Teatro

Espetáculo apresenta angústias e incertezas do ser

Ator Josué Redentor encena de forma profunda a angústia e as incertezas do ser humano em uma narrativa psicológica, permeada entre palavras, gestos, risos e silêncios no Teatro Alcione Nazaré

Reprodução

Caio Fernando Abreu é um escritor que penetra fundo na alma humana, nas contrariedades do ser, nas dificuldades de comunicação, não no que tange às questões linguísticas ou da língua propriamente dita. Na maioria dos seus textos estão presentes o sentimento de angústia e as incertezas do ser humano. E é dessa maneira, profunda e densa, que o escritor se revela em Para uma avenca partindo, espetáculo que será encenado pelo ator Josué Redentor, sexta (26) e sábado (27), às 19h, no Teatro Alcione Nazaré, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, no Centro Histórico de São Luís.

A peça que evidencia uma partida, uma separação e a dimensão que esta pode representar conta a história de um homem triste, pobre e desesperado que ama e não aceita a dor da despedida. Segundo Josué Redentor, é por meio de um discurso sincero que esse homem, que pode ser qualquer um de nós, se expressa por palavras, gestos, risos e silêncios. No entanto, não consegue dizer o que honestamente sente ou sem dizer já o diz. A cada tentativa frustrada de expressar seus sentimentos, vai potencializando sua batalha por este amor, como se ainda fosse possível impedir a partida.

O ator ressalta que isso fica bem claro em todo o texto de Caio Fernando Abreu, e que pode ser comprovado no seguinte trecho: “(…) deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira (…) você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso”, declamou Josué Redentor, explicando que a avenca denota fragilidade, pois a mesma é uma plantinha difícil de crescer, delicada.

O ator acrescentou também que Caio Fernando Abreu no texto trabalha o lado psicológico, interno e confuso do ser que se estabelece ao longo da narrativa. Por que não dizer, existencialista por conta das ações narrativas dos parágrafos sem pontuação, tornando o linear, não linear, e o simétrico, em assimetria, através do rompimento com as regras da língua padrão.

Josué Redentor explicou à reportagem de O Imparcial que o trabalho pode se interpretado como uma apresentação, um ato cênico, uma performance ou até mesmo histórias independentes contadas, girando sempre em torno de um mesmo tema: O Amor, variando entre amor e sexo, amor e morte, amor e abandono, amor e alegria, amor e memória, amor e medo, amor e loucura. Mas se o espectador também quiser, pode ser uma espécie de romance-móbile. Um romance desmontável, onde as peças talvez possam completar-se, esclarecer-se, ampliar-se ou remeter-se de muitas maneiras umas às outras, para formarem uma espécie de todo, aparentemente fragmentado, mas, de algum modo, completo.

A música no espetáculo

A música no espetáculo tem papel fundamental. O pianista russo, radicado no Maranhão, Evgeny Itskovich, cria uma trilha sonora exclusiva para a peça. A sonoridade criada no decorrer da peça, surge na tentativa de diálogo entre o ator Josué Redentor, o músico, espectador e espaço. A música vira um personagem que fala diretamente com o ator em cena e vem para discutir e se integrar com os demais elementos da encenação. O papel do pianista é de respirar junto com Josué e interagir com sonoridades diversas, parecido com o cinema mudo, que explora os sentimentos e o ritmo cênico, criando uma atmosfera dinâmica para cena.

Serviço

O quê? Espetáculo Para Uma Avenca Partindo
Onde? Teatro Alcione Nazaré
Quando? Amanhã (26) e sábado (27) às 19h
Quanto? A produção do evento não informou o valor do ingresso

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