Alguns depoimentos de delatores da Odebrecht e materiais entregues como prova ao Ministério Público Federal contêm erros factuais, contradições e inconsistências, é o que afirma reportagem da Folha de São Paulo deste domingo (7). Entre as delações inconsistentes está a que cita o governador Flávio Dino.

Em relação ao depoimento de José de Carvalho Filho, ex-diretor da empreiteira, a reportagem aponta duas contradições já antes alegadas pelo próprio governador.

O delator contou que, em 2010, quando era deputado federal, Flávio Dino teria atuado em favor da Odebrecht por meio de um projeto de lei. A acusação não se sustenta porque Dino jamais atuou na proposta.

“O repasse teria sido feito em troca da defesa de um projeto de lei sobre o qual o então deputado Dino não emitiu manifestação e que foi arquivado pouco depois”, diz a Folha.

O jornal também destaca outro ponto que não se sustenta: “Na peça contra o governador do Maranhão, Flavio Dino (PC do B), a PGR [Procuradoria Geral da República] apontou doação de R$ 400 mil – o dobro do delatado por José Carvalho”.

A principal força da reportagem é o apontamento de que vários dos políticos citados usarão dessas brechas e contradições para embasar suas defesas perante a Justiça. A Folha inclusive cita um ministro do STF.
“Um ministro do Supremo disse, sob condição de anonimato, que incongruências fragilizam as acusações e que algumas delações terão de ser reanalisadas em órgãos judiciais colegiados. Segundo ele, ‘não se pode provar com probabilidades. Prova tem que ser cabal’”.

Além da citação de Flávio Dino, outras petições que podem ter incongruências e contradições são as que envolvem os governadores do PSDB Marconi Perillo (Goiás) e Geraldo Alckmin (São Paulo).