer quatro propostas que gostaria de ser cumpridas pelo governo e ele atendeu a todas. E depois não sei o que aconteceu. O partido está em crise pela disputa da direção, em Pernambuco e outros estados, isso está interferindo na posição da bancada na Câmara.

Os deputados não foram avisados com antecedência do fechamento de questão sobre a reforma trabalhista?
Eles marcaram uma reunião para segunda-feira da semana passada, um dia que não tem quase ninguém em Brasília. E fecharam questão sem consultar todos nós. Fomos desprestigiados ou mesmo desrespeitados. Por isso, a votação foi 14 a favor, 16 contra.

Há, então, rebelião na bancada?
Nunca vi coisa idêntica. Há sim descontentamento. Hoje (ontem) vamos nos reunir mais tarde para discutir o que fazer. Principalmente, os 14 que votaram pelas reformas, que sem elas o país não conseguirá ficar de pé.

Corre o risco de todos os deputados que apoiam as reformas deixarem o PSB?
Não existe um posicionamento de rebeldia total. Mas, se continuar assim, o partido corre sérios riscos, inclusive de ficar nanico. De minha parte, a permanecer desse jeito, desprestigiado, não fico.

Seja como for, o senhor continuará votando a favor das reformas do governo Temer?
Sim. Se não aprovarmos, o país deixa de produzir e acaba. Há o risco de surgir um aventureiro e capitalizar politicamente, nesse momento difícil, em cima da revolta popular.

Mas a situação pode ficar ainda pior?
Esses políticos que estão fazendo barulho contra as reformas não querem resolver os problemas do Brasil. Querem vê-los mais agravados. Já se percebe que o Brasil está se recuperando. A inflação em queda, taxa de juros também e o desemprego dá sinal de recuperação. Sem as reformas, aí, sim, não haverá jeito.

O senhor é candidato ao Senado?
Estou trabalhando para isso. No próximo sábado, vou reunir com a Famem (Federação dos Municípios do Maranhão) em Tuntum, com o presidente Tema Cunha e lideranças da região. Minha campanha está estruturada. E vou em frente.

Apoiado pelo governador Flávio Dino?
Desejo que seja apoiado por ele. Quem não quer o apoio do governador. Mas só ele saberá dizer se me apoia.

O senhor ainda não falou a respeito com ele, Flávio Dino?
Objetivamente, não. Mas ele sabe que sou candidato. Lembro-me de Cora Coralina que ensinava: “A vida é um aprendizado constante e o professor é o tempo”.

O senhor foi citado na Lava-Jato, é preocupante?
Fui citado como suspeito. Nada provado. Vou enfrentar o que vier e procurar provar que não devo o que afirmaram na delação.

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